Sem o restabelecimento da democracia essa eleição é apenas uma farsa para legitimar e fortalecer no poder os usurpadores da República. Aqui em Cuiabá, para quem quer realmente dizer não ao retrocesso, a palavra de ordem para o dia 30 de outubro é: Vote nulo e lute!
Por Antonio Cavalcante Filho
Desde sempre mantive coerência com o que penso e falo, e não se diga
que não tenho mudado de ideia, quando convencido de que meu ponto de
vista não é o melhor. Todavia em nenhum momento me desagarrei da ética,
da defesa das liberdades civis, dos sonhos de um mundo melhor e do apego
intransigente à Constituição Federal e a seus princípios fundantes.
Entre estes princípios, destaco o parágrafo único do artigo 1º, que
diz que o poder real emana do povo; a defesa da soberania do meu país e o
respeito filial à democracia, que nesse momento trágico nos faz lembrar
Renato Russo ecoando sua voz: “Hoje a tristeza não é passageira. (...) E
quando chegar a noite cada estrela parecerá uma lagrima”.
Por isso sou contra o golpe e os golpistas!
Quando prego o direito de anular o voto, de não comparecer às urnas
ou mesmo de digitar a tecla “branco” e confirmar, mantenho coerência com
o que digo e penso há muitos anos. E isso se dá por uma razão muito
simples: se os partidos políticos me oferecem péssimas opções de
candidaturas, não sou obrigado a votar em qualquer um, muito menos no
“mal menor “, ou no “menos pior”. Se os candidatos que estão disputando o
segundo turno não são os dos meus sonhos, os que me representam, por
que votar neles se já sei que amanhã irão me trazer pesadelos? Se o
eleitor conscientemente vota em maus políticos, se torna cúmplice de
suas futuras patifarias!
Ora, não é isso que acontece quando assinamos uma procuração a
alguém? Se ele fizer bobagem com os poderes que emprestamos na
procuração, não somos punidos pelas más ações (malfeitos) do outorgado?
Não é isso que diz o Código Civil?
Pois bem.
Alguns amigos questionam a pregação que faço pelo voto nulo e a eles
explico meus motivos, mas há aqueles críticos mal-intencionados (e acho
que não são exatamente amigos) que me acusam de coisas “imaginárias”,
que (assim agindo) eu seria contra “A” ou a favor de “B”. Mas para todos
recomendo a leitura do professor Doutor Marlon Reis, que no livro
“Direito Eleitoral Brasileiro”, publicado pela Editora Alumnus, em 2012,
afirma que “Discute-se sobre a conveniência de manter-se a
obrigatoriedade do voto. Argumenta-se que a democracia deve estar sempre
ligada à liberdade de manifestação política, o que inclui a abstenção”.
Isso está na página 195 da citada obra.
Já que no próximo dia 30 os cuiabanos devem votar em segundo turno
para prefeito, recomendo alguns programas alternativos, os quais me
parecem bem mais atrativos do que esperar longo tempo numa fila debaixo
de chuva ou de sol, para votar nas pobres opções que nos são oferecidas
pelos dois partidos do golpe, mesmo sabendo de antemão que será um
sacrifício inútil para mudar qualquer coisa da triste realidade que vive
a nossa cidade.
A primeira opção que recomendo é um passeio pelo Veículo Leve sobre
Trilho (VLT), empreendimento milionário e de grande importância para a
nossa sociedade, (que foi iniciado pelo governo do PMDB do Emanuel
Pinheiro e concluído, como havia prometido, pelo governo do PSDB do
Wilson Santos), finalmente nos livrando da ganância das empresas de
transporte coletivo que agiam em conluio com gestores públicos, nos
impondo ônibus lotados e desconfortáveis a preços escorchantes. Graças a
eles hoje temos transporte de qualidade, saúde, educação e segurança de
primeiro mundo. Todos eles cumpriram direitinho com as suas promessas
de campanha.
O VLT faz um trecho que vai do aeroporto Marechal Rondon e chega ao
bairro Tijucal, passando por toda extensão da avenida do CPA, a um custo
módico de R$ 15,00 por passagem. Um passeio inesquecível!
Se o eleitor não gostar da opção, outra alternativa seria um dia
inteiro de lazer na Salgadeira, na divisa com a bela e aprazível Chapada
dos Guimaraes, onde as belezas naturais se misturam com aquelas
atrações criadas pelo homem (restaurantes), numa mistura de montanhas e
cachoeiras. É certo que num “acordo” entre Judiciário, Ministério
Público e políticos há uma ação judicial restringindo o lazer do povo,
mas isso é somente um detalhe que não vem ao caso (como diria aquele
“juiz”).
Mas nós temos também os parques urbanos, nossas cidades os possuem
aos montes, e destacamos aquele em Várzea Grande onde cada centímetro de
espaço é disputado pelo cidadão com vários enxames de mosquitos da
dengue, e aqueles outros de Cuiabá, onde impera o “não pague para
entrar, mas reze para não ser assaltado”, enquanto faz caminhada ou um
piquenique com seus familiares.
Cá pra nós, acho que você percebeu que as políticas e espaços
públicos que mencionei acima como opção de lazer não são realidade, e
isso é graças aos nossos homens públicos (do Judiciário, Ministério
Público, Executivo e Legislativo) que ignoram por completo os interesses
da população.
A gente não quer só comida, a gente quer diversão e arte, já dizia a
letra da canção. Todavia não chegamos nem mesmo no “mínimo existencial”,
e nada nos é oferecido e tudo nos é tirado pelos gestores dos partidos
golpistas que estão pedindo nossos votos no segundo turno. Está aí como
exemplo o “presentão” do PMDB do Emanuel Pinheiro e do PSDB do Wilson
Santos aos brasileiros: a PEC 241, a PEC do adeus: adeus educação e
saúde, adeus habitação popular e saneamento básico, adeus transporte,
cultura, assistência social, adeus desenvolvimento e adeus democracia.
Na realidade, o processo eleitoral nunca foi panaceia para todos os
males. Principalmente agora, quando o Estado Democrático de Direito é
assaltado e a Constituição violentada. Sem o restabelecimento da
democracia essa eleição é apenas uma farsa para legitimar e fortalecer
no poder os usurpadores da República. Creio que há política além do voto
e que a prioridade agora não é tanto a eleição municipal, mas, sim, a
reorganização dos debaixo para resistir a força da cleptocracia que
tomou conta do aparelho do Estado.
Aqui em Cuiabá, para quem quer realmente dizer não ao retrocesso, a
palavra de ordem para o dia 30 de outubro é: Vote nulo e lute!
Antonio Cavalcante Filho, cidadão, escreve às sextas feiras neste Blog. E-mail: antoniocavalcantefilho@outlook.com
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