
Luciano Fábio Dantas CapistranoHistoriador e professor
Nesse mês, completa-se mais um ano do famigerado golpe militar de 1964. Durante aproximadamente 20 anos vivemos sob o regime do medo, do terror praticado nos porões dos governos militares. Momentos de exceção, em que liberdade era sinônimo de desordem. Muitos foram os brasileiros e brasileira, presos, torturados, mortos e desaparecidos, dentro dos calabouços da ditadura.
A tortura praticada nos cárceres do regime, deixou marcas profundas, naqueles que ousaram contestar o modelo político/econômico vigente, pois, acreditavam na construção de uma sociedade solidária. A terra potiguar não passou imune a este período. Muitos foram os potiguares que disseram não ao modelo autoritário pos- 64. Muitos foram os que padeceram nos porões da ditadura.
O jornalista Luciano Almeida, ex-dirigente do PCBR (Partido Comunista Brasileiro Revolucionário), preso político por aproximadamente 10 anos, fez o seguinte relato sobre a tortura: "eu sabia qual deveria será atitude de um militante comunista na tortura[...] Mas entre o ser e o saber não há uma relação de contigüidade, uma vinculação automática."Luciano Almeida e muitos outros potiguares, sobreviventes dos cárceres da ditadura militar, vivenciaram momentos de dor e desespero. Heróis, hoje, anônimos para as novas geraçõesEm tempos de democracia faz necessário trazer ao conhecimento dos novos, histórias de homens e mulheres, que ousaram sonhar e lutar por um mundo possível. Histórias como a do ex bancário Luiz Alves, militante do PCBR, foi preso juntamente com sua esposa Anatália Alves. Além das torturas sofridas, Luiz Alves ouviu os gemidos de dor, de sua companheira sendo seviciada nas dependências do DOI/CODI pernambucano.
Luiz Alves, trabalhava no Banco do Brasil em Mossoró, antes de ser perseguido pela polícia política, sua esposa, Anatália Alves, era professora e trabalhava numa cooperativa de mulheres, também na capital do oeste. A versão dos órgãos de repressão, sobre sua morte apontava o suicídio como causa mortis, pasmem amigos, ela teria se enforcado na alça de sua bolsa. Versão mentirosa, utilizada muitas vezes pelos militares para esconder a verdade, como no famoso caso do jornalista Wladimir Hersog.
Anatália Alves, professora, militante política, morta na década de 1970, vive hoje na memória daqueles, que não se deixaram dobrar diante do obscurantismo.
