"Quem é burro, pede a Deus que o mate e ao diabo que o carregue".
O
badernaço promovido logo no início da programação brasileira da
blogueira Yoani Sánchez era tudo de que o PIG precisava para colocá-la
em evidência.
Se os militantes truculentos não fizessem o jogo dos inimigos, a visita
se resumiria à blogueira repetindo pela enésima vez aquilo que escreve
no blogue, ou seja, mais do mesmo.
Agora, é assunto para editoriais dos principais veículos da mídia golpista, como os jornais O Estado de S. Paulo e Folha de S. Paulo. É capaz de a Veja dar até matéria de capa...
Quem é burro, pede a Deus que o mate e ao diabo que o carregue.
Em tempo: se queremos a liberdade de expressão e o direito de ir e vir
para nós, não podemos concordar com que eles sejam violados no caso
daqueles de quem não gostamos. É simples assim.
Os governantes cubanos criaram um monstro ao agirem autoritariamente
contra a blogueira, tornando-a vítima. Se tivessem o bom senso de
ignorar o blogue, sua repercussão não só continuaria sendo mínima em
Cuba, como a tal Yoani não teria alcançado notoriedade mundial.
Os ativistas daqui --manifestantes e internautas que desperdiçam tempo e
esforços fazendo campanha contra ela-- repetem o mesmíssimo erro. Não
esqueceram nem aprenderam nada. São um desastre em comunicação.
POST SCRIPTUM: TIRO PELA CULATRA
Em sua coluna desta 6ª feira (22/02), a Eliana Cantanhêde, da Folha de S. Paulo,
constata exatamente a bola que eu cantei, ou seja, que a iniciativa
cubana de municiar manifestantes brasileiros com um dossiê e incentivar
atos de repúdio à blogueira, acabaria redundando num tiro pela culatra.
Outra atualização, esta de sábado (23/02): a Veja deu mesmo matéria de capa. E os tucanos também tiraram sua casquinha. Quem precisa pagar um novo cabo Anselmo, se a turba ululante, gratuitamente, levanta a bola para a direita marcar pontos e mais pontos?
Fonte: Náufrago da Utopia
Saiba mais
Yoani Sánchez e o debate oculto
Os protestos pela presença de Yoani Sánchez no
Brasil decorrem do financiamento de sua publicação e das duvidosas
alianças tecidas por esta ativista liberal dentro da Ilha.
Por Bruno Rocha
A presença no Brasil da blogueira ativista
liberal cubana Yoani Sánchez, e os protestos subseqüentes nos remetem a
uma série de polêmicas tristemente esquecidas. Geralmente, quando o tema
em pauta é Cuba, paixões afloram para além de alguma base
argumentativa. A ilha dos irmãos Castro foi um símbolo poderoso ao
romper a política de detenção, onde os partidos comunistas satélites de
Moscou operavam como bombeiros das lutas populares na América Latina e
Europa. No ocidente, após o sistema mundo instalado nos Acordos de
Yalta, a antiga União Soviética se comprometia a respeitar o que havia
de instituição, ou ao menos, agir de forma subserviente da hegemonia dos
EUA e seus aliados da OTAN. Com a vitória em 1º de janeiro de 1959, o
Movimento 26 de julho abre o espaço para a insurgência em todo o
Continente, passando a rivalizar com as legendas stalinistas. Esta é uma
das partes boas da história.
A
outra é a construção de um sistema social de amparo em Cuba,
transformando em dez anos o antigo cassino e ilha dos pecados da máfia
estadunidense em um país campeão de indicadores sócio-econômicos.
Durante o período da bipolaridade, o governo de Fidel Castro operara de
forma semi-autônoma na sua política externa, apoiando diretamente, até o
final dos anos ’80, guerras anti-coloniais como a de Angola ou
insurgentes centro-americanos. Enfrentando um bloqueio econômico de meio
século e quase indo à débâcle após o colapso soviético, o apoio a Cuba
faz das críticas algo próximo do sacrilégio. É quase impossível debater,
o que se comprova literalmente nos episódios de Feira de Santana.
Criticar o sistema político cubano por esquerda não é fazer coro com os gusanos de Miami e tampouco com Yoani. Qualquer um com alguma experiência em novas mídias imagina o volume de recursos existente para a tradução dos conteúdos do blog Generación Y em vinte idiomas. Isto não é fruto apenas esforço de viúvas anti-comunistas da Guerra Fria mas, no mínimo, do poderoso lobby cubano da Florida e os recursos subseqüentes. A diferença substantiva é que Sánchez e seus correligionários são dissidentes internos e não terroristas e criminosos como os membros da Alpha 66 e outras organizações para-militares toleradas pelo Departamento de Estado.
Não há impossibilidade teórica e prática em compatibilizar direitos políticos, democracia direta e políticas sociais de distribuição igualitária. Propositadamente, este debate é ocultado tanto pelos “seguidores” de Yoani como por seus críticos brasileiros.
Este artigo foi originalmente publicado no blog do jornalista Ricardo Noblat
Observação: vale conferir o artigo neste hiperlink; no entender deste analista trata-se da crítica, munida com informações mais fundamentadas a respeito das fontes de financiamento do ativismo cibernético de Yoani Sánchez. O texto é do professor francês Salim Lamrani.
Criticar o sistema político cubano por esquerda não é fazer coro com os gusanos de Miami e tampouco com Yoani. Qualquer um com alguma experiência em novas mídias imagina o volume de recursos existente para a tradução dos conteúdos do blog Generación Y em vinte idiomas. Isto não é fruto apenas esforço de viúvas anti-comunistas da Guerra Fria mas, no mínimo, do poderoso lobby cubano da Florida e os recursos subseqüentes. A diferença substantiva é que Sánchez e seus correligionários são dissidentes internos e não terroristas e criminosos como os membros da Alpha 66 e outras organizações para-militares toleradas pelo Departamento de Estado.
Não há impossibilidade teórica e prática em compatibilizar direitos políticos, democracia direta e políticas sociais de distribuição igualitária. Propositadamente, este debate é ocultado tanto pelos “seguidores” de Yoani como por seus críticos brasileiros.
Este artigo foi originalmente publicado no blog do jornalista Ricardo Noblat
Observação: vale conferir o artigo neste hiperlink; no entender deste analista trata-se da crítica, munida com informações mais fundamentadas a respeito das fontes de financiamento do ativismo cibernético de Yoani Sánchez. O texto é do professor francês Salim Lamrani.
Fonte: Estratégia e Análise
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Quem está por trás de Yoani Sánchez?
Sozinha, blogueira cubana não teria capacidade financeira e nem técnica para manter seus ataques ao governo de Havana
Salim Lamrani
La Jornada
Yoani
Sánchez, famosa blogueira de Havana, é uma personagem peculiar no
universo da dissidência cubana. Jamais nenhum opositor se beneficiou de
uma exposição midiática tão massiva e nem de um reconhecimento
internacional de semelhante dimensão em tão pouco tempo.
Após emigrar
para a Suíça em 2002, decidiu retornar a Cuba dois anos depois, em 2004.
Em 2007, adentrou o universo da oposição em Cuba ao criar o blog
Generación Y*, tornando-se uma detratora ferrenha do governo de Havana.
Jamais nenhum dissidente em Cuba – quiçá no mundo – conseguiu tantas
premiações internacionais em tão pouco tempo, com uma característica
particular: tais prêmios deram a Yoani Sánchez dinheiro suficiente para
viver tranquilamente em Cuba o resto de sua vida.
No total, a
blogueira foi agraciada com a soma de 250 mil euros, o que significa um
montante equivalente a mais de 20 anos de salário mínimo em um país como
a França, quinta potência mundial. Ou ainda o equivalente a 1.488 anos
de salário mínimo cubano por sua atividade de opositora, já que em Cuba o
salário mínimo mensal é de 420 pesos, quer dizer, 18 dólares ou 14
euros.
Wikileaks
Yoani Sánchez
mantém estreita relação com a diplomacia estadunidense em Cuba, como
indica uma mensagem, classificada como secreta por seu delicado
conteúdo, emitido pela Seção de Interesses Norte-Americanos (Sina).
Michael Parmly, antigo chefe da Sina em Havana, que se reunia
regularmente com Yoani em sua residência diplomática pessoal como
indicam documentos confidenciais da Sina, demonstrou preocupação a
respeito da publicação dos telegramas diplomáticos estadunidenses pelo
Wikileaks: “Ficaria bastante aborrecido se as inúmeras conversas que
tive com Yoani fossem publicadas. Ela poderia ter de pagar pelas
consequências por toda a sua vida”. Posto isso, a pergunta que vem
imediatamente à cabeça é a seguinte: “Por quais razões Yoani estaria em
perigo se a sua atuação, como afirma, respeita o marco da legalidade?”.
Em 2009, a
imprensa ocidental propagandeou massivamente a entrevista que o
presidente Barack Obama havia concedido a Yoani Sánchez, o que foi
considerado um feito excepcional. À época, Yoani também havia afirmado
haver mandado um questionário similar ao presidente cubano Raúl Castro e
que este não havia se dignado a responder a sua solicitação. No
entanto, os documentos confidenciais da Sina, publicados pelo Wikileaks,
contradizem essas declarações.
Na realidade,
descobriu-se que foi um funcionário da representação diplomática
estadunidense em Havana quem se encarregou de redigir as respostas para a
dissidente e não o presidente Obama. Mais grave ainda, o Wikileaks
revelou que Yoani, diferentemente de suas afirmações, jamais mandou um
questionário a Raúl Castro. O chefe da Sina, Jonathan D. Farrar,
confirmou essa realidade em uma mensagem ao Departamento de Estado: “Ela
não esperava uma resposta dele [Raúl], pois confessou que nunca enviou
[as perguntas] ao presidente cubano”.
A conta no Twitter
Além do blog
Generación Y, Yoani Sánchez dispõe também de uma conta no Twitter e
reivindica ter mais de 214 mil seguidores (registrados até 12 de
fevereiro de 2012)**. Apenas 32 deles residem em Cuba. Por seu lado, a
dissidente cubana segue mais de 80 mil pessoas. Em seu perfil, Sánchez
se apresenta do seguinte modo: “Blogueira, resido em Havana e conto a
minha realidade em textos de 140 caracteres. ‘Twitto’ via SMS sem acesso
à rede”.
Não obstante,
a versão de Yoani é dificilmente crível. Com efeito, resulta ser
absolutamente impossível seguir mais de 80 mil pessoas só por SMS
[mensagens de texto via celular] com uma conexão semanal a partir de um
hotel. Um acesso diário à rede é indispensável para tanto.
A
popularidade na rede social Twitter depende do número de seguidores.
Quanto mais numerosos são, maior é a exposição da conta. Do mesmo modo,
existe uma forte correlação entre o número de pessoas seguidas e a
visibilidade da própria conta. A técnica que consiste em seguir
numerosas contas é comumente utilizada para fins comerciais, assim como
pela classe política durante as campanhas eleitorais.
A página
www.followerwonk.com permite analisar o perfil dos seguidores de
qualquer membro da comunidade Twitter. O estudo do caso Yoani Sánchez é
revelador em vários aspectos. Uma análise dos dados da conta Twitter da
blogueira cubana, realizado através dessa página, revela a partir de
2010 uma impressionante atividade da conta de Yoani. Assim, a partir de
junho de 2010, Yoani se inscreveu para seguir mais de 200 contas Twitter
diferentes por dia, com picos que podiam alcançar 700 contas em 24
horas. A menos que se passe horas inteiras do dia e da noite nisso – o
que parece altamente improvável – resulta impossível inscrever-se em
tantas contas em tão pouco tempo. Parece, então, que as assinaturas
tenham sido geradas por meio de um robô.
Perfis fantasmas
Do mesmo
modo, descobre-se que cerca de 50 mil seguidores de Yoani são, na
realidade, contas fantasmas ou inativas, que criam a ilusão de que a
blogueira cubana goza de uma grande popularidade nas redes sociais. Com
efeito, dos 214.063 seguidores da conta @yoanisanchez, 27.012 são “ovos”
(perfis sem foto) e cerca de outros 20 mil revestem-se com
características de contas fantasmas com uma atividade inexistente na
rede (de zero a três mensagens mandadas desde a criação da conta).
Entre as
contas fantasmas que seguem Yoani no Twitter, 3.363 não possuem nenhum
seguidor e 2.897 só seguem a conta da blogueira, assim como a uma ou
duas contas. Do mesmo modo, algumas contas apresentam características
bastante estranhas: apesar de não possuírem nenhum seguidor, e seguirem
apenas Yoani, já enviaram mais de 2 mil mensagens.
Essa operação
destinada a criar uma popularidade fictícia via Twitter é impossível de
se realizar sem acesso a internet. Necessita também de um apoio
tecnológico assim como de um orçamento. Segundo uma investigação
realizada pelo diário mexicano La Jornada, sob o título “El
ciberacarreo, la nueva estrategia de los políticos en Twitter”, sobre
operações que envolviam os presidenciáveis mexicanos, diversas empresas
dos Estados Unidos, Ásia e América Latina oferecem esse serviço de
popularidade fictícia (o “ciberacarreo”, algo como um arrastão digital
promovido artificialmente) por preços elevados. “Por um exército de 25
mil seguidores inventados no Twitter – afirma o jornal, cobra-se até 2
mil dólares e por 500 perfis manejados por 50 pessoas gasta-se entre 12
mil e 15 mil dólares”.
25 mil euros por mês
Yoani Sánchez
envia, em média, 9,3 mensagens [de texto via celular] por dia. Em 2011,
a blogueira enviou cerca de 400 mensagens ao mês. O preço de uma
mensagem em Cuba é de um Peso Conversível (CUC), o que representa um
total de 400 CUC mensais. O salário mínimo em Cuba é de 420 Pesos
Cubanos, o que representa algo em torno de 16 CUC. Todo mês, Yoani gasta
o equivalente a dois anos de salário mínimo em Cuba. Assim, a blogueira
gasta em Cuba [com o Twitter] uma soma que corresponde, caso ela fosse
francesa, a 25 mil euros mensais, ou seja, 300 mil euros por ano. Qual a
procedência dos recursos necessários para essas atividades?
Inevitavelmente,
outras perguntas surgem: “Como Yoani Sánchez pode seguir a mais de 80
mil contas sem um acesso permanente à internet? Como conseguiu se
inscrever para seguir cerca de 200 contas diferentes por dia, em média,
desde junho de 2010, com picos que superam 700 contas? Quantas pessoas
seguem realmente as atividades da opositora cubana na rede social? Quem
financia a criação das contas fictícias? Com que objetivo? Quais são os
interesses que se escondem por detrás da figura de Yoani Sánchez?
* Estranhamente traduzido em tempo real em 20 línguas; entre elas, polonês, lituano, grego, búlgaro, coreano, persa e romeno.
** [N.T] Até
27 de fevereiro, data de fechamento desta edição, o número de seguidores
já havia aumentado em 7.676, em um período de apenas 15 dias,
totalizando 221.739 seguidores.
Tradução: Nélson Norberto
Salim Lamrani, graduado
pela Universidade de Sorbonne, é professor encarregado de cursos na
Universidade Paris-Descartes e na Universidade París-Est Marne-la-Vallée
e jornalista francês, especialista nas relações entre Cuba e Estados
Unidos. Autor de Fidel Castro, Cuba e Estados Unidos (2007) e Dupla
Moral. Cuba, a União Europeia e os direitos humanos (2008), entre outros
livros. Em 2010, realizou uma longa entrevista – que pode ser acessada
em http://www.rebelion.org/ noticia.php?id=103999 – com a própria Yoani,
na qual ela nitidamente se esquiva quando confrontada a dar maiores
esclarecimentos sobre a sua atividade
Fonte: Pátria Latina
https://www.facebook.com/antoniocavalcantefilho.cavalcante
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