Aécioduto. O novo grande negócio da mídia nacional
Crédito : Reprodução
O NovoJornal, um dos
mais atuantes blogs mineiros de denúncias que nadam contra a corrente da
grande imprensa, denunciou a existência de um esquema gigantesco onde
dinheiro público e privado se misturam e o objetivo é eleger Aécio Neves
em 2014, com a distribuição de um gigantesco volume de recursos. O
esquema seria operado através de um pool de agências de publicidade
integrado pelas agências RC Comunicação Ltda, MPM-Populus,
FAZ&Branz, New Publicidade e Comunicação Integrada Ltda.
Vale lembrar que a primeira tentativa da grande imprensa em emplacar Aécio se deu há exatamente um ano atrás, com a minissérie "O Brado Retumbante". Desde então Fernando Henrique Cardoso defende a candidatura do senador para a presidência em 2014 com unhas e dentes. Também vale ressaltar que o nome de Aécio apareceu em diversos escândalos recentes e nenhum deles foi citado pela mídia: Lista de Furnas, Nióbio de Araxá e ocultação de patrimônio, para não citarmos o flagrante de embriaguez, porque este episódio é da vida privada.
Leia abaixo a matéria do NovoJornal na íntegra.
Ávida por recursos, pois sem faturamento, devido seu ultrapassado formato que não consegue concorrer com as mídias atuais, onde um pequeno blog é lido por um número superior de leitores que o maior jornal impresso que circula na mesma região, a grande imprensa regional e nacional agarra-se como tabua de salvação ao gigantesco volume de recursos distribuído na tentativa de eleger Aécio Neves.
Trata-se
de um esquema gigantesco onde dinheiro público e privado se misturam.
Operando através de um pool de agências de publicidade, transformou em
insignificante o esquema montado por Marcos Valério, conhecido por
Valérioduto. Integram este pool, RC Comunicação Ltda, MPM-Populus,
FAZ&Branz, New Publicidade e Comunicação Integrada Ltda.
Ciente
da impunidade e diante da imobilidade do Ministério Público imposta
pela Procuradoria Geral de Justiça, centralizou-se em Minas, a serviço
do Governo de Minas Gerais, os maiores especialistas no desvio de
dinheiro público e outras irregularidades praticadas através de agências
de propaganda, que operou no Brasil nos últimos 10 anos.
Envolvidas
na Operação “Caixa de Pandora”, estão a RC Comunicação Ltda e Branez
Comunicação Total Ltda, integrante do consórcio com a mineira FAZ . As
duas agências, segundo o Ministério Público, operaram o esquema de
lavagem de recursos públicos através de notas frias no Distrito Federal.
A Promotoria do DF informou ao Novojornal que:
“os
contratos não especificavam a forma nem o conteúdo dos serviços de
publicidade a serem prestados pelas empresas. Essa imprecisão, proibida
pela Lei n° 8.666/93, na prática permite que se realize qualquer coisa, a
qualquer momento e a qualquer preço. A Lei também exige a apresentação
de orçamento detalhado para a licitação de obras e serviços públicos,
enquanto nos contratos de publicidade em questão nem mesmo o valor final
dos serviços está discriminado de forma clara”.
Baseada nas evidências, a Promotoria argumentou que:
“esses
contratos são um meio para o governo manter à sua disposição empresas
contratadas para prestar serviços deliberadamente indiscriminados, com
valores altíssimos, limitados apenas pela disponibilidade orçamentária. O
objetivo final dos contratos seria fazer propaganda ideológica, uma vez
que muitas das ações publicitárias realizadas não apresentam caráter de
informação, educação ou orientação social”.
A
Propulus, integrante do consórcio com a MPM, que empresta apenas seus
atestados, nada mais é que a sucessora da Espontânea Comunicação Ltda,
envolvida no enorme esquema de corrupção na administração de Antônio
Palocci à frente da Prefeitura Municipal de Ribeirão Preto (SP), entre
2001 e 2002.
A
agência New, derivação da New Trade, de propriedade do cunhado de Ciro
Gomes, envolvida no escândalo do Mensalão, além de atender o Governo de
Minas, atende ao Sistema FIEMG, CNI, Sebrae,FAEMG, AngloGold, Egesa ,
MMX e a Revista Veja BH.
A
Lápis Raro, além do Governo de Minas, atende a CBMM, Usiminas e a Rede
Globo Minas e a Radio Itatiaia. A Perfil atende a Cemig, BDMG,
Prefeitura de Belo Horizonte e o Jornal Estado de Minas, sabidamente
todas estas instituições integram o projeto político de Aécio Neves.
Por
recusarem participar deste esquema, as tradicionais agências de
propaganda mineiras foram alijadas do processo, através de manobras nos
procedimentos licitatórios. Informam estas empresas que as
irregularidades ocorridas no certame foram encaminhadas ao Ministério
Público Estadual.
Inexplicavelmente,
como se a distância entre Brasília, Ribeirão Preto e Belo Horizonte
fosse enorme e estivéssemos em Países diferentes, este grupo de empresas
operam a luz do dia um esquema que movimenta, segundo especialistas,
mais de R$ 65 milhões por mês.
E
bem provável que na hora que estourar mais este escândalo as
autoridades e grande parte da mídia nacional façam cara de assustados,
como se não soubessem de nada. Foi criado a República Independente de
Minas Gerais.
O Governo de Minas e as empresas citadas foram consultadas e optaram por não falar, transferindo para o cliente tal tarefa.
Leia também:
Documentos que fundamentam esta matéria
Link das agências de propagandas citadas
Fonte Portal em Pauta
Leia mais
A inquestionável partidarização da imprensa
Livro recém-lançado trata da cobertura política oferecida pelo jornal Folha de S. Paulo e parte da divulgação da falsa ficha “criminal” dos arquivos do Dops da militante da VAR-Palmares Dilma Rousseff, então pré-candidata à Presidência da República, em 4 de abril de 2009.
Por Venício A. de Lima
Se o leitor (a) ainda precisa de alguma comprovação
sobre o comportamento partidário dos jornalões brasileiros, sobretudo
nos períodos eleitorais, recomendo a leitura do excelente “A Ditadura
Continuada – Fatos, Factoides e Partidarismo da Imprensa na Eleição de
Dilma Rousseff”, resultado de uma cuidadosa pesquisa realizada por
Jakson Ferreira de Alencar, recentemente publicado pela editora Paulus.
O livro se concentra na cobertura política oferecida pelo jornal Folha de S. Paulo e parte da divulgação da falsa ficha “criminal” dos arquivos do Dops da militante da VAR-Palmares Dilma Rousseff, então pré-candidata à Presidência da República, em 4 de abril de 2009.
Jakson Alencar faz um acompanhamento minucioso de todo o caso, ao longo dos três meses seguintes, registrando a “semirretratação” do jornal, em matéria antológica para o estudo da ética jornalística, na qual se reconhece como erro “tratar como autêntica uma ficha cuja autenticidade, pelas informações hoje disponíveis, não pode ser assegurada – bem como não pode ser descartada” (p. 67).
Chama a atenção no episódio a “condução”, pela repórter da Folha, da entrevista – que mais parece um interrogatório – realizada com Dilma. Há uma indisfarçável tentativa de comprovar a hipótese do jornal de envolvimento da entrevistada não só com o sequestro (não realizado) do então ministro Delfim Netto, mas também com a luta armada. A entrevista de outro militante, Antonio Espinosa, usada como suporte à tese do jornal, jamais foi publicada na íntegra, apesar de os trechos publicados haverem sido reiteradamente desmentidos pelo entrevistado.
Jakson Alencar mostra, com riqueza de detalhes, o comportamento arrogante do jornal, ao tempo em que a própria Dilma tratava de comprovar a falsidade da ficha, além do descumprimento sistemático de seu próprio Manual de Redação. Fica clara a “tese central de toda a reportagem, segundo a qual a resistência à ditadura é criminosa, e não o regime totalitário e violento, implantado de maneira ilegal” (p. 95) e, mais ainda, que essa tese “continuou sendo difundida em muitos veículos da imprensa brasileira durante todo o período da campanha eleitoral de 2010”.
A segunda parte do livro trata do período da campanha eleitoral, de abril a agosto de 2010. Aqui o ponto de partida é o 1º Fórum Democracia e Liberdade de Expressão, promovido pelo Instituto Millenium, em março. Como se sabe, essa ONG é um dos think tanks da direita conservadora brasileira, financiado, entre outros, pelos principais grupos da grande mídia. Segundo Jakson Alencar, teria surgido nesse fórum a “Operação Tempestade no Cerrado”, que orientaria a cobertura política dos jornalões e teria como objetivo impedir a eleição de Dilma Rousseff (p.105).
Concentrado na Folha de S.Paulo, o livro mostra o esforço cotidiano para ressuscitar escândalos passados e a busca de novos escândalos do governo do PT, além de tropeços e temas negativos relativos a Dilma. Paralelamente, o tratamento leniente e omisso dispensado ao candidato do PSDB.
Na terceira e última parte, o livro aborda a Operação segundo turno e cobre o período que vai de 26 de agosto a 3 de outubro. A partir do momento em que as pesquisas de intenção de voto confirmam a tendência de eleição de Dilma, tem início “uma maciça ação da imprensa contra a candidata às vésperas da eleição e uma chamada ‘bala de prata’, com o intuito de alterar os rumos da campanha” (p. 145).
Destacam-se nesse período “acusações, ilações e insinuações que viraram condenações sumárias” (p. 147), sobretudo o caso do suposto “dossiê” preparado pelo PT sobre dirigentes tucanos, com dados fiscais sigilosos, e o “escândalo” envolvendo a então substituta de Dilma na Casa Civil (registro: o Tribunal Regional Federal da 1ª Região arquivou o processo contra Erenice Guerra por suposto tráfico de influência, depois de acatar recomendação do Ministério Público Federal e por decisão do juiz Vallisney de Souza Oliveira, da 10ª Vara Federal, em 20 de julho de 2012).
Nas suas conclusões, Jakson Alencar afirma que “a cobertura (da Folha de S. Paulo) (...) misturou frequentemente fatos com opiniões e boatos, somando-se a isso outros elementos, como torcida, manifestação de desejos travestidos de informação, argumentação frágil e com pouca lógica, estratégias óbvias e já desgastadas pelo uso repetitivo em diversas eleições, incapacidade de analisar processos econômico-sociais para construir posicionamentos e críticas com um mínimo de sofisticação; teses e hipóteses furadas; narrativas e entrevistas enviesadas; fontes de baixíssima credibilidade” (p. 252).
Curiosamente (ou não?), na mesma época em que a Paulus publicava o livro de Jakson Alencar, a PubliFolha lançava na Coleção “Folha Explica” o livro sobre a própria Folha, escrito por Ana Estela de Souza Pinto, ela mesma jornalista da casa desde 1988. Neste, o “erro” do episódio da ficha falsa de Dilma no Dops merece registro em função do “fato de a Folha ter voltado sua bateria investigativa para todos os governantes, de diferentes partidos”.
Segue-se um parágrafo que reproduz a “retratação” que a Folha ofereceu, já citada, na qual, apesar de todas as evidências em contrário, se afirma que a autenticidade da ficha do Dops “não pode ser assegurada – bem como não pode ser descartada”. Nem uma única observação sobre a cobertura partidária das eleições de 2010.
O resultado de tudo isso, como se sabe, é que Dilma Rousseff – apesar da grande mídia e do seu partidarismo – foi eleita presidenta da República.
“A Ditadura Continuada – Fatos, Factoides e Partidarismo da Imprensa na Eleição de Dilma Rousseff”, de Jakson Alencar, demonstra e confirma o que já sabemos: os jornalões brasileiros, além de partidarizados, não têm compromisso nem mesmo com seus manuais de redação.
Artigo publicado originalmente na revista Teoria e Debate
O livro se concentra na cobertura política oferecida pelo jornal Folha de S. Paulo e parte da divulgação da falsa ficha “criminal” dos arquivos do Dops da militante da VAR-Palmares Dilma Rousseff, então pré-candidata à Presidência da República, em 4 de abril de 2009.
Jakson Alencar faz um acompanhamento minucioso de todo o caso, ao longo dos três meses seguintes, registrando a “semirretratação” do jornal, em matéria antológica para o estudo da ética jornalística, na qual se reconhece como erro “tratar como autêntica uma ficha cuja autenticidade, pelas informações hoje disponíveis, não pode ser assegurada – bem como não pode ser descartada” (p. 67).
Chama a atenção no episódio a “condução”, pela repórter da Folha, da entrevista – que mais parece um interrogatório – realizada com Dilma. Há uma indisfarçável tentativa de comprovar a hipótese do jornal de envolvimento da entrevistada não só com o sequestro (não realizado) do então ministro Delfim Netto, mas também com a luta armada. A entrevista de outro militante, Antonio Espinosa, usada como suporte à tese do jornal, jamais foi publicada na íntegra, apesar de os trechos publicados haverem sido reiteradamente desmentidos pelo entrevistado.
Jakson Alencar mostra, com riqueza de detalhes, o comportamento arrogante do jornal, ao tempo em que a própria Dilma tratava de comprovar a falsidade da ficha, além do descumprimento sistemático de seu próprio Manual de Redação. Fica clara a “tese central de toda a reportagem, segundo a qual a resistência à ditadura é criminosa, e não o regime totalitário e violento, implantado de maneira ilegal” (p. 95) e, mais ainda, que essa tese “continuou sendo difundida em muitos veículos da imprensa brasileira durante todo o período da campanha eleitoral de 2010”.
A segunda parte do livro trata do período da campanha eleitoral, de abril a agosto de 2010. Aqui o ponto de partida é o 1º Fórum Democracia e Liberdade de Expressão, promovido pelo Instituto Millenium, em março. Como se sabe, essa ONG é um dos think tanks da direita conservadora brasileira, financiado, entre outros, pelos principais grupos da grande mídia. Segundo Jakson Alencar, teria surgido nesse fórum a “Operação Tempestade no Cerrado”, que orientaria a cobertura política dos jornalões e teria como objetivo impedir a eleição de Dilma Rousseff (p.105).
Concentrado na Folha de S.Paulo, o livro mostra o esforço cotidiano para ressuscitar escândalos passados e a busca de novos escândalos do governo do PT, além de tropeços e temas negativos relativos a Dilma. Paralelamente, o tratamento leniente e omisso dispensado ao candidato do PSDB.
Na terceira e última parte, o livro aborda a Operação segundo turno e cobre o período que vai de 26 de agosto a 3 de outubro. A partir do momento em que as pesquisas de intenção de voto confirmam a tendência de eleição de Dilma, tem início “uma maciça ação da imprensa contra a candidata às vésperas da eleição e uma chamada ‘bala de prata’, com o intuito de alterar os rumos da campanha” (p. 145).
Destacam-se nesse período “acusações, ilações e insinuações que viraram condenações sumárias” (p. 147), sobretudo o caso do suposto “dossiê” preparado pelo PT sobre dirigentes tucanos, com dados fiscais sigilosos, e o “escândalo” envolvendo a então substituta de Dilma na Casa Civil (registro: o Tribunal Regional Federal da 1ª Região arquivou o processo contra Erenice Guerra por suposto tráfico de influência, depois de acatar recomendação do Ministério Público Federal e por decisão do juiz Vallisney de Souza Oliveira, da 10ª Vara Federal, em 20 de julho de 2012).
Nas suas conclusões, Jakson Alencar afirma que “a cobertura (da Folha de S. Paulo) (...) misturou frequentemente fatos com opiniões e boatos, somando-se a isso outros elementos, como torcida, manifestação de desejos travestidos de informação, argumentação frágil e com pouca lógica, estratégias óbvias e já desgastadas pelo uso repetitivo em diversas eleições, incapacidade de analisar processos econômico-sociais para construir posicionamentos e críticas com um mínimo de sofisticação; teses e hipóteses furadas; narrativas e entrevistas enviesadas; fontes de baixíssima credibilidade” (p. 252).
Curiosamente (ou não?), na mesma época em que a Paulus publicava o livro de Jakson Alencar, a PubliFolha lançava na Coleção “Folha Explica” o livro sobre a própria Folha, escrito por Ana Estela de Souza Pinto, ela mesma jornalista da casa desde 1988. Neste, o “erro” do episódio da ficha falsa de Dilma no Dops merece registro em função do “fato de a Folha ter voltado sua bateria investigativa para todos os governantes, de diferentes partidos”.
Segue-se um parágrafo que reproduz a “retratação” que a Folha ofereceu, já citada, na qual, apesar de todas as evidências em contrário, se afirma que a autenticidade da ficha do Dops “não pode ser assegurada – bem como não pode ser descartada”. Nem uma única observação sobre a cobertura partidária das eleições de 2010.
O resultado de tudo isso, como se sabe, é que Dilma Rousseff – apesar da grande mídia e do seu partidarismo – foi eleita presidenta da República.
“A Ditadura Continuada – Fatos, Factoides e Partidarismo da Imprensa na Eleição de Dilma Rousseff”, de Jakson Alencar, demonstra e confirma o que já sabemos: os jornalões brasileiros, além de partidarizados, não têm compromisso nem mesmo com seus manuais de redação.
Artigo publicado originalmente na revista Teoria e Debate
(*) Venício A. de Lima é jornalista e
sociólogo, pesquisador visitante no Departamento de Ciência Política da
UFMG (2012/2013), professor de Ciência Política e Comunicação da UnB
(aposentando) e autor de Política de Comunicações: um Balanço dos
Governos Lula (2003-2010), Editora Publisher Brasil, 2012, entre outros
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O retrato de uma imprensa canalha
Uma pergunta: se fosse Barack Obama o chefe de Estado na mesa de cirurgia, eles publicariam a foto? Se fosse Bush? E se fosse FHC, os jornais brasileiros publicariam? Se fosse Lula, provavelmente ;
Por LULA MIRANDA
O jornal El País estampou, com destaque e
espalhafato, em sua primeira página, a fotografia de um homem entubado
numa mesa de cirurgia, que supostamente seria o presidente da Venezuela,
Hugo Chávez. O homem da foto não era Chávez. O jornal cometeu uma das
barrigas mais infames da história do jornalismo. Mas isso é de menor
relevância. O essencial nessa questão é a grave violação da ética do
jornalismo e o desrespeito aos direitos humanos perpetrados pelo jornal.
Esse aspecto, curiosamente, ninguém aborda ou comenta.
O homem retratado na foto, em um momento íntimo e de
máxima fragilidade, não era Chávez. E se fosse? Estaria assim
justificada a publicação da foto? É justificável exibir um ser humano
daquela maneira, estampado numa foto gigantesca na primeira página de um
grande jornal? Só para se vender algumas centenas de milhares de
jornais? Não, não é. E o editor do jornal e seus donos sabem disso, mas
compram e publicam esse tipo de foto e manchete sensacionalista por
motivos que não tem nada a ver com o bom jornalismo.
A presidenta Argentina, Cristina Kirchner reagiu com indignação e mandou pelo Twitter: “Na capa do 'El País' vi uma foto que, na verdade, não é uma foto. É uma canalhice”. E disse mais: "Imprensa
canalha. Não há outro adjetivo. É igual em todos os lugares, o 'El
País' em Madri, o 'The Sun' em Londres, envolvido em escândalos de
corrupção e quem sabe outras coisas mais. Aqui [Argentina] é o 'Clarín'.
Sobre isso não faltam adjetivos, sobram e são bastante conhecidos".
A presidenta está correta: isso ocorre “em todos os
lugares”. Mas não deveria. Ocorre aqui no Brasil também. Lembro-lhes o
episódio da publicação de uma ficha falsa da presidenta Dilma Rousseff
pelo jornal Folha de S.Paulo
Por isso que se deve discutir uma Lei de Meios, uma
legislação para a regulação da mídia, estabelecer um código mínimo de
ética, e o que pode e o que não pode ser publicado (não confundir com
censura), para assim proteger o cidadão comum do poder esmagador da
mídia. Pois se fazem isso com um chefe de Estado, imagine o que não
fariam com você, prezado leitor?
Cabe uma pergunta: se fosse Barack Obama o chefe de Estado
na mesa de cirurgia, eles publicariam a foto? Se fosse Bush? E se
fosse FHC, os jornais brasileiros publicariam? Se fosse Lula,
provavelmente. Donde podemos depreender que uns são mais humanos que
outros, uns merecem mais respeito do que outros. Não é exatamente esse
modelo de sociedade que desejamos para “nosotros” – não é mesmo?
A presidenta da Argentina disse ainda mais: "Como será
a pessoa que montou a foto? Será que ela anda pelas ruas de Madri junto
com homens e mulheres normais? E será que o editor escreve editoriais
sobre ética, moral e bons costumes e aponta com o dedo sua próxima
vítima?". Kirchner na verdade queria, provavelmente, se referir ao
editor que autorizou a publicação da foto e aos chamados “barões da
mídia”. Mas esses, sabe-se, definitivamente não podem ser considerados
“pessoas normais”. Não podem.
Fonte: Brasil 247
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