sábado, 28 de agosto de 2010
CONFUSÃO ELEITORAL
Por João Bosco Nazareno Filho*
A lei da ficha limpa, agora em vigor, que impede que corruptos participem do processo eleitoral, são desprezadas por candidatos, partidos, coligações, o que causa uma balbúrdia incontrolável em grande parte dos eleitores que por isso não sabem mais quem é e quem não é candidato.
A justiça declarou alguns pretendentes de cargos políticos como inelegíveis, ou seja, não poderiam ser candidatos. A população leu e entendeu como todos nós que essas pessoas não participariam do processo eleitoral. Ficou assim sem entender nada quando vê a campanha dessas pessoas na rua, vê a propaganda na televisão com número e tudo, ou seja, hoje não se sabe mais quem é ou quem não é candidato e pior, se a justiça toma decisões para serem cumpridas. Na cabeça do eleitor o filme que passa é que a Lei da ficha limpa não vale aqui para Mato Grosso.
Assim é que a maioria dos eleitores já não sabe em quem votar, pois ora lhe informam que determinada pessoa não é candidata e depois vê na mídia que é, inclusive com campanha a todo vapor na rua como se nada houvesse ocorrido na justiça.
A impressão que fica é que os atos da justiça são meras formalidades que não precisam ser cumpridas ou então esses apenados estão desobedecendo à ordem judicial em fragrante desrespeito à lei e debochando do povo.
Independente de qual seja o motivo, a lei da ficha limpa, um projeto do Povo brasileiro, via abaixo assinado, feito para moralizar a eleição, dá a impressão de que não atingiu seus objetivos uma vez que a leitura que o Povo está fazendo é de que os fichas sujas podem ser eleitos. Nesse caso, a emenda ficou pior que o soneto, tendo em vista que agora explicitado o delito impeditivo, continuam os políticos fichas sujas disputando o pleito.
Essa insistência de políticos, com esse ato de insistir na candidatura provam que a lei que os puniu cassando-lhes o direito da candidatura foi bem aplicada, pois evidencia mesmo após sentença o desrespeito como prática corriqueira.
A grande maioria da população que pouco entende dos meandros da lei, agora passou a entender ainda menos de eleições tal a confusão jurídica-política que se instaurou na sociedade. É como se tivéssemos ressuscitado o dilema de Shakespeare para explicar o pleito, com seus dizeres eternos.
Ser ou não ser, eis a questão, agora transmudada em quem votar ou não votar, eis a questão. Está dado o recado.
*João Bosco Nazareno Filho, 50, economista
cuiabanomesmo@hotmail.com