domingo, 22 de outubro de 2017

O "GOLPEACHMENT"


Em Mato Grosso, os tapuias da extrema-direita se preocupam com a nudez da obra de arte no shopping, ou a absurda postura do primo do governador do estado, que teria mandado gravar as ligações telefônicas de uma de suas amadas que lhe traía, e de um jornalista que criticava o “despotismo esclarecido” de Pedro Taques ( e mais de setenta mil "grampos").






Por Antonio Cavalcante Filho


Esta semana tratarei de duas informações que vieram a público nos últimos dias, que possuem a capacidade de mudar o rumo da vida de milhões de brasileiros, revelando o quanto os “militontos-analfacoxas” são cada vez mais midiotizados, bem como quanto suas atitudes impensadas têm ajudado na derrocada do país, contribuindo assim para lançar um imenso véu de breu em nossas vidas. O “golpeachment” das elites sanguessugas atenta contra todas as classes de trabalhadores, mas serão os mais pobres, os que mais sofrerão. 

A primeira informação é um artigo do geógrafo Brian Mier, norte-americano que edita a publicação Brasil Wire. A segunda, e talvez a mais chocante (para os outros não para mim), seja a colaboração premiada do doleiro Lúcio Bolonha Funaro, operador de propina do PMDB e seus aliados. Em 10 anexos, ele revela tudo, inclusive as vísceras do golpe de 2016, com a compra desenfreada de votos para a cassação da presidenta eleita Dilma Roussef. 

Brien Mier diz que os Estados Unidos estão por trás do golpe de 2016, tendo sido grande articulador da trama, e o histórico pregresso das ações ianques demonstram que há bastante verdade nessa afirmação. Ou alguém ainda tem dúvidas de que há grandes interesses econômicos dos EUA no Brasil? Se juntar o pré-sal do Brasil e o petróleo da Venezuela, o Mercosul passa a ser a grande potência mundial de petróleo, ultrapassando a Arábia Saudita, grande aliada dos Estados Unidos. E ainda tem a Amazônia e as águas abundantes (por enquanto) no nosso país, que interessam aos abutres norte-americanos. 

Segundo o artigo de Brien Mier, os EUA planejaram, por aqui, o que se chama “golpe suave”, que foi a utilização de redes sociais para disseminar o caos, a divulgação de notícias dos governos Lula/Dilma, apenas nos aspectos negativos (ou falsas notícias, o chamado pós-verdade, na maior cara de pau), e a utilização dos meios de comunicação corporativos para esta finalidade. Se a gente ver os noticiários das emissoras de televisão abertas, Globonews e Jornal Nacional na dianteira, e os jornalões “Estadão” e “Folha”, acolherados com aquele panfleto direitista e tucano, a revista Veja, é possível entender que, de fato, há a mão invisível do Tio Sam nesse processo aqui, no Brasil. 

Os EUA tentaram o “golpe suave” em Cuba, mas, pela segunda vez, os ianques foram derrotados, pois a CIA desistiu de produzir as notícias falsas sobre o “caos em Cuba”, abundantemente espalhadas nas companhias de mídia americanas. Os EUA subestimaram a inteligência do povo cubano, não compreenderam a revolução cubana, entendendo que era apenas um culto à personalidade de Fidel Castro. Com a morte de Castro e a continuidade da revolução, o “golpe suave” não funcionou. 

Na Venezuela, a situação se repetiu, a geração do caos, as notícias ruins e a disseminação de pós-verdades sobre a Revolução Bolivariana (mentiras repetidas à exaustão), e as constantes ameaças de invasão do livre território de um país tão rico em petróleo. Só pra constar: a Venezuela desagradou aos EUA, quando o presidente Hugo Chaves decidiu que a riqueza do petróleo seria distribuída aos pobres (no Brasil, o Pré-sal iria injetar bilhões na educação e na saúde). “Quais os motivos para os Estados Unidos se beneficiarem do golpe no Brasil? As respostas são muitas” 

Quais os motivos para os Estados Unidos se beneficiarem do golpe no Brasil? As respostas são muitas, mas selecionamos algumas: 1) Petróleo; 2) Enfraquecimento dos BRICS; 3) Intervenção dos EUA em nossos assuntos internos; 4) Hegemonia na América Latina; 5) Desestabilização econômica. 

E por fim, o doleiro Lúcio Bolonha Funaro revela não apenas que era um carregador de malas de dinheiro de Michel Temer e seus comparsas do PMDB, PSDB e demais integrantes da “base alugada”, mas que empresas e organizações criminosas compraram deputados para a votação do impeachment de Dilma Roussef, um “golpe suave” que está demolindo o Brasil e sua frágil democracia. 

Em um dos anexos da colaboração premiada, Funaro detalha para a Procuradoria Geral da República como repassou R$ 1 milhão para o ex-deputado Eduardo Cunha “comprar” votos a favor do impeachment de Dilma Rousseff, em 2016. E quero lembrar que, semelhante confissão já foi feita pelo Marcelo Odebrecht e por Joesley Batista, empresários atualmente presos, que contribuíram financeiramente com o golpe de 2016. 

Diante disso tudo, só me resta lamentar e alertar a população brasileira que o pior ainda está por vir, a opção de setores do Judiciário e do Ministério Público de criminalizar a política e defender com unhas e dentes os “direitos tucanos” estão levando as instituições a um descrédito nunca antes visto. Quero lembrar que, por duas vezes o Supremo Tribunal Federal mandou punir o senador Aecio Neves, presidente do PSDB. E, por duas vezes, o mandado de intimação do STF foi jogado na cesta de lixo do banheiro do gabinete da presidência do Senado Federal. 

Creio que, ao denunciar o golpe em inúmeras publicações que fiz nos últimos dois ou três anos, fui mal compreendido por algumas pessoas boas e até mesmo achincalhado por “malas sem alça”, que viviam dançando pelas ruas o ridículo “Melô do Golpe” do MBL/FIESP (coxinhas de pato amarelo) e seus assemelhados. 

Na atualidade, a disseminação de notícias sobre homens nus em museus, quadros de arte tidas como pornográficas, e o absurdo de uma “ditadura gay”, atendem bem aos interesses do “golpe suave”, pois servem de cortina de fumaça para as empresas estrangeiras levarem o nosso pré-sal de graça, para a Amazônia perder seu território para as mineradoras nacionais e multinacionais, para os quilombolas e indígenas continuarem sendo roubados, para os trabalhadores perderem direitos duramente conquistados, para nosso anciãos terem suas aposentadorias cada vez mais distantes, para que, com a “portaria da escravidão”, o trabalho escravo seja legalizado, para Aécio neves ser salvo pelos compassas que querem “estancar a sangria” e para Michel Temer fugir da cadeia comprando senadores e deputados. Enquanto isso, os coxinhas militontos do “Golpeachment” invadem museus e criticam artistas, se fazendo de surdos e mudos para os graves problemas econômicos e sociais que eles ajudaram a criar.

Como a mídia corporativa é parte do plano, sonega informações sobre crimes de Aécio e seu parceirão Michel Temer, o juiz de Curitiba aproveita para permitir que um advogado compadre negocie acordos de delação premiada com o Tacla Duran, advogado da Odebrecht. Em Mato Grosso, os tapuias da extrema-direita se preocupam com a nudez da obra de arte no shopping, ou a absurda postura do primo do governador do estado, que teria mandado gravar as ligações telefônicas de uma de suas amadas que lhe traía, e de um jornalista que criticava o “despotismo esclarecido” de Pedro Taques. 

Acho até que a Globonews e o Fantástico vão dizer, no próximo domingo, que membros da família do governador de Mato Grosso vão continuar presos por ordem do STF, pelas interceptações ilegais (grampos). Mas será que os mesmos programas vão falar sobre o livro publicado por Tacla Duran, na Espanha, denunciando os acordos milionários de delação premiada, celebrados na Lava Jato, com participação de advogados ligados a juízes e procuradores? 

Antonio Cavalcante Filho, o Ceará, é sindicalista e escreve neste espaço às sextas-feiras - E-mail: antoniocavalcantefilho@outlook.com

Fonte RD News


A "TRANSPARÊNCIA" DA DIREITA EM MATO GROSSO