Por Leandro Fortes*
Essa Operação Zelotes, assim como a Lava Jato e outras tantos mil, jamais teria ocorrido em um governo tucano.
Repito: jamais.
Fui repórter durante todos os governos FHC e posso garantir: a
condução da PF era absolutamente controlada pelos interesses do governo
tucano, aí incluídos os aliados do PFL, atual DEM.
Só por isso, já dá para imaginar.
Na investigação do chamado Dossiê Cayman, que investiguei em Miami e
na Jamaica, os delegados eram comandados, pessoalmente, pela então
secretária nacional de Justiça, Elizabeth Sussekind. Até às Bahamas ela
foi com eles.
Em 1998, o então diretor-geral da PF, Vicente Chelotti, foi obrigado a
esconder documentos que incriminavam o falecido ministro das
Comunicações Sérgio Motta, o Serjão.
Ele, FHC, José Serra e Mário Covas eram acusados de possuir uma conta
secreta no paraíso fiscal das Ilhas Cayman (na verdade, nas Bahamas),
onde teriam colocado grana desviada das privatizações.
Os papéis eram falsos, mas, estranhamente, o governo entrou em
desespero. A PF abriu dois inquéritos, agiu no subterrâneo e só depois
da imprensa descobriu que o dossiê – vendido por três golpistas
brasileiros a Fernando Collor e Paulo Maluf por 1 milhão de dólares –
era falso.
Está no livro que escrevi a respeito, “Cayman: O Dossiê do Medo” (Record, 2002).
Um vexame.
O gado que foi tocado para as ruas, em 15 de março, para bradar contra a corrupção, deveria pensar um pouco mais sobre isso.