quarta-feira, 20 de julho de 2011

EXCLUSIVO: Luiz Pagot constrói mansão de três andares em Cuiabá

 “Com o tempo, uma imprensa cínica, mercenária, demagógica e corrupta formará um público tão vil quanto ela mesma” (Joseph Pulitzer)
 Casa tem 615 metros quadrados de área construída e três pavimentos, valor é de R$ 2,5 milhões

RAMON MONTEAGUDO
DA REDAÇÃO/Midia News

O diretor-geral do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes ( DNIT), Luiz Antonio Pagot, está construindo uma mansão de 615 metros quadrados em Cuiabá. A obra tem três pavimentos, com três suítes, amplas salas de estar e de jantar e áreas de lazer.

Pagot, um dos epicentros da crise que se abateu sobre o Ministério dos Transportes, deverá ser afastado do órgão assim que voltar de férias, ainda neste mês.

Segundo dois corretores consultados pelo MidiaNews, depois de pronta, a mansão terá valor aproximado de R$ 2,5 milhões. A casa está localizada na Rua 13, Quadra 18, Lotes 9 e 10, do Parque Residencial Dom Bosco. A obra não possui placa de identificação do próprietário ou do engenheiro responsável, conforme norma do CREA (Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura).

A futura residência de Pagot fica em um bairro em crescimento imobiliário, onde deverá passar, segundo previsão da Prefeitura de Cuiabá, uma nova avenida - que será o prolongamento da Avenida das Torres. Uma universidade também será construída na vizinhança da mansão.

Dos três pavimentos, o superior será o maior, com 267 metros quadrados. Os pavimentos inferiores 1 e 2 terão, respectivamente, 186 e 158 metros quadrados. O jardim da residência, segundo o projeto assinado pela arquiteta Nancy Rabello de Mello, terá 340 metros quadrados. O engenheiro responsável é Marcelo de Oliveira e Silva.

A Prefeitura de Cuiabá liberou o alvará de construção (nº 5511) em junho do ano passado. A obra está praticamente pronta, só faltando a fase de acabamento.

O MidiaNews esteve na obra na tarde de hoje (19). Não havia nenhum operário no local.

Segundo Divaldo Souza, vizinho da obra e morador há 18 anos no local, Pagot acompanhava a obra pessoalmente, sempre quando vinha a Cuiabá. "Mas, de uns tempos pra cá, ele sumiu. E a obra foi paralisada nesta semana. Acho que foi por causa desses escândalos todos do DNIT", disse.

Procurado pela reportagem em seus dois telefones celulares, Pagot não foi localizado. As ligações caíram direto na caixa de mensagem.

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Jornalistas se submeteram a caprichos, numa subserviência assumida, sem nenhum pudor

ANTONIO DE SOUZA 
é editor do site MidiaNews.

As "viúvas" de Pagot

Por ANTONIO DE SOUZA

É lamentável que Mato Grosso tenha sido foco do noticiário político (poderia ser policial) nacional, nas últimas duas semanas, por conta das denúncias da revista Veja, de que o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), sob o comando do republicano Luiz Antonio Pagot, é um antro de corrupção, instalado no Ministério dos Transportes, um dos órgãos estratégicos do Governo Dilma Rousseff.

O Estado, infelizmente, ganhou notoriedade como uma espécie de "paraíso dos escândalos". Quando não é palco de maracutaias, fornece os protagonistas.

Um dos personagens principais do episódio, Luiz Antonio Pagot conseguiu a façanha de colocar Mato Grosso no centro de um escândalo de proporções alarmantes. Como tem sido amplamente divulgado, ele se esforça para tentar reverter uma situação que, fatalmente, não deve poupá-lo da limpeza ética que a presidente da República se propõe a fazer nos Transportes.

Os danos à imagem do próprio executivo indicado pelo PR para comandar um orçamento de R$ 18 bilhões - maior do que o montante estimado para Mato Grosso, neste ano -, dadas as proporções que o escândalo adquiriu, são irreversíveis.

Sua situação no contexto do Governo Federal se tornou insustentável, o que levou a própria Dilma a avisar sua base aliada no Congresso Nacional que Pagot será mandado para casa, tão logo terminem suas férias.

A iminente demissão do republicano, curiosamente, expõe um jogo de interesses no contexto político-partidário. Por razões óbvias, o senador Blairo Maggi (PR) disse que seu afilhado é injustiçado e até insinuou que ele não mereceria a humilhação de uma demissão a bem do serviço público. E, para não fugir à regra, sugeriu a clássica solução para os políticos flagrados em maracutaias - a "saída honrosa", seja lá o que isso signifique para quem anda pela hora da degola inexorável.

O senador Jayme Campos (DEM), no melhor estilo dos tucanos do PSDB, optou por ficar em cima do muro. Na verdade, nem subiu, na medida em que se omitiu de questionar Pagot, durante seu depoimento no Senado, na semana passada. Saiu de fininho, como se nada daquilo fosse com ele. Com negócios no Governo do Estado, por meio do DEM, que tem cargos no Palácio Paiaguás, o ex-governador, certamente, não quis melindrar um aliado de primeira hora, o PR, que tem cota na atual gestão do PMDB.

Pedro Taques (PDT) frustrou as expectativas de quem esperava dele uma posição firme, como legítimo representante da oposição. O senador andou bem distante do candidato que, em 2010, inflamou a campanha eleitoral, ao se apresentar aos olhos dos eleitores como paladino da moralidade. Prometeu que, se fosse conduzido ao Senado, iria lutar pela decência e pelo combate à corrupção. Ante Pagot, no próprio Senado, comportou-se como um aliado de primeira hora. Nem parecia aquele ex-procurador que, nos palanques e nos espaços gratuitos no rádio e na TV, em rompantes, garantia que, eleito, iria "mudar a cara" do Senado. Pois é...

Dos inquilinos do Congresso Nacional, a bem da verdade, poderia mesmo se esperar esse tipo de comportamento. O estranho é constatar que, na Imprensa em Mato Grosso, Pagot ganhou uma infinidade de defensores. São os notórios fornecedores de opinião, que, numa profusão de artigos em sites e jornais, diariamente, lamentaram (e ainda lamentam) o desfecho da crise nos Transportes e, mais ainda, o "inferno" do diretor-geral afastado do DNIT.

Com efeito, nem advogados de defesa fariam melhor, ao tentar vender a imagem de Pagot como a de um "santo" ou transformar o episódio numa tragédia. Talvez pior do que a subserviência manifesta de determinados jornalistas ao ex-homem-forte do DNIT seja a omissão de alguns veículos de Comunicação de Cuiabá.

Alguns sites, blogs, jornais e até emissoras de TV se esforçaram ao máximo na tentativa de camuflar uma triste realidade, no contexto do escândalo que enlameou o Ministério do Transportes e respingou na presidente Dilma Rousseff.

A trajetória pública de Luiz Antonio Pagot, a propósito, é inusitada, conforme relata a Folha de S. Paulo, em um perfil publicado no domingo (17): a de um homem habituado a reviravoltas, sempre em estreita sintonia com a família Maggi. No Governo do padrinho político, Blairo Maggi, quando passou por três pastas (Transportes, Casa Civil e Educação), o executivo sempre buscou se impor.

"Frequentemente descrito como mero ajudante de ordens de Blairo, Pagot é apontado por inimigos e aliados próximos como figura muito mais complexa do que aparenta, de personalidade forte e com ascendência sobre o padrinho político", disse o jornal. Faz sentido, considerando que, em todas essas ocasiões, ele sempre se sobressaiu como o todo-poderoso, a eminência parda da gestão republicana.

Os generosos espaços que Pagot ganhou em grande parte da mídia mato-grossense são um indicativo de seu, digamos, poder de convencimento. Quase nunca esteve à disposição quando se tratava de alguma denúncia envolvendo o DNIT, mas sempre se revelou obsequioso quando era para ocupar espaços de acordo com suas conveniências, os seus caprichos pessoais. Para ser bajulado, melhor dizendo.

Sem uma assessoria competente, Pagot se habituou ao puxa-saquismo dos já notórios fornecedores de opinião e de empresários inescrupulosos que habitam a mídia. Sua demissão, convenhamos, deixa muitos "viúvos" (ou "viúvas") na Imprensa de Mato Grosso.

No contexto de parte considerável da mídia regional, infelizmente, a conclusão imperativa é de que há, sim, uma subserviência assumida, sem nenhum resquício de pudor.

ANTONIO DE SOUZA é editor do site MidiaNews.
asouza4040@gmail.com

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