O que levou milhões de eleitores votarem no “Capitão Mito”, que fugiu de todos os debates e não apresentou nenhuma proposta aos seus eleitores, se não foram os fake News e as embustices esparramadas aos milhões nas redes sociais?
Por Antonio Cavalcante Filho
Em 2019, continuarei torcendo pelo meu país. Mas não é preciso ser profeta para antever o mal que desabará sobre o Brasil, a partir de janeiro. Seguindo o roteiro do golpe e aprofundando as maldades do Temer contra o povo, Bolsonaro deve arrematar o desmoronamento da nossa soberania, nos oferecendo, de quatro, ao desvairado Donald Trump.
Em 2019, continuarei torcendo pelo meu país. Mas não é preciso ser profeta para antever o mal que desabará sobre o Brasil, a partir de janeiro. Seguindo o roteiro do golpe e aprofundando as maldades do Temer contra o povo, Bolsonaro deve arrematar o desmoronamento da nossa soberania, nos oferecendo, de quatro, ao desvairado Donald Trump.
A novidade nesse período pós-eleitoral, onde impera o pós-verdade, o
fake news, a mentira qualificada, é apontar o dedo a alguém e perguntar
se ela é contra ou a favor do governo que vai assumir. Antes que me
indaguem, já vou adiantando: sim, sou contra! Pois sou contra a
precarização do serviço público, sou contra a vulnerabilidade dos
servidores e contra a perseguição da classe trabalhadora, maldades que
vêm sendo sinalizadas pelo governador Mauro Mendes e o presidente Jair
Bolsonaro.
Em encontro recente ocorrido em Brasília, onde o presidente,
cuja família possui o motorista mais rico do Brasil, o tal Queiroz,
Bolsonaro recebeu 19 governadores e um pedido: o fim da estabilidade do
servidor público. Entre os presentes, ao “convescote”, estava o
governador eleito de Mato Grosso, Mauro Mendes.
Sou totalmente contrário à absurda concentração de renda que se
antevê, com a concessão de incentivos fiscais cada vez mais substanciosa
a empresas “amigas”, ao agronegócio, sem a devida contrapartida no
desenvolvimento das cidades e na distribuição de renda. Sou contra a
discriminação das cidades empobrecidas, que ficam fora do orçamento e do
planejamento das políticas públicas.
Alinho-me contra a atividade governamental diária de surrupiar
direitos trabalhistas, levando as pessoas a um nível de “quase
informalidade”, como deseja Bolsonaro, que nunca teve uma carteira
assinada em sua vida. Esse sujeito sempre sobreviveu com o dinheiro
obtido em cargos públicos, nunca levantou de madrugada e pegou um ônibus
lotado. Nunca ficou na fila da prefeitura para obter as migalhas de um
programa social e jamais teve que sobreviver seis meses de um
seguro-desemprego, que, na verdade, é a linha tênue que separa o limite
da dignidade e da fome.
Sou totalmente contra a militarização de escolas, vide às constantes
denúncias de maus tratos a alunos e até acusações de estupros de jovens
inocentes, traumatizados para toda a vida. Sou contra a perseguição a
professores e à liberdade de pensar. Sou contra a cobrança de
mensalidades em escolas públicas e ao ensino à distância, que
simplesmente elimina o contato entre alunos e professores. Sou contra a
perseguição às universidades e rechaço os ataques à autonomia
universitária e liberdade de cátedra.
Sou contra a destruição do princípio da solidariedade que permeia as
políticas públicas, como na saúde e na previdência. Por esse viés
humanitário, o trabalhador de hoje recolhe uma contribuição que vai
pagar a aposentadoria daquele que não mais pode trabalhar. O sistema
público de saúde, tão carente de recursos humanos e financeiros, ainda é
altamente republicano, porque ricos e pobres recebem a mesma atenção no
posto de saúde ou na enfermaria.
Sou contra o desmatamento e a destruição da política ambiental para
favorecer alguns grandes fazendeiros, que não economizam veneno na
lavoura, transportando para o prato das refeições uma enormidade de
veneno como o Paraquat. Essa “desgraça” causa depressão, mal de
Parkinson e câncer, e foi proibida nas lavouras da União Europeia, porém
está entre os 8 venenos mais vendidos no Brasil.
Sou contra a propagação de mentiras como tática de enganação, e não
aceito que um presidente recuse assinar o Pacto da Migração sob o tosco
argumento de que estrangeiros viriam para o Brasil para “casar” com
crianças de 10, 11 anos de idade. Isso é terror barato, é algo aceito em
diálogos de adolescentes brincalhões, mas nunca de um presidente
eleito, que possui altas responsabilidades.
Persistindo essas posturas de governos, apregoando medidas
desastrosas para o país e seu povo, sou visceralmente contra todos eles e
torço pela abreviação dos seus mandatos com os cidadãos arrependidos
dos seus votos, indo às ruas pedir suas “cabeças”.
Mas o que levou milhões de eleitores votarem no “Capitão Mito”, que
fugiu de todos os debates e não apresentou nenhuma proposta aos seus
eleitores, se não foram os fake News e as embustices esparramadas aos
milhões nas redes sociais? Entre seus embustes está a falsa promessa de
fazer um governo de homens honestos. Porém, nem sequer assumiu e já se
sabe que, dos seus 22 ministros que prometia serem somente 15, 9, estão
atolados de problemas com a justiça.
O futuro da democracia no Brasil dependerá de como o povo reagirá a
tudo isso. Desejando a todos um Feliz Natal, torço para que, em 2019, a
população se cure do torpor, da enganação e cegueira bolsonarista, se
reorganizando para barrar o entreguismo, resgatar o Estado Democrático
de Direito e reabilitar seus direitos roubados!
Antonio Cavalcante Filho, o Ceará, é sindicalista e
escreve neste espaço às sextas-feiras - E-mail:
antoniocavalcantefilho@outlook.com
Fonte RD News