Trata-se de aventura que não deu certo em 1933. Talvez devêssemos aprender com a história e lembrar que a ascensão de Adolf Hitler foi possibilitada apenas pelo apoio do capital financeiro e da grande indústria na Alemanha de Weimar, temerosos com o “perigo” bolchevique.
Por Eugênio Aragão
A
implosão do PSDB com a destituição de Tasso Jereissati deixou a direita
golpista, aquela que bajula o “mercado” e outrora se proclamava
“liberal”, feito barata tonta. Com o gesto kamikaze de Aécio para
salvar a própria pele, o partido paga a conta de sua cumplicidade com
os bandidos que assaltaram o poder em 2016 e fica reduzido a um saco de
gatos incapaz de se mobilizar como alternativa de poder.
E
agora, “mercado”? (Aqui entendida a turma do capital financeiro que
nunca perde, por mais que custe ao país). Aliar-se ao Sr. Temer foi bom
para destruir direitos e criar uma terra arrasada do lado de quem
poderia resistir a seu apetite ilimitado por porções orçamentárias de
Leão. Mas não é uma alternativa sustentável no médio prazo, dada a
impopularidade avassaladora da corja que representa.
A
saída para a extrema direita parece ser o caminho natural para garantir
a continuidade da irrigação de sua plantação financeira. E Bolsonaro,
que pode não entender nada de economia, mas tem fome enorme de poder,
logo se apercebe que tem que investir no discurso das “reformas” para
confiscar essa bandeira do governo golpista e se estabelecer com
alternativa para o “mercado”.
E assim caminhamos.
O “mercado”, que se aliou ao
golpe, se junta à extrema direita, para continuar mamando nas tetas do
Estado e impedir que Lula volte para reconstruir o consenso social
necessário para reequilibrar o cenário político e recompor o tecido
institucional esgarçado com a destituição da presidenta Dilma Rousseff.
Trata-se de aventura que não deu
certo em 1933. Talvez devêssemos aprender com a história e lembrar que a
ascensão de Adolf Hitler foi possibilitada apenas pelo apoio do capital
financeiro e da grande indústria na Alemanha de Weimar, temerosos com o
“perigo” bolchevique.
E deu no que deu. Achavam que
iam domesticar o austríaco desvairado e submetê-lo à orientação
conservadora de Von Papen. Mas erraram redondamente. Fascistas de raiz
não são domesticáveis. Seu ódio fala mais alto que a razão.
Alguém que chutou em colega
parlamentar seu por ser homoafetivo ou que disse a outra colega que não
“merecia ser estuprada” definitivamente não tem estatura para ser chefe
de estado e chefe de governo. É ledo engano de conservadores de salão
achar que Bolsonaro se civiliza com um cursinho Socila. Sua
eleição significa rompimento com todos os marcos civilizatórios e nos
projetará no mais abjeto do fascismo troglodita, com a negação do
sentimento de empatia e de solidariedade social.
Namorar politicamente com
Bolsonaro é sinal de completa deformação moral e de ruptura com os
valores democráticos. Seu patriotismo de papel é, em verdade, o discurso
oco de um homem sem programa e com desejo, apenas, de estabelecer o
totalitarismo fascista entre nós.
Fica o recado: quem com ele
acredita poder se aliar para impedir Lula estará assinando seu
testamento de traidor da sociedade e da democracia e, no futuro, se
excluirá de qualquer composição civilizada para reconstruir o Brasil.