Com a contundência que lhe é peculiar, Roberto Requião foi direto ao coração da besta em seu último pronunciamento no julgamento do impeachment. Canalha! Canalha! Canalha! Requião não se dirigiu nominalmente a ninguém, mas não precisou. No plenário, Aécio Neves, ao lado de Antonio Anastasia, sabia que era para ele.
Com dureza, dispensando eufemismos e gentilezas, o senador Roberto
Requião expôs suas razões finais para condenar o golpe do impeachment,
na sessão desta terça-feira (30), no Senado, quinto dia do julgamento da
presidente Dilma Rousseff. Repetindo Tancredo Neves que, em março
de 1964, chamou o então presidente do Senado Mauro Andrade de canalha,
pela cumplicidade com o golpe que derrubou João Goulart, Requião disse
que as mesmas palavras coçavam a sua garganta, hoje.
Diário do Centro do Mundo
Por Kiko Nogueira
Com a contundência que lhe é peculiar, Roberto Requião foi direto ao
coração da besta em seu último pronunciamento no julgamento do
impeachment.
“Não pretendo, nesta sessão, moderar a linguagem ou asfixiar o que
penso. Não vou reprimir a indignação que me consome. ‘Canalha! Canalha!
Canalha!’”, falou.
Requião não se dirigiu nominalmente a ninguém, mas não precisou. No
plenário, Aécio Neves, ao lado de Antonio Anastasia, sabia que era para
ele. O câmera da TV Senado também. Teve a gentileza de focalizar Aécio
mais adiante no discurso, escarrapachado na poltrona, visivelmente
desconfortável.
Em 2 de abril de 1964, o avô de Aécio, Tancredo, deu o mesmo
grito para Auro de Moura Andrade, que declarou vaga a presidência da
República quando João Goulart estava em Porto Alegre (ouça abaixo).
“A Constituição Federal está sendo rasgada e estamos diante de um golpe de Estado”, disse Requião.
“Duvido que um só de nós esteja convencido de que a Presidente Dilma
deva ser impedida por ter cometido crimes. Não são as pedaladas ou a tal
irresponsabilidade fiscal que a excomungam. O próprio relator da peça
acusatória praticou-as à larga, só que lá, em Minas, não havia um
providencial e desfrutável Eduardo Cunha nem um centrão querendo sangue,
salivando por sinecuras e pixulecos.”
Prosseguiu: “A inocência do relator é a mesma de Moura Andrade,
declarando vaga a presidência. Ah!, as palavras de Tancredo coçam-me a
garganta. Este Senado está prestes a repetir a ignomínia de março de 64.
O que se pretende? Que daqui a alguns anos se declare nula esta sessão,
como declaramos nula a sessão que tirou o mandato de Goulart, e peçamos
desculpas à filha e aos netos de Dilma?”
Assim como o depoimento de Dilma na farsa do impedimento foi seu
ápice, aquele foi o de Roberto Requião. Aécio sai dessa fraude ainda
menor do que entrou.
Canalhas. Canalhas. Canalhas.
Fonte Diário do Centro do Mundo
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