terça-feira, 17 de abril de 2012

MST tranca BR-163 e inicia semana de lutas

 
 NOTA PÚBLICA 
 
 
 
Que sob a toga dos ministros do STF não se esconda nenhum escravocrata
 
 
A Diretoria e Coordenação Nacional da Comissão Past oral da Terra, CPT, às vésperas do julgamento pelo Supremo Tribunal Federal, STF, da Ação Direta de Inconstitucionalidade, ADI, 3239, proposta pelo partido dos Democratas, contra o Decreto Federal 4887/2003, vem expressar sua profunda preocupação com o que está acontecendo neste país.
 
Está em curso uma nova caça aos povos indígenas, comunidades quilombolas, e outras comunidades tradicionais, por um contingente expressivo de escravocratas, que lançam seus tentáculos em diferentes espaços do Estado Brasileiro e tem apoio de diferentes órgãos da imprensa nacional.
 
Como à época do Brasil Colônia, povos indígenas inteiros foram devastados por não quererem se submeter aos ditames dos invasores; à época da escravidão, os senhores de escravos contavam com toda a estrutura do poder público para perseguir e destruir os espaços de liberdade construídos pelos negros, chamados de quilombos, hoje, novos escravocratas, com voracidade incomum, atentam contra as comunidades indígenas e quilombolas, com ações diretas ou utilizando de trincheiras, assim chamadas legais, para impedir o reconhecimento dos territórios historicamente por elas ocupados.
 
Sucedem-se os ataques diretos às comunidades indígenas e quilombolas. Os dados coligidos pela CPT nos dão conta que em 2011, foram assassinados 4 indígenas e 4 quilombolas, nas disputas territoriais. 82 conflitos por terra envolveram os índios e 100 os quilombolas. 77 quilombolas e 18 indígenas foram ameaçados de morte e 8 indígenas e 3 quilombolas, sofreram tentativas de assassinato.
 
No plano dito “legal” são muitas as ações que os novos colonizadores e escravocratas movem contra a continuidade dos processos de identificação e titulação das terras indígenas, e dos territórios quilombolas e de outras comunidades tradicionais. Estas encontram fácil acolhida em diversas instâncias do poder Judiciário.
 
Mas, possivelmente, é na trincheira do Congresso Nacional que os novos colonizadores e escravocratas têm seus mais firmes tentáculos. Há poucos dias a Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados aprovou a proposta de emenda Constitucional, PEC 215, pela qual os parlamentares querem ter exclusividade na demarcação de terras indígenas, de quilombolas e de unidades de conservação ambiental, retirando esta competência do Executivo. Com isso praticamente fica inviabilizado qualquer reconhecimento de novas áreas. E são inúmeros os projetos de lei que buscam restringir os parcos direitos territoriais dos povos indígenas e das comunidades quilombolas.
 
O Decreto Federal 4887/2003, assinado pelo ex-presidente Lula que regulamentou o processo de titulação das terras dos remanescentes das comunidades de quilombos criando mecanismos que facilitam o processo de identificação e posterior titulação de comunidades, encontrou no partido dos Democratas (um dos últimos resquícios da sustentação parlamentar da ditadura militar) ferrenha oposição. O Decreto que ratificou o estabelecido no Artigo 68 das Disposições Transitórias da Constituição Federal: “Aos remanescentes das comunidades dos quilombos que estejam ocupando suas terras é reconhecida a propriedade definitiva, devendo o Estado emitir-lhes os títulos respectivos”, foi considerado pelos “democratas” (triste contradição), inconstitucional.
 
Os novos escravocratas se espalham pelo Congresso Nacional, nos mais diversos partidos, tendo constituído a assim chamada Bancada Ruralista. Esta bancada, segundo o Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (DIAP), é formada por 159 parlamentares, sendo 141 deputados e 18 senadores. Ela lidera as desastrosas mudanças no Código Florestal e em toda a legislação ambiental; desde 2004, praticamente, impede a última votação da PEC 438 que determina o confisco das áreas onde for constatada a exploração de trabalho escravo; e se opõe a qualquer tentativa de reconhecimento dos direitos territoriais dos povos indígenas e das comunidades quilombolas e outras.
 
A ADI 3239, proposta pelos “democratas” vai a julgamento no STF, nos próximos dias. As comunidades quilombolas que saudaram os pequenos avanços no reconhecimento de sua cidadania e de seus direitos expressos no Decreto Federal 4887/2003, não podem ser defraudadas.
 
A Comissão Pastoral da Terra espera que os ministros do STF julguem esta ação a partir dos direitos fundamentais da pessoa humana e não se enredem em questões minúsculas de formalidades jurídicas. Está em jogo o direito de populações que historicamente foram discriminadas, massacradas, jogadas à margem da sociedade. É mais que necessário que se garantam os poucos direitos tão duramente conquistados. A CPT quer acreditar que sob a toga dos ministros do STF não se esconde nenhum dos escravocratas atuais.
 
Goiânia, 16 de abril de 2012.
 
Dom Enemésio Lazzaris
Presidente da CPT
 
Maiores Informações:
Cristiane Passos (Assessoria de Comunicação da CPT Nacional) – (62) 4008-6406 / 8111-2890
Antônio Canuto (Assessoria de Comunicação da CPT Nacional) – (62) 4008-6412
@cptnacional
MST tranca BR-163 e inicia semana de lutas
Notícia 

Jornada Nacional de Lutas em Defesa da Reforma Agrária e Contra a Impunidade 

Convidamos todos a passarem no acampamento 



Por Keka Werneck, da Assessoria de Imprensa do MST

Começa hoje, com o trancamento da BR-163, uma série os atos políticos do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) em Mato Grosso nas Jornadas de Lutas 2012.

Hoje de madrugada 400 sem-terra de seis assentamentos da região de Sorriso trancaram a rodovia federal e só vão liberá-la após negociação com o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).

Abril é mês de luta pela reforma agrária.

Nos próximos dias, o MST fará várias atividades na capital e interior, como debates em escolas, universidades e mobilização exigindo os avanços da reforma agrária em Mato Grosso.

Todo mês de abril o MST realiza atividades públicas com a intenção de chamar a atenção da sociedade brasileira para os graves problemas fundiários persistentes no país, o latifúndio, a grande quantidade de famílias ainda sem-terra acampadas pelas beiradas de estradas e este ano o destaque será para a impunidade.

Os sem-terra também reivindicam qualidade de vida nos assentamentos e a desapropriação de novas áreas para assentar as 186 mil famílias acampadas em todo Brasil segundo dados do próprio Incra.

Quanto à impunidade, dia 17 de abril completa 16 anos do massacre em Eldorado de Carajás, no Pará, e os dois únicos punidos pelas 21 mortes de trabalhadores sem-terra estão livres. Em homenagem a estes trabalhadores assassinados foi criado no Brasil um Projeto Lei instituindo o dia 17 de Abril como o Dia de Luta Pela Reforma Agrária e a nível internacional a Via Campesina, organização que congrega os movimentos de lutas pela terra nos cinco continentes, declarou como Dia Internacional de Luta Camponesa.



Já estão em Cuiabá mais de 300 camponeses do MST que montaram um acampamento na praça Ulisses Guimarães, o Acampamento Falta da Reforma Agrária.”

“É muito sem-terra e queremos com isso destacar que nem o governo Lula e nem o governo Dilma realizaram a reforma agrária e estamos na luta por terra, para produzir alimento saudável, livre de venenos agrícolas e mais barato”, afirma Antônio Carneiro, da coordenação estadual do MST em Mato Grosso.

Pontos de Pauta da Jornada

 1- Aceleração da Reforma agrária – está parada desde 2010

2- Cumprimentos dos compromissos feitos pelo  Governo Federal em agosto de 2011 como:
       
 A-  Plano emergencial para o assentamento das mais de 186 mil famílias acampadas até o final deste ano.
       
 B – Criação de um programa de desenvolvimento dos assentamentos, com investimentos públicos, crédito agrícola, habitação rural, educação e saúde.
       
 C – Novo tipo de credito rural que não endivide ainda mais os pequenos agricultores. O modelo do Pronaf não atende o público da reforma agrária, pois o volume de recursos não atende a todos os setores.
        
D – Medidas para garantir educação nos assentamentos, com a construção de escolas nos assentamentos, combate ao analfabetismo no campo e formação de professores.

3 – Contra o e a injustiça, o entrave  do Judiciário que está paralisando a Reforma Agrária;

4 – Criação de um programa de agroindústrias e produção de alimentos nos assentamentos;

5- O Combate a pobreza no campo só é possível se fazer uma verdadeira Reforma Agrária;

6- Código Florestal – Veta Dilma as mudanças que o agronegócio e os estrangeiros querem impor a toda sociedade brasileira;

7-  Agrotóxico – Maior fiscalização e até mesmo banimento dos agrotóxicos, pois estão provocando alto índice de câncer. Enquanto os latifundiários do agronegócio ficam ricos, o povo trabalhador morre nas filas edo SUS;

8- Por um novo modelo agrícola que preserve todas as forma de vida, e com distribuição de renda e riquezas;

9 – Trabalho escravo – pela expropriação de todas as fazendas que forem encontrado trabalho escravo;

10 – Terras Indígenas – pela imediata demarcação de todos territórios dos povos indígenas

11- Remanescentes de Quilombolas – pelo imediato reconhecimento de todos os povos quilombolas e a demarcação de seus territórios


 Programação do “Acampamento Falta da Reforma Agrária”

 Local – Praça Ulisses Guimarães – em frente ao Shopping Pantanal

Data: 15 a 20 de abril

Atividades
16/04 –  08:00 horas -  Mobilização Nacional pela Reforma Agrária
16/04 – 10:00 horas – Entrega da pauta no Governo do Estado no Palácio Paiaguás
16/04 – A partir das 15:00 – Entrega de pautas nas Secretarias de Estado Seduc, Sedraf, Saúde,
17/04 –  08:00 horas – Ato simbólico em memória dos 21 assassinados de Eldorado de Carajás
17/04 –  15:00 horas – Caminhada pelo CPA e Ato Político  no Tribunal de Justiça de MT, contra a Impunidade e em memória dos Mártires de Eldorados dos Carajás
18/04 – 08:00 horas – Caminhada  juntamente com os povos Indígenas – Ato na Assembleia Legislativa de MT
18/04 – 15:00 horas – Caminhada pelo CPA pautando os órgão públicos
19/04 – 08:00 horas – Caminhada pelo CPA pautando os órgão públicos
20/04  – 08:00 horas – Caminhada pelo CPA pautando os órgão públicos



Acabar com a miséria no campo tem nome: Reforma Agrária

Crise
"O velho mundo morre enquanto o novo tarda a aparecer. No claro-escuro perfilam os monstros". (A. Gramsci)



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