"Mesmo sendo um cego retinoico, confesso que visualizei com clarividência o clarão da tempestade que se abateria sobre a nau petista, aqui neste cafundó". (Gilson Romeu)
Por Gilson Romeu da Cunha*
O primeiro ato do grandioso espetáculo da democracia encerrou-se no dia 3 de outubro. Aos vencedores, os píncaros da glória. Aos vencidos, as batatas podres.
Vitórias homéricas e grandiloquentes. Derrotas humilhantes e escachapantes.
Entretanto, ninguém saiu mais chamuscado do processo eleitoral do que o PSDB e o PT. O primeiro foi derrotado pela política demagógica e de castelos de areia do líder e escudeiro Sanchopança, eterno discípulo de Dante de Oliveira.
A vexatória derrota do segundo, já estava escrita até mesmo nas estrelas em função de uma política de arrasa quarteirão, ditada por Carlos I e único, dirigente e imperador do partido. Este estabeleceu alianças políticas sem nenhum critério ético-ideológico. Flertou com contumazes corruptos da política mato-grossense. Endossou documento de José Riva execrando medidas judiciais tomadas pelo Juiz Federal Julier. “Respaldado por uma consulta prévia”, negada pelo seu agrupamento político nas eleições municipais de 2008, sentenciou e guilhotinou lideranças do seu próprio partido. No apagar das luzes do grande teatro foi tragado pelo tsunami Taques.
A derrota do partido dos trabalhadores em Mato Grosso está na contramão daquilo que aconteceu no país. No nordeste, a votação obtida pelos partidos de esquerda enterrou os resquícios de velhos coronéis oligárquicos. Caso de Marcos Maciel em Pernambuco e a família Toninho Malvadeza, na Bahia. O PT construiu a segunda maior bancada nas duas casas do Congresso Nacional. Elegeu em São Paulo, reduto do PSDB, uma representativa bancada de deputados. Reelegeu e elegeu ainda no primeiro turno, inúmeros governadores. Portanto, como explicar o definhamento da representação parlamentar do partido em cinquenta por cento neste estado sem ponderar os equívocos da sua própria direção?
Direção que não constrói consenso. Que impõe a sua vontade sob o braço forte do dito campo majoritário. Direção que provoca dissabores e rebelião na militância. Essa verdade fica evidenciada, nos períodos eleitorais, pela contratação de agenciadores de voto profissionalizados.
No melhor do estilo stalinista, alguns súditos bajuladores advogam o espurgo “dos responsáveis” pelo insucesso eleitoral de D. Carlos I. O arquipélago Gulag será pequeno para o exílio de mais de setescentos mil cidadãos que do alto se suas consciências teclaram os algarismos um, dois e três no último domingo.
Mesmo sendo um cego retinoico, confesso que visualizei com clarividência o clarão da tempestade que se abateria sobre a nau petista, aqui neste cafundó.
O momento exige reflexão, correção de rumo para conduzirmos a nossa embarcação a um porto seguro.
Eis a minha contribuição crítica para o debate.
*Gilson Romeu da Cunha
Professor da rede pública estadual
Militante do Partido dos Trabalhadores
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