segunda-feira, 25 de julho de 2011

Em escola onde houve assassinato, é comum intimidarem professores



Da Redação - Lucas Bólico/Olhar Direto

O cotidiano é violento na Escola Estadual Cesário Neto, onde um jovem de 16 anos foi assassinado por dois colegas e de 18 na última semana. De acordo com estudantes da instituição de ensino, que preferem não se identificar, não existe punição para os alunos ‘temidos’. “Quando tem briga, só mandam para casa e no outro dia eles já estão de volta”, revelou um estudante.

É a própria violência dos alunos que inibe punições mais severas, revela um colega do garoto assassinado. “As pessoas têm medo de dar suspensão ou fazer qualquer coisa com esses ‘caras’. Você imagina, eles mataram um colega aqui dentro da escola, você acha que os professores não vão ter medo deles?”, questiona.

Ao que tudo indica, e segundo aponta a polícia, foi justamente uma briga antiga, possivelmente nascida nos corredores da escola, que culminou na execução. O jovem assassinado, Gustavo Pacheco da Silva, já era investigado pelo envolvimento no assassinato de outro rapaz.

Em entrevista logo após o ocorrido, o assessor jurídico da Secretaria de Estado de Educação, Uirá Escobar, afirmou que o assassinato na escola não é isolado. Ele ainda argumenta que não é um retrato apenas da educação na escola ou no estado. “A violência é um problema de toda a sociedade”, defendeu.

Fonte:Olhar Direto

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Violência: rotina em muitas escolas

“A segurança não existe. A violência está no cotidiano dos professores. Nós somos uma categoria doente, 60% dos professores têm problema de saúde em decorrência do estresse”.(Gilson Romeu da Cunha)

O diretor da subsede do Sindicato dos Trabalhadores da Educação Pública (Sintep) em Cuiabá, Gilson Romeu da Cunha


GUILHERME BLATT
Da Reportagem/Diário de Cuiabá

A morte do estudante Gustavo Pacheco da Silva, 16 anos, assassinado com cinco tiros dentro da escola estadual Cesário Neto, levanta a questão sobre a segurança dentro dos colégios em Mato Grosso. A morte foi em decorrência um acerto de contas entre gangues, e o fato de ela ter ocorrido dentro de um colégio pode ser apenas uma coincidência. No entanto, outras ocorrências vêm sendo registradas dentro das escolas do Estado.

Neste mês, outro jovem, de 22 anos, foi assassinado em frente ao colégio Filogônio Corrêa no bairro Campo Velho, em Várzea Grande. Nesta ocasião, um adolescente de 14 anos também foi baleado e ficou ferido. No mês de abril, um estudante de 13 anos foi detido com uma arma dentro da escola estadual Rodolfo Augusto Tchara Curva, no Residencial Paiáguas.

Também são registrados inúmeros casos de furto de equipamentos nas escolas. Apenas no mês de julho foram mais de 10 arrombamentos em colégios da capital. O Ezequiel Pompeu Ribeiro, no bairro Araés, foi assaltado duas vezes nesse período.

Os ladrões levaram computadores e televisões. No caso da escola Constança Palma de Arruda, no Jardim Fortaleza, foram furtados até 30 kg de carne que estavam no freezer.

O diretor da subsede do Sindicato dos Trabalhadores da Educação Pública (Sintep) em Cuiabá, Gilson Romeu da Cunha, diz que a situação dos professores é difícil. “A segurança não existe. A violência está no cotidiano dos professores. Nós somos uma categoria doente, 60% dos professores têm problema de saúde em decorrência do estresse”.

Ele afirma que freqüentemente os professores sofrem ameaças, são desacatados e enfrentam problemas com alunos viciados em drogas. Os docentes também sofrem com crimes contra o patrimônio. “Muitos professores têm seus carros riscados, por vingança de alunos que não concordam com uma nota baixa”.

Porém, Gilson acredita que o problema não é apenas das escolas. “Eu penso que a violência é quase endêmica no Brasil. A violência que se enfrenta nos colégios, é a mesma que se enfrenta nas ruas”.

A secretária de Educação de Mato Grosso, Rosa Neide Sandes de Almeida, concorda com esta avaliação. Ela diz que no caso do estudante assassinado no Cesário Neto, ocorreu uma falha coletiva. “Ele era um menino que cresceu sem estrutura familiar, entrou e saiu de diversos colégios, não criou vínculos e foi para as ruas. A segurança só vai ocorrer quando todo mundo estiver conscientizado do seu papel”.

A secretária também explica que o colégio é um lugar fechado que junta muitos jovens, e isso pode potencializar a formação de gangues.

Tanto o sindicalista, quanto a secretária, concordam que a solução não está apenas na repressão. “Um detector de metais na porta do colégio evita que o aluno seja morto lá dentro, mas ele poderia morrer do lado de fora”, diz Rosa Neide.


Integração com a comunidade pode ser a solução



Da Reportagem/Diário de Cuiabá

A solução para a violência pode estar na integração entre o colégio, o aluno e a comunidade. A Seduc desenvolve alguns projetos, como “Mais Educação” e “Escola Aberta”. O primeiro oferece atividades esportivas e recreativas, para que os alunos fiquem mais tempo no colégio durante a semana. O segundo mantém o colégio aberto nos finais de semana, com aulas de dança, línguas estrangeiras.

A secretária Rosa Neide diz que os colégios que recebem estes projetos têm índices menores de violência. Isso porque as atividades criam um vínculo entre os alunos e o colégio. Rosa Neide diz que a integração é importante. “Os alunos que freqüentam a escola normalmente, estudando dentro da faixa etária normal, não se envolvem com violência. Aqueles que ficam atrasados acabam perdendo o interesse”, disse.

O Sintep também desenvolve trabalhos nos colégios. Gilson Romeu fala que o sindicato buscou uma parceria com o professor Naldson Ramos, coordenador do Núcleo Interinstitucional de Estudo da Violência e da Cidadania (NIEVCi) da Universidade Federal de Mato Grosso, para debater a violência nas escolas, dentro das escolas. Mesmo com o trabalho preventivo, a vigilância também deve ser reforçada a partir de agora, com o emprego de policiais militares aposentados nas rondas.

A partir da próxima semana, a Secretaria vai solicitar uma guarnição da Polícia Militar para atuar na frente das escolas mais problemáticas. Rosa Neide diz que a pasta faz o levantamento das escolas com mais ocorrências, para determinar onde agir. (GB)

Fonte: Diário de Cuiabá

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