sábado, 19 de fevereiro de 2011

Sobre A Atual Vergonha de Ser Brasileiro


"Projeto de Constituição atribuído a Capistrano de Abreu:

Art. 1º - Todo brasileiro deve ter vergonha na cara.
Parágrafo único:
Revogam-se as disposições em contrário."



Que vergonha, meu Deus! ser brasileiro
e estar crucificado num cruzeiro
erguido num monte de corrupção.


Antes nos matavam de porrada e choque
nas celas da subversão. Agora
nos matam de vergonha e fome
exibindo estatísticas na mão



Estão zombando de mim. Não acredito.
Debocham a viva voz e por escrito.
É abrir jornal, lá vem desgosto.
Cada notícia
- é um vídeo-tapa no rosto.


Cada vez é mais difícil ser brasileiro.
Cada vez é mais difícil ser cavalo
desse Exu perverso
- nesse desgovernado terreiro.


Nunca te vi tamanho abuso.
Estou confuso, obtuso,
com a razão em parafuso:
a honestidade saiu de moda,
a honra caiu de uso.


De hora em hora
a coisa piora:
arruinado o passado,
comprometido o presente,
vai-se o futuro à penhora.
Me lembra antiga história
daquele índio Atahualpa
ante Pizarro - o invasor,
enchendo de ouro a balança
com a ilusão de o seduzir
e conquistar seu amor.



Este é o país do diz e do desdiz,
onde o dito é desmentido
no mesmo instante em que é dito.
Não há lingüistica e erudito
que apure o sentido inscrito
nesse discurso invertido.


Aqui
o dito é o não-dito
e já ninguém pergunta
se será o Benedito



Aqui
o discurso se trunca:
o sim é não,
o não, talvez,
o talvez,
- nunca.


Cada povo tem o governo que merece?
Ou cada povo
tem os ladrões que a enriquece?
Cada povo tem os ricos que o enobrecem?
Ou cada povo tem os pulhas
que o empobrecem?



O fato é que cada vez mais
mais se entristece esse povo
num rosário de contas e promessas,
num sobe e desce
- de pranto e preces


Ce n'est pas un pays sérieux!
já dizia o general.
O que somos afinal?
Um país pererê? folclórico?
tropical? misturando morte
e carnaval?



- Um povo de degradados?
- FIlhos de degredados
largados no litoral?
- Um povo-macunaíma
sem caráter nacional?


Ou somos um conto de fardas
um engano fabuloso
narrado a um menino bobo,
- história de chapeuzinho
já na barriga do lobo?



Por que só nos contos de fada
os pobres fracos vencem os ricos ogres?
Por que os ricos dos países pobres
são pobre perto dos ricos
dos países ricos? Por que
os pobres ricos dos países pobres
não se aliam aos pobres dos países pobres
para enfrentar os ricos dos países ricos,
cada vez mais ricos,
mesmo quando investem nos países pobres?


Espelho, espelho meu!
há um país mais perdido que o meu?
Espelho, espelho meu!
há um governo mais omisso que o meu?
Espelho, espelho meu!
há um povo mais passivo que o meu?



E o espelho respondeu
algo que se perdeu
entre o inferno que padeço
e o desencanto do céu.


Obs. Poema de Affonso Romano de Santana

Fonte Recanto das Letras




Além da vergonha




Por Israel Belo de Azevedo

Quero de volta a minha cidade um dia sorridente, cheia de gente em toda praça e em toda esquina,
borbulhando de crianças correndo para baixo e para cima coalhada de colegiais encostados nos muros em frente.

Não quero esta cidade pelo tráfico controlada.
Não quero esta cidade pela corrupção construída.
Não quero esta cidade pelo desespero possuída.
Não quero esta cidade pelo medo comprada. 
 
Desolado numa terra desterrada, leio envergonhado a oração envergonhada de um Daniel desolado e desterrado. Eu lhe convido a fazer a mesma leitura.

Daniel 9 me lembra de um desolado historiador brasileiro – João Capistrano de Abreu (1853-1927) –, que escreveu, envergonhado:

“Art. 1º – Todo brasileiro deve ter vergonha na cara.
Parágrafo único: Revogam-se as disposições em contrário.” 




SENTIDOS QUE FALTAM





Na oração de Daniel, oração sincera, profunda e verdadeira, que não tem vergonha de confessar a sua aflição e o seu próprio erro para o mal da sua nação, aprendo, entre outras verdades, que Deus faz conosco uma aliança para a construção de uma terra justa. Afinal, uma nação justa é uma tarefa para homens e mulheres justos.

Não temos uma nação justa porque não somos justos.

Nossos profetas (também chamados de pregadores) não estão falando da justiça, porque, seduzidos, estão mais interessados em benefícios para si ou para suas organizações. Falta aos nossos profetas o sentido da profecia.

Nossos governantes não estão praticando a justiça porque estão mais interessados em benefícios para si e seus amigos. Faltam à maioria projetos realmente bons e de longo prazo. Política para eles é a busca do bem comum... deles.

Nosso povo não tem praticado a justiça. Embora grite (e grita pouco), tem traves nos próprios olhos ao condenar o que faz. Não temos seguido os mandamentos de Deus, que são justos.

Por isso, choro de indignação contra aqueles que deveriam fazer tudo o que podem, mas só fazem para si mesmos. Esta é a nossa maior vergonha. Choro de indignação contra aqueles que levantam bandeiras, mas seus mastros estão furados, embora envernizados; são bandeiras, mas bandeiras sem mãos limpas que as levantem. Esta é a nossa maior decepção. Choro de indignação contra aqueles que não investem em educação (deixando ir as crianças, em lugar de as fazerem vir, como manda Jesus Cristo), que é o que determina a Constituição em vigor e que ainda não conseguiram mudar. Esta é a nossa maior estupidez. Choro de indignação contra aqueles que não vêem os corpos brasileiros estendidos nos corredores das emergências dos hospitais públicos, num cenário típico do livro bíblico das Lamentações. Este é o nosso maior crime. Choro de indignação contra aqueles que cortam aos jovens o direito de sonhar por lhes faltarem oportunidades para pôr em prática o que aprenderam. Este é o nosso maior equívoco. 




CHORAR FAZ PARTE




Choro quando vejo que em nossa cidade
nos foi roubada, com a violência, a liberdade.
Choro quando vejo uma pessoa desconhecida
perder, por causa de um celular ou carro, a sua vida.
Choro porque, sendo tanta a maldade,
ela nos vai acompanhar pela eternidade.
Choro porque, além de chorar, chorar, chorar
é como se pudéssemos apenas chorar, chorar, chorar.


Olho para Daniel. Olho-me. Daniel nunca se exclui. Ele conclama povo, profetas e políticos ao arrependimento, começando por ele mesmo.


Precisamos nos envergonhar da nação que somos.

Precisamos nos envergonhar de como votamos e como acompanhamos os homens e mulheres que elegemos.


Precisamos nos envergonhar dos deveres que não cumprimos, embora critiquemos a mesma atitude nos outros.


Precisamos nos envergonhar do desvio que tentamos cometer, ao acusarmos os outros, para que não tenhamos, nós mesmos, que pedir perdão. Denunciar não pode ser apenas um espetáculo.


Precisamos nos envergonhar de nosso presente. Precisamos nos envergonhar de nosso passado.


Nosso pecado é local e nacional, sistêmico e endêmico. Entre nós, a corrupção, por exemplo, é pandêmica. Do mais pobre ao mais rico, só não rouba quem não pode ou quem tem vergonha na cara.


Enquanto não nos arrependermos, pagaremos o preço por nossos pecados.


Como sempre, devemos orar por nosso país, como fez Daniel. Nossa oração não se baseia em nossa bondade, mas na bondade de Deus.

A oração é a primeira atitude. Não é a única, mas a primeira. Com ela, dizemos que confiamos em Deus para, entre tantas coisas, nos ajudar a entender o que precisamos fazer.

Na verdade, sendo sinceros, não sabemos bem o que fazer para estancar a corrupção, a criminalidade e a desigualdade. Precisamos que Deus nos oriente. Não há soluções à vista. 


Então, canto como o poeta bíblico:







Quem busca na política busca em vão, mas a política é a via para a vida em comunidade.
Quem busca nos homens busca em vão
mas Deus usa homens como canais de felicidade.
Com coragem, que treme, apresento-me, então
para servir a Deus com toda a disponibilidade.

Se vêm de ti, Senhor, as desgraças,
do modo como descem as graças,
não devo lutar para que haja paz,
não devo lutar contra o crime voraz?
Esta é uma pergunta que não posso calar,
à espera da resposta que preciso escutar,
para minha alma na posição certa colocar,
para minha voz com conteúdo certo alçar.
Então, me dizes que enquanto forças tenho,
devo pelo bem dedicar todo o meu empenho.
Quando, no entanto, toda a minha parte fiz,
só esperando, descansado em Ti, serei feliz. 

Termino com a sugestão de um decálogo cívico porque preciso orar e viver as conseqüências da oração.


1. Viverei segundo princípios, mesmo que esta fidelidade me traga prejuízos e contrarie os meus interesses.
2. Lutarei com todas as minhas forças para preservar meus direitos e, com a mesma intensidade, lutarei para cumprir os meus deveres.
3. Serei duro com o meu voto, antes, durante e depois das eleições; jamais abrindo mão de minha consciência crítica.
4. Participarei de grupos e movimentos cujos objetivos sejam a promoção do bem comum.
5. Orarei pelas autoridades e vigiarei permanentemente por suas condutas pessoais e públicas.
6. Não (me) corromperei, mesmo que os benefícios sejam altos, os riscos sejam pequenos, e eu tenha a impressão de que todos ao meu redor o façam. Para tanto, cuidarei para não me deixar reger pela falta de ética circundante, porque a corrupção é como uma serpente de muitas cabeças: furto, roubo, pirataria, sonegação.
7. Respeitarei os sinais de trânsito, mesmo que com eles eu não concorde e mesmo que me atrasem, exceto nos casos de ameaça real à integridade física por causa de assaltos.
8. Serei cortês no meu trato com os outros, de modo a contribuir para que meu país seja um lugar aprazível para se viver.
9. Preservarei o meio ambiente. Logo, não desperdiçarei água nem alimento. Não sujarei as ruas. Não farei na rua o que só devo fazer em casa.
10. Darei o devido valor ao Brasil, falando corretamente nosso idioma, preservando e visitando nossas belezas naturais, enaltecendo seus símbolos (como o Hino Nacional e a Bandeira do Brasil).


Teimoso, a esperança não perco:
Não, Senhor, não são noturnas as vigílias,
não há manhãs, nem tardes tranqüilas:
tenho que tecer o tempo em total tensão.
É por isso que derramo em Ti o meu coração,
por mim e também por nossos filhos e filhas,
que querem trabalhar mas só encontram estágios
que querem brincar sem aguardar maus presságios.
A Ti levanto a minha mão, confiante na tua promessa
cuja realização, sei com fé, nada há que impeça.


Fonte: Revista Enfoque



PRENDA UM CORRUPTO JÁ!


Estamos pedindo prioridade no julgamento dos processos do Riva. Casos mais recentes e de menor importância já houve julgamento e os processos dessa gravidade que o Riva responde estão parados. Não é possível continuar acontecendo isso. Essa realidade horrorosa precisa mudar. Faça a sua parte acessando o abaixo assinado virtual na internet e ajudar a prender um corrupto.


 

Que tal você fazer a sua parte, acessando o abaixo assinado virtual na internet e ajudar a prender um corrupto? Basta acessar
aqui e assinar


https://www.facebook.com/antoniocavalcantefilho.cavalcante

Visite a pagina do MCCE-MT
www.mcce-mt.org