Manter o financiamento empresarial de campanhas, que permitiu a Cunha não só se eleger com folga, como também ajudar outros candidatos que hoje formam sua bancada particular suprapartidária. É a questão central da reforma política, pois mantém o mesmo sistema atual, que permite ao poder econômico formar suas bancadas temáticas, e está na raiz de todos os esquemas de corrupção vigentes no país.
"Reforma Cunha": poder da grana e partidos ameaçados
"Pior do que está não fica" era o slogan da primeira campanha do
palhaço Tiririca a deputado federal, em 2010. Não só fica pior, como
estamos vendo a cada dia, mas agora também corremos o risco de ter um
parlamento cheio de Tiriricas, se for aprovada a "Reforma Cunha", que
entra em discussão e votação nesta terça-feira na Câmara.
Insatisfeito com os resultados da Comissão Especial, que ele mesmo
montou há três meses, para apresentar um projeto de reforma política, o
presidente Eduardo Cunha, também conhecido como D. Eduardo I e Único, o
imperador autoproclamado, nem esperou pelo relatório. Mandou jogar tudo
fora, cancelou a sessão e resolveu levar a discussão diretamente para o
plenário.
Com bancadas temáticas suprapartidárias sob o seu comando, que na
prática já estão acabando com os partidos, Cunha controla perto de 300
votos, e precisa de apenas mais oito (60% do total de 513) para aprovar o
que quiser.
Muitas propostas vão entrar em discussão, mas para o imperador do PMDB duas são prioritárias:
* Criar o "Distritão", sistema eleitoral pelo qual se elege apenas o
deputado mais votado nas regiões em que serão retalhados os Estados e
acaba com os votos na legenda. Partidos à parte, basta escolher um
Tiririca bom de voto em cada distrito e despejar nele todos os recursos
financeiros disponíveis. Programas partidários, compromissos ideológicos
e os votos nos outros candidatos são simplesmente jogados no lixo.
* Manter o financiamento empresarial de campanhas, que permitiu a
Cunha não só se eleger com folga, como também ajudar outros candidatos
que hoje formam sua bancada particular suprapartidária. É a questão
central da reforma política, pois mantém o mesmo sistema atual, que
permite ao poder econômico formar suas bancadas temáticas, e está na
raiz de todos os esquemas de corrupção vigentes no país. Já proibido por
ampla maioria no STF, o financiamento privado só continua em vigor
porque o ministro Gilmar Mendes pediu vistas e não devolveu o processo, à
espera da reforma de Cunha, que pode aprovar a inclusão das doações
privadas na Constituição.
A "Reforma Cunha" faz parte das suas "promessas de campanha" para se
eleger presidente da Câmara, que incluem a construção de um novo anexo
orçado em R$ 1 bilhão, com direito a shopping e tudo para o melhor
conforto das excelências. O único objetivo desta turma é preservar seus
interesses e, se possível, facilitar suas reeleições futuras, em
parceria com o poder da grana. É o baixo clero no poder que, na hora de
votar, só se faz uma pergunta: o que é melhor para mim?
Fora do baixo clero (ainda existe o alto clero?), agora liderado por
Cunha, sobraram muito poucos. Uma das raras exceções é o deputado
fluminense Chico Alencar, do pequeno PSOL, que fez parte da Comissão
Especial, e assim resumiu a ópera bufa:
"O que se pretende, na verdade, é fazer uma contrarreforma que
assegure a constitucionalização do financiamento empresarial dos
partidos".
Ou seja, na melhor das hipóteses, vai continuar tudo como está, à
espera do próximo escândalo de corrupção. O país clama, há décadas, por
uma profunda reforma política-partidária-eleitoral, mas desse congresso
nada se pode esperar de bom. O que for aprovado lá é para melhorar a
vida dos próprios parlamentares, não do povo que os elegeu. O abismo
entre representados e representantes só aumenta.
Por isso mesmo, a direção da Câmara dos Deputados ignorou solenemente
as milhões de assinaturas das propostas populares em defesa de uma
reforma política democrática que foram apresentadas, desde o ano
passado, pelas principais entidades da sociedade civil organizada.
E assim vamos que vamos.
Fonte blog Balaio do Kotscho
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