sexta-feira, 18 de junho de 2010

Audiência pública reacende polêmica

Deputados usaram evento para criticar Julier Sebastião e Mário Lúcio Avelar; representantes da Justiça, do MP e da PF não compareceram

A audiência pública foi realizada ontem pela manhã na Assembleia Legislativa: tom de crítica contra agentes públicos federais


ANA ROSA FAGUNDES

Da Reportagem

A audiência pública realizada pela Assembleia Legislativa ontem para debater os custos e resultados das operações da Polícia Federal rendeu grande polêmica. O presidente da Assembleia Legislativa, deputado José Riva, afirmou que não dá para descartar o viés político da operação Jurupari, que investiga crimes ambientais.

Nessa operação quase 100 pessoas, incluindo a esposa, irmão e genro do deputado, foram presas. Além deles, também foram presos o então chefe de gabinete do governador Silval Barbosa (PMDB) e servidores do alto escalão da Secretaria de Meio Ambiente.

As críticas foram claras e diretas ao juiz da Justiça Federal Julier Sebastião da Silva e ao procurador do Ministério Público Federal, Mário Lúcio Avelar. As operações mais polêmicas da PF – aquelas que de alguma maneira têm envolvimento de políticos – foram assinadas pelos dois.

O deputado federal Pedro Henry foi forte em suas palavras, fazendo graves acusações. “A Operação é conversa fiada para Julier e sua quadrilha chegarem ao poder”, acusou o deputado.

Nenhum representante da Justiça Federal, do Ministério Público ou da Polícia Federal compareceu ao evento. Mas a ONG Moral e o Movimento de Combate à Corrupção (MCCE) fizeram a defesa desses órgãos. O presidente da Moral, Ademar Adams, tomou a tribuna e defendeu as instituições federais dizendo que “os parlamentares não têm moral para criticar a Justiça”, já que recai sobre aquela Casa de Leis a suspeita de desvio de dinheiro. Além disso, rebateu as afirmações de que as operações prejudicaram a economia do Estado. “Dizer que a circulação do dinheiro em Cuiabá diminuiu depois da prisão do Arcanjo é pedir que o bicheiro volte às suas atividades nas ruas”, disse Ademar, referindo-se a João Arcanjo Ribeiro.

O sociólogo Maurício Munhoz apresentou um estudo afirmando que a operação Curupira causou prejuízo de R$ 8 bilhões ao Estado. “Quase 30 mil pessoas perderam emprego. Isso significa R$ 1 bilhão em salário que parou de circular. Isso afeta o consumo, a arrecadação de impostos...”, explicou o sociólogo.

Riva denunciou que depois de 15 dias das prisões na Jurupari, a Polícia Federal fez busca e apreensão na Sema para buscar provas dos supostos crimes. “Depois que as pessoas foram presas e execradas publicamente, foram buscar provas. Isso é muito questionável”, disse o deputado.

Riva também fez um convite para que Mário Lúcio e Julier visitem a sua fazenda Paineiras, propriedade investigada na suposta fraude em manejo florestal.

“Não tem fazenda naquela região que se preocupe mais com o meio ambiente do que a nossa. Eu faço um convite, muito respeitoso, para conhecê-la”, disse Riva.

Apesar do evento ter sido realizado pela Assembleia e bancada federal, a ausência de parlamentares foi marcante. Além de Riva, só compareceram Adalto de Freitas (PMDB), o Daltinho, Vilma Moreira (PSB) e Pedro Satélite (PPS) de deputados estaduais. Da bancada federal, apenas os progressistas Eliene Lima e Pedro Henry compareceram.

Fonte: Diário de Cuiabá
 
Presidente da OAB tece críticas ao juiz Julier

Da Reportagem

O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), seccional Mato Grosso, Cláudio Stábile, teceu duras críticas ao juiz Julier Sebastião da Silva.

Ele questionou se o juiz Julier está prestando serviço ou um desserviço à sociedade quando manda prender acusados em operações. “Não se pode prender pessoas pelo prazer de execrar publicamente”, disse.

Ele afirmou que a prisão antes do direito de defesa é uma exceção e citou o caso em que Julier afastou Francisco Faiad da presidência da OAB. “É preciso ter coragem para criticar e verificar se há alguém na Justiça Federal abusando do poder”, disse Stábile.

REQUERIMENTO - O Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE) e a ong Moral apresentaram um requerimento durante a audiência pedindo que Assembleia Legislativa crie uma CPI para investigar as denúncias de desvios de dinheiro na Casa, sob a presidência de José Riva. “Queremos saber os custos e resultados dessas investigações também”, ironizou o presidente do MCCE, Antônio Cavalcante.

Os dois movimentos eram os únicos com discursos de contraponto aos dos convidados. Porém, eles eram vozes isoladas e abafadas pelos muitos servidores da Assembleia que estavam em peso no plenário e vaiavam as manifestações contrárias às da audiência. Além dos servidores também estavam presentes parte dos presos na operação Jurupari.

Antônio Cavalcante disse que defende a apuração de erros e falhas nas operações, mas questiona a legitimidade da Assembleia fazer essa discussão. “Percebemos que isso é uma clara retaliação por causa das últimas prisões”, afirmou Ceará. (ARF)

Fonte: Diário de Cuiabá

Deputados avaliam atuação da PF
MTTV 2ª Edição

Os deputados estaduais debateram a forma de atuação da Polícia Federal em Mato Grosso. Na opinião dos parlamentares, algumas operações estariam gerando prejuízos à economia do Estado e aos cofres públicos. Mas, pelo visto, os argumentos não convenceram a população.

Veja o vídeo da reportagem clicando abaixo:
http://rmtonline.globo.com/addons/video_player.asp?em=2&v=19883

Fonte: TV Centro América