A Corrupção é Nossa
Da pagina Visão Panorâmica
Nosso país é um daqueles lugares engraçados onde
algumas coisas acontecem que, se você as contasse, todos diriam serem
mentiras. Fraudes, falcatruas, roubos e toda sorte de ilícitos são
cometidos por figuras conhecidas e reconhecidas da política nacional e
da sociedade, sem que nenhuma consequência danosa atinja essas pessoas.
Muito disso se deve a nossa própria cultura egoísta
de levar vantagem em tudo e do fato de termos perdido velhos ideais
saudáveis do cotidiano como honra, lealdade, honestidade e decência. Não
me refiro ao puritanismo vazio e hipócrita. Quero me referir à postura
ética e cidadã que todos deveríamos ter.
Costumamos bater no peito e exigir nossos direitos,
mas desrespeitamos sem pestanejar os direitos dos outros. Gritamos “Fora
Sarney” ou “Fora Renan”; mas pagamos a propina do guarda de trânsito
para não sermos multados ou furamos a fila de qualquer coisa só para nos
sentirmos “espertos”.
O Brasil é um país que carece de exemplos a serem
seguidos. Carece de líderes na total acepção da palavra. Carece de metas
claras no trato da “coisa pública” e, principalmente, carece de
seriedade em todos os setores de sua sociedade.
Por mais que se tente mudar essa realidade tão
desesperadora, são as pequenas mensagens emanadas das altas esferas do
poder que solapam qualquer perspectiva de que algo mude num futuro
próximo.
Muito mais dos que os Mensalões, os Propinodutos e
todos os escândalos que vemos pipocar nos jornais a cada dia; são os
detalhes da cara de pau dos corruptos e desonestos que mais impressionam
e marcam negativamente nossa gente.
Todos nós sabemos que um juramento é algo de foro
íntimo e que, muitas vezes, para algumas pessoas é meramente uma chata
formalidade a ser ultrapassada ao assumir um determinado cargo ou
responsabilidade. No entanto, por mais que sejam apenas palavras bonitas
colocadas num papel para serem ditas numa cerimônia; o juramento tem
certo “cheiro de verdade”. A retirada da menção ao exercício ético do
mandato de senador, no juramento de posse, pode não significar nada na
prática laborativa do cargo e, muito menos, ser incapaz de constranger
ou deter os velhos e novos corruptos e demagogos que infestam o Senado
Federal. Contudo, é uma das pequenas coisas que servem de exemplo do
desprezo e da degeneração que hoje reina na atividade pública
brasileira.
Qual a objetividade de deixar a palavra ética no
juramento de posse dos senadores? Como eu disse: absolutamente nenhuma.
Mas, sua retirada tem o poder de chocar e de tornar vívida a ideia de
que aqueles que ali estão a desprezam.
Da mesma forma, a escolha do advogado Elano Rodrigues
Figueiredo para dirigir a ANS (Agência Nacional de Saúde Complementar) é
outra dessas pequenas mensagens emanadas do Congresso Nacional para a
sociedade assumindo que a esperteza e a bandalheira são o que valem.
Afinal de contas, é impossível imaginar que os senadores que aprovaram
seu nome desconheciam que esse senhor advogava há anos em prol das
empresas de planos de saúde. A “malandragem” e a “esperteza” desse
senhor saltam aos olhos de qualquer um ao sabermos que ele omitiu
intencionalmente tal fato de seu currículo apresentado aos senadores.
Como muitas das coisas inexplicáveis que acontecem em
nosso país; fica difícil buscar argumentos que amparem a aceitação do
nome do advogado para a chefia da agência sem que haja algum “acerto”
por trás disto. Como aceitar um possível desconhecimento dos senadores
da figura pública e notória do advogado e de suas ligações longas e
íntimas com as empresas que terá de fiscalizar?
Sua própria atitude de omitir oficialmente esse
relacionamento do currículo apresentado para a sabatina do Senado não
transmite a ideia de uma postura ética e de lisura na condução de sua
administração de tão importante órgão. O que os nobres senadores fizeram
foi, literalmente, colocar a raposa para vigiar o galinheiro.
Enquanto formos infestados de raposas e espertalhões;
as pequenas mensagens negativas continuarão emanando para a sociedade
fomentando a cultura do “meu primeiro” e o egoísmo hipócrita que recheia
cada ato dos habitantes dessa nação de “malandros otários”.
E você, o que pensa disso?
Fonte Visão Panorâmica
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