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O PSDB golpista já controla o governo Temer?
Com o
cerco dos vazamentos seletivos em série contra o PMDB e ocupando os
principais cargos do governo, o partido de FHC já detém as alavancas do
poder.
Juarez Guimarães
No dia 13 de junho, a festa da posse de Ilan
Goldfajn, novo presidente do Banco Central, reuniu Armínio Fraga,
Gustavo Franco, Pérsio Arida, Pedro Malan. Mais do que a direção do BC,
a nata do rentismo brasileiro estava ali comemorando a volta do
controle do governo pelos golpistas. Cinco anos atrás, em agosto de
2011, eles podiam ser vistos em um seminário, realizado no Instituto
Fernando Henrique Cardoso, coordenado por Bacha, elaborando o programa
neoliberal radical que está agora sendo colocado em prática.
Os
quadros historicamente ligados ao PSDB já ocupam o Banco Central (Ilan
Goldfajn foi diretor da instituição de 200 a 2002), a Petrobrás (Pedro
Parente foi ministro do Planejamento, das Minas e Energia e da Casa
Civil do segundo governo FHC), o BNDES (Maria Silva Bastos foi
assessora de Eduardo Modiano e teve um papel importante na elaboração do
artifício que permitiu o uso das chamadas “moedas podres” no programa
de privatização), a Eletrobrás ( Elena Landau dirigiu o Programa
Nacional de Desestatização do governo FHC). Meirelles, no Ministério da
Fazenda, é, com certeza, um quadro programaticamente alinhado com este
programa neoliberal radical.
Em
época de agressiva judicialização, o PSDB ocupa o Ministério da
Justiça, pelo ex-secretário de Alckmin, Alexandre de Moraes. É o PSDB
quem ocupa também os cargos chaves do MEC: na Capes, Abílio Afonso Baeta
foi secretário do Ministro da Educação de 1996 a 2000; no INEP, Maria
Ines Fini e, como secretária-executiva, Maria Helena Guimarães, que
foi Secretária Estadual de Educação no governo José Serra em São Paulo.
Luislinda Valois, também do PSDB, foi nomeada para a Secretaria Especial
de Políticas Para a Igualdade Racial.
José
Serra, como Ministro das Relações Exteriores, cumpre uma agenda chave
em um governo nitidamente pro-americanista. E seu braço direito, Aloysio
Nunes, é o líder do governo no Senado.
Convergência, agenda e coordenação
As
capas de Veja e Época de 18 de junho, “Temer versus Temer” e “Doutor
Michel e Mister Temer”, saíram certamente de uma mesma inteligência
política, aquela mesmo que vaza as informações da operação Lava-Jato e
da Procuradoria Geral da República, derrubando agora, um por um, os
ministros chaves do PMDB no governo Temer. A peça comum e simbólica da
narrativa proposta não é fruto de coincidência nem de um jogo de dados:
trata-se de separar, limpar, opor a imagem do lado são do governo Temer
(o seu protagonismo neoliberal) de seu lado podre (envolvido em
corrupção). E, se Aécio também tem sido seguidamente atingido por
vazamentos, sempre é bom recordar que a direção do PSDB está em disputa e
que a hoje fatal desmoralização do PSDB mineiro – com seu ex-presidente
preso e em processo de delação, com Anastásia gravemente acusado –
favorece Serra.
Após o golpe,
o PSDB, com suas articulações jurídicas e midiáticas, está buscando
ocupar o centro e dirigir. Não é preciso aderir a uma teoria da
conspiração nem abolir a autonomia de dinâmicas das corporações
envolvidas no processo, do Paraná, do Ministério Público Federal, da
Polícia Federal, do Supremo Tribunal Federal, as idiossincrasias das
diferentes empresas de mídia. Nem mesmo presumir a ausência de fortes
atritos no interior do próprio PSDB e do PMDB, os dois principais
partidos golpistas.
A unidade
é, sobretudo, programática, responsável por vincular interesses
geopolíticos, classes empresariais e uma amálgama político que encontra o
seu sentido na aplicação de um programa radical contra o setor público e
os direitos históricos e democráticos dos trabalhadores.
A
articulação de um centro político com os oligopólios de mídia garante a
convergência em torno a uma agenda política e sua própria
temporalidade. Assim como a derrubada de Cunha da presidência da Câmara
Federal pelo STF só foi decidida após a votação do impeachment , agora a
votação da agenda econômica no Congresso Nacional ganha prioridade e
precede a fatal cassação de Cunha , com seus desdobramentos
imprevisíveis sobre a massa dos deputados golpistas.
Até
agora, uma capacidade de coordenação política na direção do golpe tem
prevalecido sobre as intensas forças centrífugas que se desencadeiam em
um processo de natureza tão tramada, complexa, negociada e sujeita a
tantas turbulências.
Unidade
programática, convergência de agenda e coordenação política: em meio à
“profusão das coisas acontecidas”, há um sentido. O governo Temer não
veio para ser popular nem para concentrar poder em torno de si: ele veio
para destruir a democracia que resultou de 1988 e, principalmente, os
direitos que vieram se acumulando desde 2003. Para isto, ele está
destruindo o setor público e criminalizando amplamente as forças
políticas, em particular a esquerda.
O
próprio Temer é hoje triplamente refém: de Cunha, da judicialização que
sobre ele avança e do PSDB que quer controlar totalmente o poder. Se
depender dos golpistas, ele sobreviverá enquanto for útil para as forças
políticas que deram origem e dão o sentido ao golpe.
VOU DESENHAR PARA QUE OS COXINHAS MILITONTOS POSSAM COMPREENDER:
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