sexta-feira, 11 de março de 2011

O fundo da folia

Carnaval na Bahia - resultado No fundo do Mar na Bahia - Pós Folia


Mandem esta matéria para:

- Ivete Sangalo, Claudia Leite, Daniela Mercuri, Alceu Valença

"Digam para eles pegarem uma parte da vultosa grana que receberam do Carnaval, uns 10 % dos milhões que os governos pagaram, e invistam na despoluição das praias e ds cidades depois do seus bigs shows


Aqui em Floripa, o governo pagou 1 a 2 milhões para cada escola, os dirigentes pedem 10.000 de salário mensal para organizar os desfiles, a escola campea, foi a Cuba duas vezes estudar a obra de Chê e ganhou o desfile, mas dizem que os seus presidentes recebiam 30.000 mês, o pessoal me conta tudo


O engraçado e cômico, é que as fantasias, são vendidas a parte, ou alugadas, e nunca por menos do que 150 reais


O poder público financia o pão e circo, das escolas de samba e dos partidos politicos, o contribuinte, na real, paga antes e depois, o ano todo

Sinto estas cantoras do axé como feiticeiras espertinhas, agitando o povo, mas no fundo, alegrando mais ainda o seu bolso

Mas é um país de disparates, como a casa que o Ronaldinho Gaucho comprou de 22 milhões em SP, para investir

O lance é ver o nível da cultura do povo baiano, quase tudo atolado na favela, aí fica fácil manipular, dar mirrecas e pedir votos depois

Quem paga a conta, quem vai limpar a sujeira?" ( Orua )


Compartilhem ...O fundo da folia 


Dez dias após o carnaval, resolvi mergulhar com dois amigos na área do Farol da Barra para confirmar a notícia de que havia uma quantidade absurda de lixo espalhada pelo fundo do mar naquela área.


Da superfície o visual parecia com as imagens áreas que vemos dos blocos de carnaval durante a festa momesca. Só que ao invés de estarem pulando, dançando e se beijando ao som frenético e ensurdecedor dos trios elétricos, os foliões do fundo do mar estavam rolando de um lado para o outro numa mórbida coreografia, empurrados silenciosamente pelo balanço do mar, sem dança, sem alegria, sem vida e sem poesia.


Assustados, decidimos não retirar o material naquele dia na esperança de tentar sensibilizar algum veículo de comunicação para fazer uma matéria com imagens subaquáticas. A intenção era compartilhar aquela agressão carnavalesca com nossa população e os donos da folia.


Fizemos contato com pelo menos três emissoras e todas pediram que enviássemos e-mails com fotos, o que fizemos imediatamente. Aguardamos respostas por dois dias e como não tivemos qualquer retorno, optamos por retirar o lixão de lá para evitar maiores danos.



A bem da verdade estávamos super desconfortáveis com nossas consciências por termos testemunhado aquela cena e deixado para resolver o problema dias após. Mas tínhamos que tentar a matéria para que a ação não se resumisse somente à coleta do material.


Tínhamos em mente que a repercussão sensibilizaria os empresários e artistas do carnaval, os órgão públicos, a imprensa, as empresas financiadoras e nossa gente. A tentativa foi boa, mas não rolou…


Fomos então, no terceiro dia após o primeiro mergulho, retirar o material. Antes, porém, fiz questão de chamar um amigo que tem uma caixa estanque para filmarmos a ação e guardarmos o documentário visando trabalhos futuros e até mesmo a matéria que queríamos na TV.


Sem cilindro de ar e contando apenas com duas pranchas de SUP (Stand Up Paddle) e alguns sacos grandes, éramos quatro mergulhadores ousados retirando do fundo do mar tudo o que podíamos naquela tarde.


Pouco antes de o sol se pôr conseguimos finalmente colocar todo o lixo na calçada. Muitos curiosos, inclusive turistas, olhavam intrigados a nossa atitude e a todo o instante nos questionavam sobre a origem daquele resíduo. A resposta estava na ponta da língua: Carnaval!


Vou logo informando aos amigos leitores que não sou contra o carnaval, muito pelo contrário, sou fã por diversos motivos, mas acho que a realidade da festa não guarda a menor relação com as belíssimas cenas, as informações rasgadas de elogios e a excessiva euforia amplamente divulgada pela mídia.



Sei que o comprometimento com os patrocinadores e aquela velha guerrinha de vaidades contra os carnavais de outros estados como Pernambuco e Rio de Janeiro, acabam conspirando para isso. Mas vejo aí um modelo cansado, super dimensionado, sem inovações socialmente positivas e remando na direção oposta ao desenvolvimento sustentável da nossa cidade.


Aquele lixo submarino é um pequeno sinal deste retrocesso. Pior, patrocinado solidariamente pelos grandes empresários, artistas e principalmente pelo poder público que tem o dever de melhorar nossa segurança, nossa saúde e educação.


 
Aproveito o embalo para incluir indignação semelhante sobre os eventos realizados na praia do Porto da Barra durante o verão.



O Música no Porto e o Espicha Verão não tem trazido nada de bom para nossa cidade, além da oportunidade de vermos ótimos artistas de perto e de graça. De resto, o lixo, o mau cheiro, a degradação ambiental, o xixi pelas ruas, a impressionante quantidade de ambulantes amontoados por todos os espaços públicos e a agressão aos patrimônios históricos, são um grande pé na bunda do turista de qualidade.


É o mesmo que olhar para uma bela maçã com a casca brilhante e aspecto suculento, porém, apodrecida por dentro…



Naquele final de tarde acabamos contemplando um por do sol diferente. O monte de lixo empilhado na calçada do Farol da Barra virou atração. E como Deus é grande, fomos brindados com a presença de valorosos catadores de rua para finalizar a limpeza.

Desta ação, além das ótimas imagens documentadas em vídeo, resta rezar para que os donos do carnaval, dos eventos no Porto da Barra e nossos queridos foliões se toquem que algo tem que mudar.

O fundo do mar não merece aquele bloco reluzente e, ao contrário do asfalto, o oceano costuma revidar violentamente as agressões sofridas.



Não tem alegria alguma no fundo da folia!
 
Fonte: Forum Libertário
 
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