sábado, 18 de junho de 2011

Jornalista revela corrupção na liberação de PCHs



Detalhes nada edificantes do suposto envolvimento direto do ex-governador e atual senador Blairo Maggi (PR) na liberação de licenças ambientais para a construção de Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) em Mato Grosso foram revelados pelo jornalista Marcos Antônio Moreira na edição de terça-feira (17) da coluna Curto e Grosso do site ClickMT.

A matéria dá conta que ainda em 2006, quando disputou a reeleição para o governo estadual, Blairo Maggi pediu o “engajamento” do pecuarista Antonio José Junqueira Vilela, popularmente conhecido por AJJ, no “esforço” de campanha em troca de ajuda na regularização da PCH Nhandu, localizada na região do Parque Estadual do Cristalino, município de Novo Mundo, extremo Norte do estado.

Em depoimento, no dia 12 deste mês, prestado à CPI das PCHs instalada pela Assembléia Legislativa, o servidor público Carlos Barros denunciou a prática de fraude no processo envolvendo o empreendimento. Ele citou também a PCH Rochedo, pertencente ao mesmo grupo e construída na região do Cristalino. Segundo Barros, as usinas foram construídas em terras devolutas e foram utilizados documentos fraudados para obtenção da licença ambiental. A íntegra do depoimento pode ser conferida na seção de Vídeos do site Turma do Epa!
 
O depoimento de Carlos Barros foi comprometedor para o ex-governador Blairo Maggi e o ex-secretário de Meio Ambiente, Luís Henrique Daldegan, além de outros servidores de estado. Protocolos comprovam que eles tomaram conhecimento das fraudes cometidas e não tomaram nenhuma atitude no sentido de coibi-las.
 
 
CPI das PCHs iniciou tomada de oitivas


A contundência dos registros e afirmações de Barros forçosamente fará com que Maggi e Daldegan sejam chamados às falas pela CPI. As revelações do jornalista Marcos Antonio Moreira têm o efeito de gasolina jogada sobre a fogueira iniciada por Carlos Barros. Segundo a matéria, após a eleição o então governador passou um tempo se esquivando de AJJ. O mega pecuarista teria praticamente forçado um encontro num hangar do aeroporto Marechal Rondon, onde cobrou a contrapartida pelo “esforço” de campanha.

Curiosamente, em junho de 2007, conforme apontou reportagem do jornalista Rodrigo Vargas no jornal Diário de Cuiabá, no prazo de 72h, a Secretaria de Meio Ambiente, que havia denegado a licença, revogou o ato anterior e liberou o empreendimento.
 
Confira abaixo a íntegra da matéria do jornalista Marcos Antonio Moreira:
 
"SANTINHO DO PAU-OCO
 
 
Ex-governador Blairo Maggi



Corrupção cristalina
 
2006, reeleição de Soja Majestade. Governador-candidato pediu o "enganjamento" do pecuarista Antonio José Junqueira Vilela -- o "AJJ" -- no "esforço" de campanha, vamos resumir assim, acenando com a regularização da PCH Nhandu de propriedade do mega-criador no Parque Estadual do Cristalino, na Amazônia de Mato Grosso.

AJJ se esforçou muito -- e bota "se esforçou" e bota "muito" nisto! --, com direito a ceder avião por conta e "outros ingredientes".

"Meu ex-Rei" acabou reeleito no primeiro turno e deu pra negacear: não recebia o esforçado AJJ em Palácio, nem atendia ou retornava telefonemas.

O pecuarista apelou até para a amizade com o neo-cunhado do governador, Josino Guimarães, para intermediar um encontro. Nada!

Foi a conta. AJJ -- que vem de uma família acostumada a agarrar boi brabo no muque -- não teve dúvidas: em maio de 2007, após nova decepção, pegou seu jatinho e rumou para o aeroporto Marechal Rondon. No hangar, colocou o governador no brete.

Diante de secretários, aspones, seguranças e puxa-sacos, só não chamou o senhor Blairo Borges Maggi de santo e rapadura. De resto, esgotou o repertório de todas aquelas palavras e expressões não dicionarizadas.

Encantoado, Soja Majestade não esboçou reação. Engoliu tudo caladinho da silva, como convém a quem não assiste razão alguma. Afinal, AJJ não foi a seu encontro propor nada e, sim, o contrário.

Well...

Dá pra imaginar o que se passou, então: Soja Majestade "encheu a bombacha", pois tratou de dar logo um jeito no corpo, mobilizando o escritório de representação do grupo Amaggi no CPA, digo, a Secretaria Estadual de Meio Ambiente, para "arresolver" o "pobrema" de AJJ -- click aqui pra conferir.

Resumindo:

O corrupto saindo à caça de corruptor; cobrando -- e recebendo -- adiantado e, depois, tentando tirar o seuzinho da reta, é mais uma das "quebras de paradigmas" da Era da Botina...

Voltaremos à carga."
 
Fonte: Turma do Epa
 
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