José Geraldo Riva (PSD) já foi condenado quatro vezes por improbidade administrativa pelo Tribunal de Justiça do Estado do Mato Grosso
TRE nega candidatura de José Riva ao governo do MT
O pleno do Tribunal Regional Eleitoral de Mato Grosso (TRE-MT)
impugnou, por unanimidade, o registro da candidatura do deputado
estadual José Riva (PSD), que busca concorrer ao governo do Estado pela
coligação Viva Mato Grosso. Os cinco desembargadores do TRE, que
compuseram o pleno na sessão desta quinta-feira, consideraram que, por
ele ter quatro condenações colegiadas, está inelegível, de acordo com a
Lei da Ficha Limpa.
O deputado informou, que vai recorrer ao Superior Tribunal Eleitoral
(STE) para manter a candidatura “no mesmo pique”. Para ele, “isso gera
uma angústia, mas não um desânimo.” O advogado dele, Rodrigo
Mudrovitsch, considerou que este continua sendo um caso de fácil
reversão.
Riva responde a mais de 100 processos cíveis e criminais, por isso é
tido como um dos parlamentares mais processados do Brasil. Já carrega
quatro condenações colegiadas, dadas pelo Tribunal de Justiça de Mato
Grosso (TJ-MT), por crime de improbidade administrativa. Em
consequência, o relator do caso no TRE, Agamenon Alcântara Moreno
Júnior, entendeu, em seu voto, que “por todo o exposto, com apoio nas
decisões do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), tenho que o candidato
encontra-se inelegível, vez que incorre em uma das cláusulas de
inelegibilidade, motivo pelo qual acolho os pedidos contidos nas ações
de impugnação ao registro de candidatura de José Geraldo Riva e as julgo
procedentes.”
O pedido de impugnação da candidatura de Riva foi feito pelo
Ministério Público Federal (MPF) e pela coligação Coragem e Atitude para
Mudar, que tem como candidato a governador o senador Pedro Taques. O
Terra tentou falar com Taques, mas não obteve resposta.
Uma das condenações de Riva, de maio do ano passado, refere-se a um
caso que ficou conhecido como “escândalo das calcinhas”. O Tribunal de
Justiça ordenou que o deputado, então presidente da Mesa Diretora da
Assembleia Legislativa de Mato Grosso (AL-MT), devolvesse R$ 2,1 milhões
aos cofres públicos. O dinheiro teria sido desviado através de uma
fábrica de roupas íntimas de "fachada", em 2001 e 2002. Riva está
afastado da diretoria da AL.
Há pouco mais de dois meses, Riva voltou a se complicar, sendo preso
no dia 20 de maio na quinta etapa da Operação Ararath, desencadeada pela
Polícia Federal. A Ararath apura crimes contra o sistema financeiro e
lavagem de dinheiro. Riva ficou três dias no Complexo Penitenciário da
Papuda, em Brasília, mas obteve habeas corpus e responde o processo em
liberdade.
Neste ano, Riva, a princípio, informara publicamente que não sairia
candidato. Ao anunciar que mudara de ideia, chegou a admitir à imprensa
que estava envolvido em complicada situação jurídica. Porém, teria
ouvido juristas de confiança que o encorajaram a seguir adiante com o
projeto político da candidatura ao governo. Ele também disse que
colocaria o nome à disposição, atendendo a pedidos de prefeitos do
partido, outros correligionários, apoiadores, familiares e amigos.
Apesar da prisão e da situação jurídica, assim que entrou na disputa Riva já ficou entre os mais cotados a vencer o pleito.
Lei da Ficha Limpa
Chorando, o coordenador do Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral
(MCCE) em Mato Grosso, Antonio Cavalcanti Filho, o Ceará, falou ao
Terra que a impugnação do deputado Riva “é de um simbolismo enorme para o
Mato Grosso e o País”. Para Ceará, “é sempre importante resgatar a
história dessa lei, que é uma iniciativa popular”. Ele destaca que a
primeira lei articulada pelo MCCE, de combate a corrupção, foi
sancionada em 1999. Em 2010, foi sancionada a Lei da Ficha Limpa, e hoje
o Movimento está se articulando novamente para aprovar uma terceira lei
de iniciativa popular que propõe a reforma política.
“Este é um processo. Hoje há milhares de políticos corruptos no País
que já foram cassados.” Sobre a crítica de que esta lei é inócua, ele
rebate: “não, ela é legítima e faz toda a diferença”. Quanto à
possibilidade de Riva recorrer ao TSE, ele diz que "vai ser candidato
subjudice, com a espada no pescoço, um candidato suicida.”
Caso Riva se eleja com mais de 50% dos votos e o TSE mantiver a
impugnação, terá que ser convocada outra eleição. Se ele tiver menos que
50%, tomará posse o segundo colocado. “Então, isso gera uma
instabilidade administrativa e política muito grande”, destaca Ceará.
Fonte Terra
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