O governo elitista e golpista de Temer quer assegurar aos filhos da burguesia brasileira a riqueza de nossa herança cultural, de modo a prepará-los como elites dirigentes. Mas, aos filhos dos trabalhadores, quer garantir apenas os rudimentos do conhecimento humano para mantê-los em posição socialmente subalterna, com poucos subsídios para que alcancem estágios mais avançados, do ponto de vista social, econômico e político.
Por Waldeck Carneiro
Um dos temas mais polêmicos propostos pelo governo de Michel Temer
nos últimos meses foi certamente a proposta de reforma educacional.
Em artigo especial para O Cafezinho um dos maiores especialistas em educação no Brasil, o deputado petista Waldeck Carneiro, aponta os perigos da proposta.
Professor da UFF, Waldeck foi aluno de Pierre Bourdieu quando
realizou seu doutorado em sociologia da educação na Sorbonne, na França.
Waldeck explica de forma clara a principal razão da proposta: “Temer
quer assegurar aos filhos da burguesia brasileira a riqueza de nossa
herança cultural, de modo a prepará-los como elites dirigentes”.
Leia abaixo o texto na íntegra:
MP sobre Reforma do Ensino Médio: golpe no futuro do Brasil
Por Waldeck Carneiro, especial para O Cafezinho*
O governo golpista do usurpador Michel Temer baixou, recentemente, a
MP nº 746/2016, que propõe a Reforma do Ensino Médio. Trata-se da
primeira medida de caráter mais orgânico do governo golpista na área de
educação. Um desastre! Em sua versão original, a MP retira do currículo
escolar o ensino de Artes, Filosofia, Sociologia e Educação Física. É
uma “agressão frontal à Constituição de 1988 e à Lei de Diretrizes da
Educação Nacional, que garantem a universalidade do Ensino Médio como
etapa final da Educação Básica”, conforme afirmou em texto recente o
grande pensador da educação brasileira Gaudêncio Frigotto.
A MP reafirma e intensifica o dualismo escolar: escolas particulares
vão continuar a oferecer currículos extensos e mais densos aos filhos
das elites, mas, aos filhos da classe trabalhadora, será oferecido
apenas um currículo minimalista.
A MP 746/2016 é também, segundo Gaudêncio Frigotto, um retrocesso,
uma marcha rumo ao obscurantismo: “O medíocre e fetichista argumento de
que hoje o aluno é digital e não aguenta uma escola conteudista"
dissimula o que realmente os adolescentes e jovens rejeitam, a saber,
uma escola pública degradada fisicamente, sem laboratórios ou
bibliotecas, sem espaços para a arte e as atividades culturais, sem
quadras poliesportivas. Rejeitam uma escola pública cujo corpo docente,
de modo geral, sobrevive sob condições de trabalho e de formação muito
adversas, quando não degradantes.
O governo elitista e golpista de Temer quer assegurar aos filhos da
burguesia brasileira a riqueza de nossa herança cultural, de modo a
prepará-los como elites dirigentes. Mas, aos filhos dos trabalhadores,
quer garantir apenas os rudimentos do conhecimento humano para mantê-los
em posição socialmente subalterna, com poucos subsídios para que
alcancem estágios mais avançados, do ponto de vista social, econômico e
político.
Fonte O Cafezinho
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