Lamentavelmente, a marca pela qual o político Pedro Taques será lembrado para sempre é a de ter contribuído com o atentado à democracia ao se aliar com a extrema direita reacionária, corrupta e golpista.
Antonio Cavalcante Filho
O governador Pedro Taques se elegeu em duas eleições convencendo os
eleitores (inclusive a mim) de que faria atuação política de qualidade,
apresentando propostas de ações que mudariam a vida do povo. No Senado,
fez muito barulho e pouca ação. No governo estadual, a história se
repete, mas dessa vez com requintes de crueldades contra os servidores
públicos.
Taques aprendeu bem rápido as técnicas e os segredos dos políticos
tradicionais, mas sempre afirmou que seu maior patrimônio se resumia à
coerência, que era legalista e um gestor competente.
No entanto, creio que hoje de coerente ele não tem mais nada, e esta
foi a primeira “transformação” visível que o Pedro sofreu. Eleito
senador pelo PDT (Partido Democrático Trabalhista) na base de
sustentação da presidenta Dilma, Taques fez oposição desde o primeiro
momento do mandato, com o argumento de combater a corrupção.
Mas se filia no PSDB, o Partido da Social Democracia Brasileira,
agremiação que abriga José Serra, Fernando Henrique Cardoso e Aécio
Neves. Este último é personagem frequente nos interrogatórios da
Operação Lava Jato e é acusado de “proximidade” com o dinheiro sujo da
corrupção.
Já Fernando Henrique seria partícipe da “maior roubalheira da
história”, conforme descreve o jornalista Palmério Dória no livro “O
Príncipe da Privataria” (Geração Editorial, 2013). No livro-denúncia são
apresentados os bastidores da privatização do sistema de telefonia
estatal, e entendemos a razão de sermos reféns das operadoras de
telefonia. E de “canja” uma testemunha narra como foi a compra da emenda
da reeleição (EC 16/97), outro delito que pode ser “revelado” por uma
delação premiada na Operação Lava Jato.
O senador José Serra é conhecido como o arquiteto da Privataria
Tucana, operação descrita às minúcias no livro do jornalista
investigativo Amaury Ribeiro Junior (Geração editorial, 2011). Conforme
conclui a pesquisa para a produção da obra, trata-se de levantamento dos
“documentos secretos e a verdade sobre o maior assalto ao patrimônio
público brasileiro. A fantástica viagem das fortunas tucanas até o
paraíso fiscal das ilhas virgens Britânicas”.
Na página 191 do livro é mostrado cópia do que pode ser um contrato
social de empresa em nome de Veronica Serra (filha de José Serra) e
terceiros, entre eles a irmã do banqueiro Daniel Dantas, e o
empreendimento foi aberto em Miami, e depois vinculado a um paraíso
fiscal.
Ser oposição ao governo federal por causa dos casos de corrupção é
uma bandeira eticamente aceita, mas se aliar a esse tipo de gente não
guarda a menor coerência com o discurso antes demonstrado aos eleitores.
Ora, Pedro Taques fez fama por processar e permitir a prisão do
bicheiro Arcanjo. Excluindo os crimes contra a vida, as demais
imputações ao “Comendador” são “café pequeno” perto do que os tucanos
fizeram com o patrimônio nacional e os livros citados são provas
documentais das infrações. (Nunca é demais lembrar de que a corrupção
também mata).
Qualquer procurador do MPF poderia prendê-los com base no que foi
denunciado nas investigações dos jornalistas, e assim se parece
incoerente que um (ex) agente do sistema de justiça se aproxime dos
tucanos para “convescote” e não com um par de algemas para dar fim a uma
organização que atentou contra o patrimônio nacional.
Assim deve-se reconhecer que Pedro Taques não é mais coerente.
Sobre o discurso de que seria legalista. Sabe-se que as leis de
orçamento dos exercícios de 2015 e 2016 já foram produzidos pela equipe
do governador, grupo escolhido a dedo por ele, como se fosse um jogo de
futebol tipo “solteiros e casados”. No início do mandato foi chamando um
grupo de amigos, ligados ao setor empresarial, agronegócio, blogueiros e
a eles distribuiu as camisas, digo, os cargos no campo da
administração.
Só que os legalistas “esqueceram” de prever no orçamento os recursos
para quitar o RGA (reajuste geral anual) que, além de ser um calote, vai
retirar de circulação cerca de R$ 600 milhões que seriam despejados na
economia estadual. Ora, servidores públicos não são rentistas, são
consumidores, seus vencimentos alimentam os negócios e circulam nos
supermercados, açougues, farmácias, postos de gasolina e lojinhas de
roupas, etc.
Negando a lei do RGA a sociedade como um todo começa a penar. Logo,
não é mais legalista. Por fim, a competência. Tenho cá minhas dúvidas.
Os cofres estaduais recebem cada dia mais impostos, a arrecadação é
recorde, todavia o governo que já fez dois orçamentos e, portanto, sabe o
comportamento da receita, não consegue dar uma resposta às demandas
sociais.
Nos hospitais faltam remédios, leitos nas UTIs, as OSS continuam
operando a todo vapor. Ainda que viaje ao exterior pregando inovação
tecnológica, aqui entre os tapuias Pedro Taques quer extinguir a Fapemat
(fundação de pesquisa). Os incentivos fiscais dão um rombo de R$ 800
milhões aos cofres públicos, o suficiente para pagar o RGA. Em janeiro
de 2015, o Estado estava no limite de LRF, mas o governo fez cerca de 5
mil nomeações de servidores (a maioria comissionados, indicados por
políticos), e isso provocou o desequilíbrio.
Usando palavra da moda, foi “pedalada”! O estouro da LRF não é culpa
do servidor público, foram atos do governo, ou seja: pedaladas! E aí
OAB, vai ficar calada? E os coxinhas, não vão pras ruas? As madames não
vão bater suas panelas?
Logo, não é competente. Dessa forma, cai por terra a falácia da
coerência, do legalista e da competência. Lamentavelmente, a marca pela
qual o político Pedro Taques será lembrado para sempre é a de ter
contribuído com o atentado à democracia ao se aliar com a extrema
direita reacionária, corrupta e golpista.
O que fará o governador neste “restinho” de mandato? Usará os
recursos financeiros para melhorar a vidas das pessoas ou gastará R$ 70
milhões de reais em propagandas para “convencer” a todos nós que
transformou a vida do povo de Mato Grosso?
Antonio Cavalcante Filho, cidadão, escreve às sextas-feiras neste blog. E-mail: antoniocavalcantefilho@outlook.com
Fonte RD News
Ora, Pedro Taques fez fama por processar e permitir a prisão do bicheiro Arcanjo. Excluindo os crimes contra a vida, as demais imputações ao “Comendador” são “café pequeno” perto do que os tucanos fizeram com o patrimônio nacional e os livros citados são provas documentais das infrações. (Nunca é demais lembrar de que a corrupção também mata).
Ora, Pedro Taques fez fama por processar e permitir a prisão do bicheiro Arcanjo. Excluindo os crimes contra a vida, as demais imputações ao “Comendador” são “café pequeno” perto do que os tucanos fizeram com o patrimônio nacional e os livros citados são provas documentais das infrações. (Nunca é demais lembrar de que a corrupção também mata).