Em Mato Grosso, o super-processado José Geraldo Riva é só um exemplo
Cena registrada pelas cameras da Rede Globo de Televisão do desembargue
de Riva algemado e conduzido por agentes da Policia
Federal para o cárcere, no Complexo Penitenciário da Papuda, em
Brasilia. A prisão, que aconteceu em 20 de maio de 2014, foi autorizada
pelo ministro Dias Tofolli, do STF, e atendeu a um pedido do Ministério
Público Federal, comandado pelo procurador geral da República, Rodrigo
Janot. (Pagina do Enock)
Da cadeia às urnas: políticos que já foram presos disputam as eleições
Leandro Prazeres, Jorge Estevão e Carlos Madeiro
Do UOL, em São Paulo, Cuiabá e Maceió
Ainda que não haja estatísticas
oficiais sobre o assunto, o eleitor brasileiro terá de lidar, novamente,
com um fenômeno inusitado nestas eleições: candidatos que foram presos
pela polícia e que disputam cargos eletivos neste ano.
Especialistas em direito eleitoral ouvidos pelo UOL afirmam que a brecha na legislação brasileira que permite esse tipo de prática é um “mal necessário” para proteger candidatos contra perseguição política, mas que também beneficia políticos envolvidos em escândalos de corrupção e outros crimes.
Desde a lei da anistia de 1979, que
devolveu direitos políticos a perseguidos e presos políticos durante a
ditadura militar, o eleitor brasileiro tem se acostumado a ver
candidatos que já frequentaram a cadeia disputando as eleições.
Em boa parte dos casos registrados após
o fim do regime militar, as prisões são motivadas por acusações de
envolvimento em esquemas de corrupção ou crimes como agressão ou
assassinato.
Paulo Maluf
O candidato à reeleição como deputado
federal Paulo Maluf (PP-SP) é, talvez, um dos mais famosos entre os que
já foram presos. Em setembro de 2005, Maluf e seu filho, Flávio, foram presos pela Polícia Federal, em São Paulo. Eles eram acusados de formação de quadrilha, corrupção passiva, lavagem de dinheiro e evasão de divisas.
Ex-prefeito de São Paulo, Paulo Maluf foi preso em 2005
Maluf ficou preso por 40 dias e foi
libertado graças a um habeas corpus. Em 2007, ele foi condenado por
autoridades americanas por auxiliar na remessa irregular de dinheiro
público para os Estados Unidos.
Seu nome consta na lista de procurados
pela Interpol. Mesmo com tantos revezes, Paulo Maluf, que foi governador
e prefeito de São Paulo, foi eleito deputado federal em 2010 e busca a
reeleição neste ano.
A reportagem do UOL procurou
o deputado federal, mas sua assessoria de imprensa não respondeu aos
questionamentos feitos até a conclusão deste texto.
José Roberto Arruda
José Roberto Arruda (PR-DF) entrou para
a história como o primeiro governador brasileiro a ir para a cadeia por
corrupção no curso de seu mandato. Arruda foi preso no dia 11 de fevereiro de
2010, acusado de comandar um esquema de pagamento de propina no governo
do Distrito Federal que ficou conhecido como “Mensalão do DEM”.
Arruda ficou preso em uma cela da Superintendência da Polícia Federal do Distrito Federal por quase dois meses. No dia 12 de abril do mesmo ano, uma decisão da Corte Especial do STJ (Superior Tribunal de Justiça) determinou sua libertação.
Manifestante usa
imagem simbolizando um ladrão para protestar contra José Roberto Arruda
(sem partido) em frente à sede da Polícia Federal em Brasília; o
governador do DF teve a prisão preventiva decretada pelo STJ (Superior
Tribunal de Justiça) e se entregou à PF Leia mais Lula Marques/Folha Imagem
Após passar quase quatro anos longe dos
holofotes, Arruda, que já havia renunciado ao seu mandato de senador em
2001 por seu envolvimento no caso da violação do painel de votações do
Senado, voltou à cena e lidera as pesquisas de intenção de voto para o
governo do Distrito Federal.
Na última terça-feira (12), o TRE do Distrito Federal rejeitou o registro de candidatura de Arruda com
base na lei da Ficha Limpa. No mês passado, Arruda viu o Tribunal de
Justiça do Distrito Federal manter uma condenação contra ele por
improbidade administrativa. A defesa do candidato afirmou que irá
recorrer da decisão do TRE para continuar na disputa.
Segundo a assessoria de imprensa do
candidato, a “prisão de Arruda foi resultado de uma armação. Os
documentos dessa armação estão publicados e à disposição da população no
site www.golpede2009.com.br”.
José Riva
Em maio deste ano, o deputado estadual
José Riva (PSD-MT) foi preso pela PF durante a Operação Ararath 5, que
investigava a atuação de um suposto braço político do crime organizado
em Mato Grosso. Riva é tido como um dos responsáveis pela quadrilha. A
estimativa é que o esquema do qual Riva faria parte tenha movimentado em
torno de R$ 500 milhões. Após três dias, Riva foi solto por decisão do ministro Dias Toffoli, do STF.
Riva responde a mais e 100 processos e foi preso em 2014
Apesar de responder a pelo menos 144
ações judiciais (22 penais e 122 ações civis públicas), Riva é
considerado um dos políticos mais influentes de Mato Grosso e, segundo
pesquisa Ibope divulgada na última quinta-feira (7), tinha 13% das
intenções de voto no Estado.
Em nota, o candidato afirma que a sua
candidatura é uma oportunidade para explicar os processos aos quais
responde para a sociedade. “Não vou correr. Eu não desviei dinheiro, não
roubei”, diz a nota.
Na última quinta-feira (7), a Justiça Eleitoral de Mato Grosso indeferiu o registro de candidatura de Riva.
A assessoria do candidato afirmou que iria recorrer da decisão junto ao
TSE (Tribunal Superior Eleitoral), o que lhe daria, temporariamente, o
direito de continuar na disputa.
Morte e corrupção em AL
Em Alagoas, o ex-prefeito da cidade de
São Luís do Quitunde (a 43 quilômetros de Maceió) Cícero Cavalcante
(PMDB) foi preso pela PF acusado de desvio de dinheiro público e agora
tenta uma vaga no Parlamento estadual. Ele foi detido em 2005, durante a
Operação Guabiru, acusado de desvio de verbas da merenda escolar. Ele
responde a processo na Justiça Federal, mas nega a fraude.
Em dezembro de 2009, foi preso
novamente, agora acusado de tramar a morte do suplente de vereador José
Geraldo Renovado de Cerqueira, em 2007. Ficou detido, porém, por menos de 24 horas. “Eu não tinha nada contra o rapaz. Sou incapaz de matar um mosquito”, disse à época.
Ainda no interior de Alagoas, a
ex-prefeita de Estrela de Alagoas (a 119 quilômetros de Maceió) Ângela
Garrote (PP) chegou a ficar presa por 37 dias, em 2013, acusada de um
desvio de verbas relativas aos anos de 2009, 2010 e 2011.
As fraudes teriam ocorrido em
licitações para obras que deveriam melhorar a infraestrutura de diversos
setores da cidade. A ex-prefeita nega as irregularidades e responde a
processo.
Roberto Sobrinho
Em Rondônia, o ex-prefeito da capital
Porto Velho Roberto Sobrinho (PT) é outro que deixou a cadeia para
tentar uma vaga no parlamento estadual.
Sobrinho foi preso pela PF no dia 9 de abril de 2013 durante a Operação Luminus.Foi solto no dia seguinte graças a um habeas corpus.
Ex-prefeito de Porto Velho, Roberto Sobrinho foi preso em 2013
Segundo o Ministério Público do
Estado de Rondônia, Sobrinho é acusado de comandar um esquema de
corrupção instalado na prefeitura da capital e que usava funcionários da
Edmur (Empresa Municipal de Desenvolvimento Urbano) para cobrar
propina.
Sobrinho, que antes da prisão era
apontado como o principal nome do PT para a disputa do governo de
Rondônia em 2014, agora disputa uma vaga na Assembleia Legislativa do
Estado.
A reportagem do UOL procurou
o ex-prefeito de Porto Velho e candidato a deputado estadual, mas ele
não atendeu às ligações feitas para seu telefone celular. A reportagem
também ligou para seu advogado, Diego Vasconcelos, mas ele não também
não retornou as chamadas.
FONTE PORTAL UOL
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