segunda-feira, 27 de novembro de 2017

ESCOLA SEM ESMOLA


Nenhum dos governadores de Mato Grosso teve tantos secretários presos pela Justiça durante o mandato como ele, e olha que já passou muito bandidão pelo Palácio Paiaguás. Os assessores de Taques, titulares de pastas importantes para o Estado como a Secretária de Educação, Casa Civil, a Secretaria de Justiça e a Secretaria de Segurança Pública, foram em cana, sob as mais diversas acusações.






Por Antonio Cavalcante Filho




O senhor Pedro Taques quer ser conhecido como o cara que mais inova, o sujeito que mais transforma, para isso torra quase R$ 90 milhões em propagandas, mas, na verdade, ele é o governador que mais precarizou os serviços públicos neste Estado. Seu governo, que felizmente terminará bem aí, em 2018, deverá entrar para a história de Mato Grosso como um dos piores, e entre aqueles que mais danos causaram aos servidores públicos e à população em geral. Sem falar na grande decepção política, moral e administrativamente que foi para a maioria dos seus eleitores (inclusive para mim que votei nele).

Dele, ficará na memória do povo as tristes imagens dos servidores do Detran denunciando desmandos, em greve e querendo negociar, sendo recebido pela polícia de Taques com “porradas e bombas”. Mulheres agredidas com gás de pimenta nos olhos, servidores atônitos sendo algemados por policiais parrudos, o que me lembra que a PM se acovardou, como no caso dos grampos, e passou a condição de serviçal de Pedro Taques.

Eu pensei que nomear um bando de ladrões para “cuidar” da Educação seria o pior momento dele, dando a alguns facínoras o passe livre para fazerem desvios de recursos das escolas dos filhos dos trabalhadores, para pagamento de despesas da campanha eleitoral. Mas não foi, o senhor TX sempre se supera, e, nem mesmo o partido mais escravizante e golpista do país, o PSDB, aceita mais se sujeitar aos seus caprichos.

Nenhum dos governadores de Mato Grosso teve tantos secretários presos pela Justiça durante o mandato como ele, e olha que já passou muito bandidão pelo Palácio Paiaguás. Os assessores de Taques, titulares de pastas importantes para o Estado como a Casa Civil, a Secretaria de Justiça e a Secretaria de Segurança Pública, foram em cana, sob as mais diversas acusações. E até a gloriosa Polícia Militar foi usada como instrumento de vingança e vigilância contra adversários do governador.

Mas o Taques sempre pode fazer pior.

Na mesma pisada do golpista Carlos Lacerda em 1954, para derrubar Getúlio Vargas, Pedro Taques, aliado de primeira hora do conluio Aécio/Cunha/Temer no golpe de 2016, saiu pelo país pedindo a quebra da Democracia, para derrubar Dilma Roussef. Como diria Lacerda, na época de Getúlio: “não pode ser candidato. Se for candidato, não pode ganhar. Se ganhar, não pode tomar posse. Se tomar posse, não pode governar".

Isso gerou uma crise que levou o país a possuir um rombo de quase 200 bilhões de reais em 2017, ou seja: 10 vezes mais do que o pior momento do governo Dilma. Eles roubaram um mandato popular de 55,7 milhões de votos e empurraram o Brasil para o precipício da “Ponte sem Futuro” do Misshell. Sim, do Misshell Temer, o usurpador traidor e lobista das multinacionais que estão desnacionalizando o nosso país, como a exemplo da petrolífera inglesa Shell.

E, como se tudo isso não bastasse, Taques seguindo à risca a cartilha do seu professor Misshell, que isenta essas grandes multinacionais de pagarem cerca de 1 trilhão de dólares de impostos, aqui, em Mato Grosso, para o próximo ano, o governo doará ao rico agronegócio R$ 3 bilhões em forma de isenção fiscal (tirando dos pobres para doar aos ricos), sem falar nos mais de R$ 30 bilhões que perdemos com a sonegação, conforme já identificado pela Sefaz (pode faltar dinheiro pra tudo, só não irá faltar pra campanha de 2018).

É por essa razão que não existem mais concursos públicos, aumenta o número de desempregados, o preço da gasolina e da energia elétrica disparam, a saúde pública sucateada, a educação dando a impressão que já caminha para os seus últimos desmontes e os servidores estaduais, cada vez mais, na insegurança se receberão o salário em dia e na incerteza se o seu décimo terceiro salário vai sair ou não.

E a nova do Pedro Taques? Escola Sem Dinheiro.

Foi publicada a lei estadual 10.628, de 10 de novembro de 2017. Ela institui um tal programa “Adote uma Escola no Estado de Mato Grosso”. É desejo do Taques e sua turma que o povo se dane, e a responsabilidade da educação seja dos outros. Quem sabe até de empresas “interessadas” no bem-estar dos outros (pode rir, essa é piada!).

Pela lei de Taques, as empresas poderão fazer a doação de equipamentos, fazer obras de manutenção, se responsabilizar pela conservação e pintura, fazer reformas e ampliações de prédios escolares.

E, após fazer essa “graça” com a escola, a empresa pode fazer todo tipo de intervenção que quiser, afinal ela comprou e pagou, pode dizer para todo mundo que aquela obra é sua. A lei prevê que as empresas podem divulgar, com fins promocionais e publicitários, todas aquelas ações praticadas em “benefício” da escola “adotada”.

Como se já não bastasse, a tal “Escola Sem Partido”, que a turminha do Taques defende com todas as forças, achando pouco a discussão sobre o respeito às mulheres e minorias serem combatidas por serem “ideologias de gênero”, portanto, proibidas, a novidade do dia é essa: “Escola Sem Dinheiro” a mercê do sistema capitalista sendo usada como peça de propaganda e refém de quem tem dinheiro.

A questão a saber é: e os recursos do orçamento que são destinados para a educação, os 25% que o Estado se obriga a aplicar nesse setor da administração, irão para onde, senhor Taques?

Taques dizia que tudo de ruim que existia era por causa da Dilma e do PT. Mas quem vem atrasando para Mato Grosso o repasse do tal Fundo de Exportação (resultado do perdão de impostos aos latifundiários) não é Temer? O problema do Brasil não era o PT? Não era só tirar o PT e tudo melhorava? Junto com seus secretários presos, Taques não batia panela vestindo a camisa da CBF? O que houve? Não tem mais PT, não tem mais Dilma, e o que está faltando para reconhecer que vocês enganaram o Brasil?

Queremos Escola Sem Esmola.

Antonio Cavalcante Filho, o Ceará, é sindicalista e escreve neste espaço às sextas-feiras - E-mail: antoniocavalcantefilho@outlook.com

Fonte RD News