Viu-se no palanque uma encenação despudorada, sem freios nem inibições, típica de quem já comemora a chegada da barbárie como etapa seguinte à avacalhação geral.
Por Paulo Moreira Leite
A cena ocorrida no palanque eleitoral de Rio Branco, no Acre, onde
Jair Bolsonaro simulou o massacre de petistas com tiros de metralhadora,
é um efeito previsível do veto do TSE à presença de Lula na campanha,
decisão oficializada menos de 48 horas antes em sinistra decisão do TSE.
O impacto real da medida foi diagnosticado pelo colunista Bernardo
Mello Franco, do Globo: "concorde-se ou não com o resultado, a sessão do
TSE será lembrada como a maior interferência do Judiciário numa
sucessão presidencial desde o fim da ditadura".
Em junho de 1964, a ditadura se consolidou quando Castello Branco
cassou os direitos políticos de Juscelino Kubitschek, deixando claro
que o compromisso inicial de respeitar calendário eleitoral que previa
eleições diretas para outubro de 1965 jamais seria cumprido. O resto foi
decorrência, inclusive a institucionalização da perseguição à oposição,
que logo iria incluir a tortura sistemática de prisioneiros, e o
cancelamento de eleições para presidente, que só voltariam em 1989.
Em agosto de 2018, quando o país enfrenta uma semi-ditadura, "a maior
interferência do Judiciário numa sucessão presidencial" é acima de
tudo uma operação politicamente dirigida, o ato mais recente de uma
sequencia que teve início em 2005, com a AP 470, conhecida como
Mensalão. Embora Lula tenha direito a recorrer, com um pedido de liminar
a ser apresentado no Supremo Tribunal Federal, a cena de Rio Branco
mostrou, menos de 48 horas depois do 6 a 1 no TSE, que seu primeiro
efeito foi diminuir inibições e liberar os piores instintos do fascismo
na campanha presidencial.
Viu-se no palanque uma encenação despudorada, sem freios nem
inibições, típica de quem já comemora a chegada da barbárie como etapa
seguinte à avacalhação geral.
Para empregar uma imagem literária clássica, pode-se dizer que a
selvageria no palanque é comparável à uma célebre frase do romance
"Irmãos Karamazov", de Dostoievsky, no qual um personagem sublinha o
caráter civilizatório da religião em sociedades culturalmente atrasadas
com uma frase que se tornou referência universal: "Se Deus não existe,
tudo é permitido".
(A frase, obviamente, não deve ser tomada no sentido literal nem
religioso. Mas basta substituir a palavra "Deus"por "soberania popular"
para se entender o drama à espreita do Brasil em 2018).
Nunca é demais lembrar que o início do processo que levou ao veto a
Lula é a condenação precária do tríplex, que contraria a documentação
disponível nos autos. No meio do caminho, aboliu-se o transito em
julgado para o cumprimento de sentença penal condenatória, como exige o
artigo 5 da Constituição. Já a cena de 6a. feira afronta uma decisão
da Organização das Nações Unidas com base num Pacto no qual o Congresso,
um dos três poderes da República, reconhece valor de lei.
Contra tudo isso, a candidatura Lula, mesmo na prisão, se afirmou
como escolha democrática de 40% dos brasileiros. Barbada nas urnas,
quem sabe no primeiro turno.
Graças à "maior intervenção desde a ditadura", não é de espantar que
Bolsonaro tenha exibido o novo estado de ânimo na primeira
oportunidade.
Antes do 6 a 1, era obrigatório registrar seu esforço para assumir
uma postura mais discreta, após sucessivos vexames em aparições mais
recentes.
Até o economista Paulo Guedes, encarregado de atuar como uma espécie
de tutor ideológico, acabou atrapalhando ao revelar ao país inteiro que o
plano de Bolsonaro é "seguir o que Temer vem fazendo, só que mais
rápido".
A violência encenada, ontem, é a festa do liberou geral.
Alguma dúvida?
Fonte Brasil 247
COMO PENSAM OS FASCISTAS?
SOBRE A PERSEGUIÇÃO AOS JUDEUS: “A natureza é cruel; então também estamos destinados a ser cruéis. Ao enviar a flor da juventude alemã para a chuva de metais da guerra sem o menor remorso pelo precioso sangue deles que está sendo derramado, eu deveria ter o direito de eliminar milhões de uma raça inferior que se multiplica como verme.” (Adolf Hitler)
SOBRE A DITADURA MILITAR NO BRASIL: "O único erro foi torturar e não matar...". (Jair Bolsonaro). "Deveriam ter sido fuzilados uns 30 mil corruptos, a começar pelo presidente Fernando Henrique Cardoso". (Jair Bolsonaro).
SOBRE A TORTURA: "O cara tem que ser arrebentado para abrir o bico...". (Jair Bolsonaro). "O objetivo é fazer o cara abrir a boca". (Jair Bolsonaro).
SOBRE A DITADURA NO CHILE: “ Pinochet devia ter matado mais gente". (Jair Bolsonaro).
SOBRE A DITADURA MILITAR NO BRASIL: "O único erro foi torturar e não matar...". (Jair Bolsonaro). "Deveriam ter sido fuzilados uns 30 mil corruptos, a começar pelo presidente Fernando Henrique Cardoso". (Jair Bolsonaro).
SOBRE A TORTURA: "O cara tem que ser arrebentado para abrir o bico...". (Jair Bolsonaro). "O objetivo é fazer o cara abrir a boca". (Jair Bolsonaro).
SOBRE A DITADURA NO CHILE: “ Pinochet devia ter matado mais gente". (Jair Bolsonaro).