A ideia de usar a polícia, as pressões, intimidações e o terror como ferramentas de gestão não deu certo na Alemanha, e nem daria em nenhum outro local do Planeta Terra porque o povo se revoltaria. Todavia, pelo que parece, Mato Grosso vem se transformando a passos largos numa espécie de laboratório para esta forma de gestão.
Temos vivido
dias instáveis por estas paragens pantaneiras. A sociedade ansiosa quer saber
do desfecho final da luta pelo pagamento do RGA (Reajuste Geral Anual) - um
direito já incorporado na esfera de benefício dos trabalhadores do serviço
público, mas que está sendo sonegado pelo atual governo neoliberal do PSDB, que
tenta, a todo custo, implantar por aqui a sua política de privatizações,
arrocho e retiradas de direitos dos trabalhadores e, é claro, da população mais
pobre.
Mas, o povo por
aqui não é mais “bobó cheira-cheira”. Sabe-se até que os R$ 600 milhões no
bolso dos servidores públicos irão direto para a roda da
economia. Todavia, ainda há coisa pior porvir: a punição de quem
protesta legitimamente.
E isso me faz
lembrar de Adolf Hitler, que usava a propaganda para convencer aos patrícios de
sua superioridade, e se valia da violência e das ameaças como forma de governar
e aterrorizar. De início, ele até gozava da simpatia da massa, que ainda sofria
a derrota da guerra, a crise econômica e a humilhação imposta pelo Tratado de
Versalhes.
No livro Mein
Kampf (Minha luta), de Adolf Hitler, entre delírios, o ditador busca uma
curiosa explicação para a origem da raça ariana. Hitler escreveu, por exemplo:
“A raça que mais manifestou o caráter superior e arrogante dos Arianos de Lira
foram os Maldequianos de nosso Sistema Solar, a raça que habitou o 5º planeta
de nosso sistema, o chamado planeta amarelo por alguns ocultistas”.
Parece até
coisa de esotéricos e hippies teosofistas, mas não é.
Era delírio de
um insano que acreditava no que dizia, e convenceu muita gente de seu ponto de
vista, tanto que, após a depressão de 1929 (crise mundial) e a humilhação do
Tratado de Versalhes, o povo alemão permitiu que ele assumisse o poder e
implantasse um reino de terror.
Em outra
passagem do livro consta: “Mesmo nessa época, Hitler e Himmler não se
conheciam, pertenciam a lugares diferentes e classes sociais distintas, porém,
ambos estavam com ideias sobre como direcionar o povo ou parte das massas
populares a um movimento radical contra a situação política e econômica dos
países arianos”.
O tal Himmler
tornou-se amigão de Hitler e viria a chefiar a SS, a temida polícia secreta
nazista. Foi Comandante do Exército de Reserva e General Plenipotenciário para
toda a administração do Reich e responsável pela tortura e morte de 14 milhões
de almas.
A ideia de usar
a polícia, as pressões, intimidações e o terror como ferramentas de gestão, não
deu certo na Alemanha, e nem daria em nenhum outro local do Planeta Terra,
porque o povo se revoltaria. Todavia, pelo que parece, Mato Grosso vem se
transformando, a passos largos, numa espécie de laboratório para esta forma de
gestão.
O governador
Pedro Taques iniciou o mandato em janeiro de 2015, e trouxe consigo um coletivo
respeitável de promotores de Justiça e delegados de Polícia para cargos de
confiança. Porém, o único efeito conhecido foi o desfalque nas equipes da
Delegacia Fazendária, braço operoso e qualificado da Polícia Civil de Mato
Grosso.
Muitas mudanças
foram feitas, mas no Detran foi para pior (a centralização do atendimento), na
Secretaria de Meio Ambiente há um desarranjo respeitável. E o Intermat continua
o “de sempre”. Com todo respeito, gerir as peças de um inquérito ou de uma ação
penal é bem diferente que administrar um órgão prestador de serviço à
sociedade.
Os “clientes”
aqui são pessoas bem diferentes, que exigem, com toda razão ser tratados como
cidadãos, e não como delinquentes, ou alguém que precisa ser admoestada. Lá na
Alemanha Nazista de Hitler e de Himmler, já vimos no que deu essa prática.
Aqui, no Brasil, no período da ditadura, vimos também os órgãos públicos serem
“dirigidos” policialescamente por militares. Nem mesmo o Ministério da
Educação, entre tantos outros, escapou dessa malfadada sina.
Confesso que
essa tática “meganha” (policialesca) de gerir a coisa pública traz algumas
preocupações. Quando vejo aquele caminhão da Polícia Civil monitorando
grevistas em frente à Assembleia Legislativa nada de bom me vem à mente.
É desse modo
que devem ser gastos os recursos da segurança pública? E olha que os “alvos” da
política “meganha” são apenas trabalhadores e trabalhadoras em conflitos por
salários. São pais e mães de família reivindicando seus direitos. Enfim, são
pessoas de todas as idades exercendo a sua cidadania.
Esta semana
recebi a informação de que dois servidores da gloriosa Polícia Militar passaram
a responder a processos disciplinares pelo simples fato de exercerem o direito
constitucional de crítica, pedindo o pagamento do RGA e condições decentes de
trabalho.
Triste.
E, ao que
parece, mesmo que a forma “meganha” de fazer a gestão pública não conste em
nenhum Manual de Administração, existem novos alvos em perspectiva. Vem mais
PAD (Processo Administrativo Disciplinar) por aí. A história se repete, como
tragédia e como farsa.
Antonio
Cavalcante Filho, cidadão, escreve às sextas-feiras neste blog. E-mail:
antoniocavalcantefilho@outlook.com
Fonte RD News
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