sexta-feira, 10 de outubro de 2014

Nação Nordestina responde aos preconceituosos de São Paulo com poesia



Revista Forum 



O cearense de Alto Santo, no Vale do Jaguaribe, Bráulio Bessa Uchoa, 28 anos, é webdesigner e mantém desde dezembro de 2011 a página Nação Nordestina que hoje tem mais de um milhão de curtidas no Facebook.

Após mais uma demonstração de preconceitos contra nordestinos nas redes sociais, Bráulio resolveu responder poeticamente aos ignorantes sudestinos e também àqueles que mesmo nascendo no Nordeste, fazendo parte da elite, deixam o preconceito de classe falar mais alto e  praticam o auto-preconceito, associando-se ao discurso repleto de ignorância dos seres idiotizados que acham que o fato de nascerem em São Paulo os tornam melhores que os que nascem em qualquer estado do Nordeste.  São Paulo, a maior cidade de nordestinos fora do Nordeste, tem vários destes seres, eleitores de Alckmin, Serra, Aécio e de outras tralhas tucanas.



Fonte: Revista Forum



Por Maria Frô

Sabe o que acho mais bacana?

O nordestino, nascido em qualquer um dos 9 estados brasileiros da região Nordeste, tem capital cultural pra dar e vender. Diante da agressão brutal que sofre de seres limítrofes que acham que nascer em uma região geográfica é categoria de pensamento, capaz de dotá-los de privilégios e poderes superiores em relação aos demais, responde com inteligência, graça e mais cultura. Foi assim que fez Bráulio, no lindo vídeo postado hoje no blog e é assim que o administrador potiguar, nascido em Natal, Filipe Cunha resolveu responder aos preconceituosos que sem o talento de Filipe só podem espalhar ódio. 



SOU NORDESTINO...

Sou nordestino e vi gente sofrer 
Já ouvi histórias que são de doer 
Já vi o gado morrendo de sede
E o seu dono sustentando numa rede 

Já vi a água faltar na cacimba 
E o feijão não brotar no roçado 
Senti o solo bem quente, rachado 
E a alegria com a chuva bem-vinda 

Desculpe “amigo”, o do preconceito 
Sou mesmo estúpido e tenho defeito 
Mas, se não fosse a democracia 
A minha palavra de nada valia 

Assim espero que você entenda 
Meu voto vale o mesmo que o seu 
É uma pena que me repreenda 
E que ache que o errado sou eu 

Mas não me tire o direito de escolha 
Nem quero que você me acolha 
Só peço que respeite minha crença 
E que vote sem indiferença 

E quando vier ao Nordeste 
Serás um cabra da peste 
Iremos sim, te acolher 
Porque esse é o nosso jeito de ser 

Fonte: Revista Fórum 




Leia mais:


 POESIA DE CORDEL

AOS MEUS IRMÃOS: Marcos, Sandra, Lizandra (Lila) ...Com saudade eterna das minhas tias: Sinhá, Raimundinha, Amélia, tio Tônho e a todos meus parentes e filhos da minha terra... 



 O VIOLEIRO!








Nordeste Independente 




 Nordeste Independente

Letra:

Já que existe no sul esse conceito
Que o nordeste é ruim, seco e ingrato
Já que existe a separação de fato
É preciso torná-la de direito


Quando um dia qualquer isso for feito
Todos dois vão lucrar imensamente
Começando uma vida diferente
De que a gente até hoje tem vivido
Imagina o Brasil ser dividido
E o nordeste ficar independente


Dividindo a partir de Salvador
O nordeste seria outro país
Vigoroso, leal, rico e feliz
Sem dever a ninguém no exterior


Jangadeiro seria o senador
O cassaco de roça era o suplente
Cantador de viola, o presidente
O vaqueiro era o líder do partido
Imagina o Brasil ser dividido
E o nordeste ficar independente


Em Recife, o distrito industrial
O idioma ia ser nordestinense
A bandeira de renda cearense
"Asa Branca" era o hino nacional


O folheto era o símbolo oficial
A moeda, o tostão de antigamente
Conselheiro seria o inconfidente
Lampião, o herói inesquecido
Imagina o Brasil ser dividido
E o nordeste ficar independente


O Brasil ia ter de importar
Do nordeste algodão, cana, caju
Carnaúba, laranja, babaçu
Abacaxi e o sal de cozinhar


O arroz, o agave do lugar
O petróleo, a cebola, o aguardente
O nordeste é auto-suficiente
O seu lucro seria garantido
Imagina o Brasil ser dividido
E o nordeste ficar independente


Se isso aí se tornar realidade
E alguém do Brasil nos visitar
Nesse nosso país vai encontrar
Confiança, respeito e amizade


Tem o pão repartido na metade
Temo prato na mesa, a cama quente
Brasileiro será irmão da gente
Vai pra lá que será bem recebido
Imagina o Brasil ser dividido
E o nordeste ficar independente


Eu não quero, com isso, que vocês
Imaginem que eu tento ser grosseiro
Pois se lembrem que o povo brasileiro
É amigo do povo português


Se um dia a separação se fez
Todos os dois se respeitam no presente
Se isso aí já deu certo antigamente
Nesse exemplo concreto e conhecido
Imagina o Brasil ser dividido
E o nordeste ficar independente


Povo do meu Brasil
Políticos brasileiros
Não pensem que vocês nos enganam
Porque nosso povo não é besta



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CARTA ABERTA DE UMA NORTISTA PARA OS SULISTAS 


Publicado em 10 de outubro

Por Fabiana Agra*
 
Meus irmãos sulistas – sim, queiram vocês ou não, somos irmãos, somos filhos de uma nação chamada Brasil, que vem sendo construída há 514 anos – como nortista de nascimento e por convicção, sinto-me obrigada a escrever para vocês após os últimos acontecimentos, em que vimos reacender a mais vil xenofobia endereçada a nós, do Norte e do Nordeste, devido os resultados do primeiro turno das Eleições 2014.

Em primeiro lugar, meus irmãos, não somos nem melhores nem piores do que vocês, somos fruto de um país continental, cheio de diferenças e de contrastes e que, por circunstâncias históricas, nós daqui de cima fomos explorados através de uma colonização vil e de uma política perversa, que retiraram o melhor de nós, que foi usufruído por vocês; sem contar que houve uma imigração planejada para os estados do Sul e Sudeste, onde vocês tiveram a oportunidade de desenvolver-se de uma forma bem mais organizada.

Sim, nós daqui de cima já passamos fome, já fomos muito ignorantes, uma massa de milhões de analfabetos, que vivia das esmolas que os governos anteriores vez por outra mandavam, governantes esses que nunca se importaram em preparar o nosso povo para conviver com as intempéries do clima e nem de diminuir o abismo social em que vivíamos.

Somente após 2002, meus irmãos, é que esse quadro começou a mudar e, hoje em dia, o Norte/Nordeste é também uma terra de amplas possibilidades: seu povo está melhorando de vida, a educação chegou através de dezenas ou até mesmo de centenas de estabelecimentos educacionais federais, obras estruturantes estão sendo erguidas e, se os bons ventos continuarem favoráveis para nós, a geração nascida neste novo século estará em pé de igualdade econômica com vocês, que tiveram a “sorte” de receber a maior fatia do bolo até bem pouco tempo atrás.

Meus amigos sulistas, sinceramente eu não entendo o porquê de tanto ódio direcionado a nós.

Eu nasci e cresci ouvindo dizer que o Brasil era a terra da gentileza, uma nação de povo amigo e hospitaleiro – quer dizer que tal máxima só se aplica para os gringos que aqui chegam para usufruírem das nossas belezas naturais, do nosso clima e, muitos deles, das nossas mulheres e crianças?

Quer dizer que vocês se consideram uma “gente diferenciada” e se acham no direito de tratarem a nós, daqui de cima, como uma “sub-raça”?

Eu gostaria muito de ter esses meus questionamentos respondidos de forma coerente.

Outra coisa: vocês estão alardeando, do Oiapoque ao Chuí, que nós, do Norte/Nordeste, não sabemos votar. Ah, é?

E o que vocês me dizem da votação esmagadora recebida por Tiririca, Bolsonaro, Feliciano, Coronel Telhada e Delegado Olim? Como vocês explicam esses votos tão conscientes e inteligentes?

Quem não sabe mesmo votar, hein? Nós daqui, votamos majoritariamente em Dilma porque somente a partir dos governos de Lula e Dilma a classe mais pobre desse imenso Brasil saiu da linha da miséria, são mais de 40 milhões de pessoas que hoje em dia tem a mesa farta, roupas compradas com o seu próprio dinheiro, e milhares de pessoas que estão tendo a oportunidade de estudar, de viajar, de trocar experiências…

Eu votei e votarei em Dilma, meus amigos sulistas, porque, entre outros avanços, o Brasil não é mais devedor do FMI – pelo contrário, nosso país agora empresta dinheiro –, e caso vocês ainda não saibam, o Brasil saiu do mapa da fome, algo que somente 35 países do mundo foram capazes de realizar.

Pois é, meus irmãos. Eu continuo sem entender o motivo de tanto ódio da parte de vocês – será o stress dessa vida caótica? Pode ser.

Então, para acabarmos de vez com essa coisa horrível, chamada “cultura do ódio”, da minha parte eu perdoo as ofensas gratuitas que recebi nos últimos dias e convido-os a nos visitar.

Venham para cá passar uns dias, garanto a vocês que serão muito bem recebidos! Venham para cá que nós daqui faremos questão de mostrar para vocês o nosso lugar, a nossa gente, a nossa gastronomia. Vocês irão perceber que o Norte/Nordeste é um lugar repleto de encantos e com um povo que sempre foi receptivo – mas que, agora, além de receber bem, também está tendo as mesmas oportunidades que vocês sempre tiveram.

Mas caso vocês não possam dar uma esticadinha até aqui, há outras formas de conhecer a nós, nortistas: basta pegarem uma das milhares de obras escritas por um de nós; vocês irão deliciar-se com os livros de Jorge Amado, Rachel de Queiros, Ariano Suassuna, Graciliano Ramos, João Cabral de Melo Neto, Ferreira Gullar…

E se não gostam muito de ler, que tal ouvir uma boa música daqui dessas bandas? Temos de todos os estilos, de Zé Ramalho, Raul Seixas, Alceu, Djavan, Gil, Caetano, Bethânia, Fagner, a Zeca Baleiro, Ivete, Pitty, Herbert Viana, Chico César, Elba…

Finalmente, sem querer aprofundar-me na política, creio que já justifiquei meu voto para vocês – apesar de desnecessário, faço questão.

Já vocês, meus irmãos, sintam-se à vontade para elegerem quem vocês bem entenderem, o nome disso é democracia. Infelizmente, a escolha de vocês, caso não seja a melhor, refletirá em todo o país que, até o momento, está tomando um rumo certo e confiável.

Ah, ia esquecendo de uma coisa: nós daqui temos a maior admiração pelos jumentos, animais inteligentes e que desde o início da colonização, foram companhia de todos os desbravadores dessa terra. Portanto, eu particularmente, não me sinto ofendida em ser chamada de burra, de jumenta, de maneira alguma. Fiquem à vontade.

É isso, meus amigos do Sudeste/Sul. A nossa bandeira é uma só, e o nosso pavilhão verde-e-amarelo não pode agasalhar esse tipo de ódio pela sua própria gente nem por povo nenhum do planeta! Vamos deixar de propagar essa raiva gratuita, que só faz diminuir moral e eticamente quem a espalha. Vamos sim, ajudar a construir a grande nação que merecemos! Quem se habilita?

* Fabiana Agra é advogada, jornalista, escritora e paraibana com muito orgulho.

Fonte Vi o Mundo


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