OPERAÇÃO ARARATH Ex-secretário que ameaça Maggi e Silval tentou enganar até a PF
CLÁUDIO MORAES
Da Editoria/Folha max
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O ex-secretário de Relações Institucionais do Governo de Mato Grosso,
o executivo Éder Moraes Dias, tentou enganar a Polícia Federal e
atrapalhar as investigações relacionadas a "Operação Ararath", que teve
início em novembro do ano passado em Mato Grosso. De acordo com
documentos sigilosos obtidos pelo FOLHAMAX com
exclusividade, Éder Moraes tentou "redirecionar o foco das investigações
aos seus inimigos políticos, onde ficou patente a deslealdade do
pretenso colaborador".
Em ofício encaminhado ao delegado federal de Mato Grosso Wilson
Rodrigues, o chefe do Núcleo de Inteligência da Polícia Federal em
Brasília (DF), o delegado Guilherme Augusto Campos Torres Nunes, explica
detalhadamente toda "lambança" aprontada pelo ex-secretário de Fazenda,
Casa Civil e Copa nas gestões do ex-governador e senador Blairo Maggi
(PR) e do governador Silval Barbosa (PMDB).
De acordo com o ofício, o procurador-geral de Justiça de Mato Grosso,
Paulo Roberto Jorge do Prado, entrou em contato com o superintendente
da Polícia Federal em Mato Grosso, Élzio Vicente da Silva, informando
que um dos investigados na "Operação Ararath", no caso Éder Moraes,
"estaria interessado em colaborar com as investigações. A época, Paulo
Prado designou o promotor do Gaeco (Grupo de Apoio e Combate ao Crime
Organizado), Marcos Regenold Fernandes, para conduzir a delação premiada
do ex-secretário.
No dia 12 de dezembro do ano passado, foi marcada uma reunião entre o
chefe de Inteligência da PF, delegado federal Dennis Carli, juntamente
com o promotor Marcos Regenold, que informou que Éder Moraes estaria
disposto a "revelar um esquema de desvio de recursos públicos" que
aconteceria em vários poderes de Mato Grosso através de empresas ligadas
aos investigados na Ararath.
No mesmo dia, após 30 minutos, Éder chegou a sede do Gaeco para
participar do encontro. Ele explicou que gostaria de colaborar com as
investigações, desde que não aparecesse como delator do esquema. "Éder
explicou que vai se candidatar nas próximas eleições e não cairia bem
para si, em termos eleitorais a delação", explica.
Já no dia 19 de dezembro do ano passado, Éder Moraes e Marcos
Regenold se encontraram com o delegado Guilherme em frente a um
restaurante em Brasília e os três foram direto para a sede da PF na
capital federal. Neste encontro, Éder entregou documentos que
supostamente seriam provas contundentes contra investigados durante a
"Operação Ararath".
No dia 13 de janeiro deste ano, o promotor Marcos levou novos
documentos que teriam sido repassados por Éder a Polícia Federal. No
entanto, após análise dos dados, a Polícia Federal chegou a conclusão de
que dos documentos repassados eram "antigos, superficiais e desconexos
entre si".
Para o chefe de inteligência da PF, o executivo "repassou dados que
implicavam apenas atuais adversários políticos em tentativa clara de
pautar as investigações da polícia".
Além de tentar direcionar a investigação, Éder Moraes chegou ao ponto
de agendar data para uma suposta delação premiada por parte do
empresário Gércio Marcelino Mendonça Júnior, o "Júnior Mendonça", que
foi o pivô da operação por supostamente comandar um esquema de lavagem
de R$ 500 milhões através de postos de gasolina e factorings. "No dia 20
de janeiro de 2014, novamente este subscritor foi procurado pelo
promotor Marcos pára informar que Éder teria conversado com Júnior
Mendonça e esta pessoa estaria desejosa a vir a sede do DPF para prestar
declarações na condição de colaborador premiado", explicou.
Inicialmente, ficou agendada a delação premiada de "Júnior Mendonça"
para o dia 23 de janeiro, sendo adiada para o dia 24. Neste dia, a PF
montou um imenso aparato de delegados, escrivães e agentes para colher
as declarações do empresário, que não apareceu, sendo que Éder Moraes
telefonou ao delegado para informar que a delação não seria mais
realizada.
No documento, o chefe de inteligência da PF considera que Éder Moraes
"em momento algum desejou colaborar com as investigações". O executivo,
que teve a casa e esecritório invadidos, por agentes da Polícia Federal
na semana passada fez uma série de ameaças ao ex-governador Blairo
Maggi e o atual governador Silval Barbosa, mas tem se mantido calado e
recluso nos últimos dias.
Fonte Folha Max
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