sábado, 8 de dezembro de 2012

Sai o Mensalão. Entra o Rosegate


PRONTO, MINHA CURIOSIDADE FOI SANADA, O NOME PARA O ESCÂNDALO DE CORRUPÇÃO DA SEMANA É ROSEGATE 



por Ricardo Noblat


Curioso. Líderes do PT dizem não ser "adequado" ligar Lula a Rosemary Nóvoa de Noronha, indiciada na semana passada pela Polícia Federal por crime de corrupção ativa, e ameaçada de ser presa a qualquer momento.

Ora, pois. Por que não seria adequado?

Foi Lula que escolheu a moça para ser sua secretária depois de ela ter secretariado durante 12 anos o ex-ministro José Dirceu. Rosemary era reconhecidamente uma moça prendada.

Foi Lula que mais tarde nomeou a moça para a chefia do gabinete da presidência da República, em São Paulo. Ali quem desejava vê-lo tinha de passar antes pelo crivo de Rosemary, a dona da maçaneta da porta presidencial.

Foi Lula, apesar de dispor de gente habilitada para isso em Brasília, quem incumbiu Rosemary de acompanhá-lo em viagens a 24 países entre 2008 e 2009 - em média uma por mês.

Foi Lula que forçou o Senado a desrespeitar o seu próprio regimento interno para que Paulo Vieira, indicado por Rosemary, ganhasse uma das diretorias da Agência Nacional de Águas (ANA).

Foi Lula, mais uma vez acionado por Rosemary, que também empregou Rubens, irmão de Paulo, como diretor da Agência Nacional de Avião Civil.

Paulo está preso desde a semana passada, apontado pela Polícia Federal como chefe de uma quadrilha que fraudava pareceres técnicos de agências reguladoras e de órgãos federais.

Rubens também está preso por fazer parte da quadrilha, assim como outro irmão dele, o empresário Marcelo Rodrigues.

Foi Lula que interferiu junto a Dilma para que Rosemary permanecesse como chefe do gabinete da presidência, em São Paulo.

A Polícia Federal gravou 122 telefonemas trocados entre Lula e Rosemary de março do ano passado a outubro deste ano. Uma média de cinco ligações por dia*. Fora e-mails passados por Rosemary com referências a Lula.

Sabe como Rosemary chamava Lula? De presidente? Não. José Dirceu chamava Lula de presidente. Antonio Palocci chamava Lula de presidente. Gilberto Carvalho, idem. Rosemary chamava Lula de "Luiz Inácio". E ainda chama.

Quem reclamava da sua falta de cerimônia no tratamento conferido ao presidente da República, ouvia dela muitas vezes: "Tenho intimidade com ele. Trato como quero. E daí?".

Não exagerava. Com frequência, sempre que viajava ao exterior acompanhando Lula, Rosemary se hospedava em apartamento próximo ao dele. Assim poderia atendê-lo com a presteza necessária.

Como, portanto, não seria adequado ligar Lula a Rosemary?

Não separe o que o destino uniu!

Lula deu uma de fraco, de cínico e de dissimulado ao comentar a propósito da enrascada em que Rosemary se meteu: "Eu me sinto apunhalado pelas costas".

Que falta de originalidade!

Quando estourou o escândalo do mensalão e Lula falou em cadeia nacional de rádio e de televisão para pedir desculpas aos brasileiros, ele disse que fora traído. E acrescentou:

- Fui apunhalado pelas costas.

Sob a ótica religiosa, Lula é o São Sebastião da política nacional, flechado por todos os lados. Sob a ótica pagã, é o Tufão, personagem da novela "Avenida Brasil", enganado pelas mulheres.

Rosemary leva vida modesta. Empregou o marido e uma filha no governo, mas não tem dinheiro para fazer face a uma eventual emergência médica, por exemplo.

Na condição de interlocutora privilegiada de Lula, recebia mimos aqui e acolá. Eram retribuições de favores que ela fazia. Nada de grande valor. E, no entanto, em pedindo tudo lhe seria dado. Quem duvida?

Ela pediu para Paulo Vieira o emprego na ANA. Mas quem pediu a Rosemary para que pedisse a Lula o emprego almejado por Paulo?

Carlos Minc, na época ministro do Meio Ambiente, sugerira a Lula o nome de uma técnica para a vaga que acabaria ocupada por Paulo. Lula desprezou a sugestão de Minc. Que no último fim de semana fez uma espantosa confissão:

- Naquela época, o nome desse cara (Paulo Vieira) já não cheirava bem.

Por que Minc não procurou Lula naquela época para adverti-lo de que o nome de Paulo cheirava mal? Por que Minc não conta agora o que sabia a respeito dele?

Por que Lula não explica seu esforço para emplacar Paulo na ANA?

Ao chegar no Senado o nome de Paulo, líderes do PMDB procuraram líderes do DEM e do PSDB e propuseram:

- Vamos derrubar a indicação?

"Eu topei porque meu negócio como líder do DEM era derrotar o governo sempre que pudesse", relembra José Agripino Maia (RN), hoje presidente do partido. Pelo mesmo motivo, topou o líder do PSDB, Arthur Virgílio.

Na votação em plenário deu empate. No mesmo dia, ao se repetir a votação, a indicação foi derrotada pela diferença de um voto. Não poderia haver uma terceira votação, segundo a Comissão de Constituição e Justiça do Senado.

Dali a quatro meses houve, sim, por insistência de Lula. O DEM e o PSDB foram pegos de surpresa. O PMDB havia sido apaziguado por ação direta dos senadores José Sarney (AP) e Renan Calheiros (AL).

A sombra de José Dirceu pesa sobre a história investigada pela Polícia Federal desde o ano passado, revela a procuradora federal Suzana Fairbanks.

Em 2003, primeiro ano do primeiro governo Lula, Paulo Vieira filiou-se ao PT. No ano seguinte, teve 55 votos e não se elegeu vereador em Gavião Peixoto, cidade de menos de cinco mil habitantes a 310 quilômetros da capital paulista.

Paulo tirou a sorte grande em 2005: foi nomeado pelo então ministro chefe da Casa Civil José Dirceu para o cargo de assessor especial de controle interno do Ministério da Educação.

Rosemary sempre recorria a Dirceu para atender interesses da quadrilha comandada por Paulo, assegura a procuradora Fairbanks. Costumava citá-lo como "JD".

Paulo usou o nome de Dirceu para tentar obter a ajuda de Cyonil da Cunha Borges, auditor do Tribunal da Contas da União e, ao fim e ao cabo, delator do esquema desmontado pela Polícia Federal.

Cyonil chegou a receber R$ 100 mil dos R$ 300 mil que Paulo lhe prometera em troca de um parecer favorável à Tecondi, empresa que opera no Porto de Santos. Dirceu prestava consultoria à empresa, de acordo com Paulo.

Como os R$ 200 mil restantes não lhe foram pagos, Cyonil bateu às portas da Polícia Federal, devolveu os R$ 100 que embolsara e entregou todo mundo.

Dirceu nega tudo.

Lula nada diz.

Rosemary jura inocência e ameaça falar caso seja presa.

Sai de cena o Escândalo do Mensalão.

Entra o Rosegate. Alguma sugestão melhor de nome?

* Correção: uma ligação a cada cinco dias, em média. Foi um engano. Noblat 

NOTA DO BLOT: Rosegate é uma alusão ao caso Watergate, o escândalo político ocorrido na década de 1970 nos Estados Unidos da América que, ao vir à tona, acabou por culminar com a renúncia do presidente americano Richard Nixon eleito pelo partido republicano. "Watergate" de certo modo tornou-se um caso paradigmático de corrupção.

Fonte: Tarauacá Notícias 

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Lula, indicação particular e o senso comum


O senso de oportunidade política por cima das convicções ideológicas já se manifestava no longínquo ano de 1978, quando Luiz Inácio apóia o ex-professor da USP para o senado, correndo pelo MDB.

Por Bruno Lima Rocha

A Operação Porto Seguro vem expondo, ainda como suposição e caminhando a passos largos para a convicção absoluta, uma possível relação privada do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Como por sorte não somos um país moralista e puritano como os EUA, a natureza das relações entre Lula e Rosemary Noronha importa pouco ou nada. Urgente é analisar a tipologia de controle político permissível ao ponto de impor a vontade de seu líder sobre um coletivo enorme. Obviamente, tal vontade seria a de Lula, impondo Rosemary como chefe de gabinete do Escritório de Representação da Presidência da República no estado responsável por 40% do PIB da sexta economia do mundo. É sobre o critério desta indicação, e suas desastrosas conseqüências ideológicas, que versa este artigo.


Há muito venho criticando os critérios autoritários de escolha dos cargos em comissão e como estas indicações corroem a interna dos grupos mais à esquerda e dos restos de sentido militante no partido de governo. Ao que se sabe Rosemary não foi indicada por critérios políticos e tampouco por sua capacidade técnica. É costume na política brasileira haver certo número de cargos da cota pessoal do titular do Poder Executivo ou mandato. Para estas funções espera-se que tais pessoas tenham alguma capacitação de tipo político-técnico. No caso, se há algo que justifique tal indicação, só pode ser uma relação de confiança privada, além de comungar do mesmo senso comum do presidente incluindo um sentido de oportunidade a todo custo.

Temos no mínimo dois absurdos. O primeiro é a indicação de alguém não capacitado para a função. Outro é o fato de não haver reação enérgica por parte do diretório nacional do partido de governo, tentando enquadrar as indicações de terceiro e quarto escalão em algum critério minimamente político. Quando não há este tipo de controle, temos uma relação autoritária, motivada por temas particulares. Neste quesito, não há diferença substantiva alguma com os governos anteriores e menos ainda com os aliados da base pela tal da governabilidade.

As esquerdas insurgentes latino-americanas caracterizavam o senso comum como condensação das idéias dominantes. É neste senso comum onde se localiza o horizonte ideológico do ex-presidente, reproduzindo o pior da cultura política brasileira somada com anseios do brasileiro médio. A conseqüência para a trajetória dos sindicalistas autênticos aparece como grotesca caricatura daquilo que este ex-líder metalúrgico já representou para o Brasil.



Fonte: Estrátegia e Análise

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Rose é indiciada por Formação de Quadrilha

"8 de dezembro - DIA DA JUSTIÇA Se achava a "última bolacha recheada do pacote". Se considerava a "Rainha da Cocada Preta". Julgava que estivesse acima do Bem e do Mal. Tanta arrogância e prepotência... e ambição e sede de poder... Foi indiciada pela Polícia Federal também por Formação de Quadrilha. Um dia a casa cai. Caiu".(ABC).


ROSE É INDICIADA PELO 4º CRIME: QUADRILHA

 Antes, a Polícia Federal havia considerado que a ex-secretária da Presidência não fazia parte da quadrilha, mas após uma avaliação nos documentos apreendidos no gabinete paulista, a conclusão foi outra; ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, disse no Congresso nessa semana que ela era apenas uma "funcionária subordinada" ao grupo criminoso
 
Brasil 247 – A ex-chefe de gabinete da Presidência da República em São Paulo, Rosemary Noronha, foi indiciada por quatro crimes pela Polícia Federal, que identificou um esquema de pareceres na Operação Porto. Antes da conclusão da investigação, ela havia sido considerada culpada por falsidade ideológica, tráfico de influência e corrupção passiva. Mas depois de avaliar os documentos apreendidos no escritório da Presidência, em São Paulo, ela ganhou a quarta acusação da PF: formação de quadrilha.

No material apreendido no gabinete, a PF concluiu que Rosemary mantinha uma "relação estável" com outros membros da quadrilha, informa reportagem do jornal O Estado de S. Paulo deste sábado. Ela era íntima principalmente de Paulo Vieira, apontado como líder do esquema de venda de pareceres em órgãos públicos. Ela o indicou para a diretoria da ANA (Agência Nacional de Águas) e teve o seu processo de divórcio advogado por ele (leia mais).

Nesta semana, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, insistiu no fato de que Rosemary não era parte da quadrilha, mas apenas uma "funcionária subordinada" aos membros do grupo criminoso. Segundo ele, que prestou depoimento sobre a operação a comissões da Câmara e do Senado, por essa razão não havia "uma quadrilha instalada no seio da Presidência".


Brasil 247

Fonte: Abra a Boca Cidadão
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