A “república do patinho do PowerPoint” é o conceito que melhor descreve o momento republicano brasileiro.
os criminosos sonegadores de sempre,
encastelados na FIESP moveram os barbantes que deram movimento às
marionetes que foram às ruas com camisetas amarelas, uma panela na mão e
nada na cabeça!
Por Antonio Cavalcante Filho
Há cerca de uns 128 anos, a aristocracia semifeudal (elite rural escravocrata) brasileira, a mesma que sempre apoiou o império, descontente com os rumos da monarquia, principalmente no que se refere ao fim da escravidão, a questão religiosa (interversão do Estado na igreja) e a questão da guerra do Paraguai, mancomunou-se com meia dúzia de marechais, generais e coronéis, entre eles, o Marechal Deodoro, amigo de D. Pedro e um dos maiores defensores da Monarquia para aplicarem o maior golpe de estado da nossa história.
Há cerca de uns 128 anos, a aristocracia semifeudal (elite rural escravocrata) brasileira, a mesma que sempre apoiou o império, descontente com os rumos da monarquia, principalmente no que se refere ao fim da escravidão, a questão religiosa (interversão do Estado na igreja) e a questão da guerra do Paraguai, mancomunou-se com meia dúzia de marechais, generais e coronéis, entre eles, o Marechal Deodoro, amigo de D. Pedro e um dos maiores defensores da Monarquia para aplicarem o maior golpe de estado da nossa história.
Em todo dia 15 de novembro de cada ano, esse episódio é relembrado no
feriadão da “Proclamação da República”. República, literalmente falando
significa "coisa do povo". Esse golpe, só agigantou a farsa da
dominação burguesa no Brasil: uma “República” proclamada sem o povo, de
mãos dadas com a “democracia” dos ricos corruptos e sanguessugas desse
mesmo povo. Um dos primeiros atos de corrupção do novo regime que nasceu
sem a participação popular foi quando os golpistas sacaram dos cofres
públicos 5 mil contos de réis para entregarem a Dom Pedro II como forma
de indenização, o que de imediato ele recusou dizendo: “Com que
autoridade esses senhores dispõem do dinheiro público? ”
De lá para cá, golpes atrás de golpes foram se sucedendo
paulatinamente. Em 3 de novembro de 1891, Deodoro da Fonseca, por
decreto, dissolveu o Congresso Nacional. Também por decreto, para
completar o golpe, ele instaurou o Estado de Sítio autorizando o
exército a cercar a Câmara e o Senado para prender os seus
oposicionistas. Diante da reação da marinha que ameaçou bombardear a
cidade do Rio de Janeiro, caso o presidente continuasse no cargo, vinte
dias após o golpe de 3 de novembro, Deodoro renuncia. Com um perfil
também ditatorial, em seu lugar, assumiu Floriano Peixoto.
Em 1930, veio o golpe de caráter civil-militar conhecido como
“Revolução de 30. Em seguida, em 1937, o golpe do “Estado Novo”. Em
1945, deposição de Getúlio Vargas. Entre 31 de março a 2 de abril de
1964, o malfadado golpe Militar, e, em 2016, o golpe
parlamentar-midiático-judicial. A partir daí, o que antes era conhecido
como a “república das bananas”, inicia-se o período da república do
“Pato do PowerPoint”.
A burguesia brasileira, herdeira das capitanias hereditárias e do
colonialismo escravocrata, nunca permitiu que fôssemos realmente uma
nação livre, democrática, republicana e soberana. Ela discrimina a
música popular e as diversas espécies de manifestação cultural legítima
do nosso povo. Prestigiam o cinema estrangeiro, e as férias são
usufruídas em Miami, a segunda língua é o inglês, ainda que nos 12
países da América do Sul impere a língua espanhola, com grande número de
falantes, e o guarani (uns 7 milhões) que só perdem para o português,
em razão dos 210 milhões de brasileiros.
Aqui, nessa terra amada por Deus e bonita por natureza, a propaganda
nos meios de comunicação, subornada às classes dominantes, fomenta a
crítica e a discriminação contra nossos irmãos da Argentina; nos coloca
contra o Paraguai, o tratando como nação de segunda categoria (já o
destruímos uma vez, na Guerra da Tríplice Aliança, para atender a ordem e
os interesses financeiros da Inglaterra); da mesma forma, somos
incentivados a criticar a Bolívia, país de rica natureza e cultura, onde
praticamente foi erradicado o analfabetismo e que cresce a ritmo
chinês. Outro “inimigo” é a Venezuela, cujos poços de petróleo, somados
ao “nosso” pré-sal, nos colocaria na vanguarda da produção de energia
num eventual Mercosul unificado.
A coligação golpista cunha/Temer/Aécio/Rede Globo/Lavajato entregou
essa riqueza para as petroleiras internacionais, contrariando o projeto
interessante ao Brasil, que era o de aplicar o dinheiro do pré-sal nas
escolas para nossas crianças e na saúde da população.
Tudo isso está ocorrendo porque os coxinhas midiotas criaram a
República do Pato, gente “teleguiada” por um grupo bem organizado,
articulado, pequeno, mas com influência que gerou a comoção pública para
darem mais um golpe no Brasil. Umas das técnicas usadas foi o
“PowerPoint”, transformado pelo Ministério Público Federal como forma
preliminar de execução pública de reputações. Por isso, a “república do
patinho do PowerPoint” é o conceito que melhor descreve o momento
republicano brasileiro.
A configuração dessa nova “república” foi feita para que os bandidões
estancassem a “sangria processual” que avançava sobre os chefões
políticos do Golpe, como o Eduardo Cunha, Michel Temer e o Romero Jucá,
do PMDB, e o meninão, com uma “carreira invejável” (palavras do STF),
Aécio Neves, do PSDB. E os criminosos sonegadores de sempre,
encastelados na FIESP moveram os barbantes que deram movimento às
marionetes que foram às ruas com camisetas amarelas, uma panela na mão e
nada na cabeça!
Nessa república do patinho do PowerPoint, é permitido que a polícia
federal, a pedido do Rodrigo Janot, instaure um inquérito para
investigar a morte de um cachorro. O cão labrador, não mais se locomovia
por estar doente e contar com 13 anos de idade, o que equivale a uns 70
anos da espécie humana. Mas como era de Dilma Roussef, o sacrifício do
cachorro, por ordem do veterinário, é investigado pelo MPF.
Mas, o mesmo MPF, e a mesma PF que deverá fazer perícia em ossos de
um animal morto há dois anos, vê Michel Temer negociar com os deputados
todos os dias, dispensando verbas públicas para aplacar a “sangria” de
mais um processo criminal. Nesse caso, a compra de votos de deputados,
punida no Mensalão, nem passa pelo crivo da instauração de um inquérito.
Os gordos salários dos magistrados que chegam a meio milhão de reais,
conforme denúncia, que se tornou pública, não é objeto de qualquer
investigação séria. Os bandidos beneficiados com a delação premiada
curtem deliciosamente o dinheiro que restou após “entregar” os parceiros
de crime. A delação premiada prova que o crime compensa.
Essa é a prova da existência da república do patinho do PowerPoint.
Eu sei que há muita gente arrependida de ter dado apoio ao Golpe. A
tal pedalada da Dilma gerou um déficit de 20 bilhões ao país. O timão
montado pela Rede Globo, bancos, PSDB e PMDB está multiplicando o rombo
por 10, devendo finalizar o ano de 2017 com um déficit que chegará a R$
200 bilhões.
E o que isso significa?
Significa que o país quebrou, e é por essa razão que o preço da
gasolina sobe toda a semana, já não dá para prever quanto custará o gás
de cozinha no mês que vem, e temos 15 milhões de famílias sofrendo o
drama do desemprego de, pelo menos, um de seus membros.
Imperam atualmente o medo do futuro e a discriminação das minorias,
os programas sociais estão ficando na saudade, já se prevê o fim da
escola pública e de todo o sistema único de saúde. A burguesia queria um
país somente para os da sua espécie, mas vou dar uma notícia ruim: do
jeito que anda o governo Temer, com a briga de seus aliados, do PSDB, e a
recalcitrância da Rede Globo (que não decide se aposta em Sergio Moro
ou Luciano Huck para a presidência) vão nos jogar completamente no
“colo” da nova Colônia, o país de Donald Trump.
Antonio Cavalcante Filho, o Ceará, é sindicalista e
escreve neste espaço às sextas-feiras - E-mail:
antoniocavalcantefilho@outlook.com