É hora do parlamento brasileiro se debruçar sobre o tema e verdadeiramente tratar a todos com igualdade, impedir o mau uso das igrejas e proteger a boa-fé das pessoas. Verificar a origem das fortunas dos líderes espirituais, e mesmo do imenso patrimônio das igrejas, é medida absolutamente isenta, e que pode afastar eventuais discrepâncias de tratamentos tributários.
CPI DAS IGREJAS, POR QUE NÃO?
Por Antonio Cavalcante Filho e Vilson Nery*
Um dos grandes instrumentos de que
dispõe o Congresso Nacional para proteger a cidadania são as Comissões
Parlamentares de Inquérito, coletivo de deputados que podem, inclusive,
exercitar alguns poderes destinados a juízes.
Há uma situação social gravíssima em
curso, que potencialmente prejudica milhares de pessoas inocentes, mas
que as instituições de estado, aí incluídos o ministério público e a
receita federal, se recusam a agir. Mas o “corpo mole” dos agentes de
estado permite que a lesão a milhares de pessoas continue, sem a
necessária repressão.
A Revista Forbes publicou um ranking
dos pastores mais ricos em atividade atualmente, e as fortunas de alguns
brasileiros surpreende pela grandiosidade. O levantamento foi feito
pela Revista Forbes há uns dois anos, e divulgado pela Revista Exame (http://exame.abril.com.br/ brasil/noticias/riqueza-de- pastores-no-brasil-chama-a- atencao-da-forbes) e Revista Época (http://epocanegocios.globo. com/Inspiracao/Vida/noticia/ 2013/01/forbes-lista-pastores- milionarios-no-brasil.html).
De acordo com o ranking, o Bispo Edir
Macedo teria acumulado uma fortuna pessoal de 950 milhões de dólares. O
bispo é escritor, vendeu 10 milhões de livros, fundou a Igreja Universal
do Reino de Deus, controla a Rede Record. Comanda o canal Record News,
alguns selos musicais e uma empresa de jatos privados.
O segundo colocado é Valdemiro
Santiago, ex membro da Igreja Universal. Fundou a Igreja Mundial do
Poder de Deus, com mais de 900 mil seguidores e 4.000 templos, e tem
fortuna avaliada em 220 milhões de dólares.
Na lista de Forbes está o pastor Silas
Malafaia. Líder da Assembleia de Deus, lançou uma campanha chamada “O
Clube do Um Milhão de Almas”, com o objetivo de arrecadar R$ 1 bilhão de
reais para criar uma rede de televisão global. Diz a Revista Forbes que
sua fortuna seria de 150 milhões de dólares.
Outro dissidente da Igreja Universal, o
pastor Romildo Ribeiro Soares (RR Soares), fundador da Igreja
Internacional da Graça de Deus conseguiu colher uma fortuna de 125
milhões de dólares.
Isso seria mais um “milagre”, mas não é apenas e tão somente isso.
No Brasil as igrejas não recolhem
tributos, em razão da imunidade tributária de que trata a Constituição
Federal (art. 150, inciso VI, letra “b”), mas a grande fortuna pessoal
amealhada pelos líderes espirituais merece uma investigação por meio de
CPI. Afinal, excetuando aqueles sortudos que ganham na mega sena
acumulada, ou os que se casam com companheiros(as) multimilionários(as),
ninguém consegue em tão pouco tempo adquirir fortunas tão visíveis.
É hora do parlamento brasileiro se
debruçar sobre o tema e verdadeiramente tratar a todos com igualdade,
impedir o mau uso das igrejas e proteger a boa-fé das pessoas. Verificar
a origem das fortunas dos líderes espirituais, e mesmo do imenso
patrimônio das igrejas, é medida absolutamente isenta, e que pode
afastar eventuais discrepâncias de tratamentos tributários.
*Antonio Cavalcante Filho e Vilson Nery são ativistas do Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral em Mato Grosso – MCCE-MT.
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