Revista Forum
O cearense de Alto Santo, no Vale do
Jaguaribe, Bráulio Bessa Uchoa, 28 anos, é webdesigner e mantém desde
dezembro de 2011 a página Nação Nordestina que hoje tem mais de um milhão de curtidas no Facebook.
Após mais uma demonstração de preconceitos contra nordestinos nas redes sociais,
Bráulio resolveu responder poeticamente aos ignorantes sudestinos e
também àqueles que mesmo nascendo no Nordeste, fazendo parte da elite,
deixam o preconceito de classe falar mais alto e praticam o
auto-preconceito, associando-se ao discurso repleto de ignorância dos
seres idiotizados que acham que o fato de nascerem em São Paulo os
tornam melhores que os que nascem em qualquer estado do Nordeste. São
Paulo, a maior cidade de nordestinos fora do Nordeste, tem vários destes
seres, eleitores de Alckmin, Serra, Aécio e de outras tralhas tucanas.
Fonte: Revista Forum
Por Maria Frô
Sabe o que acho mais bacana?
O nordestino, nascido em qualquer um dos 9 estados brasileiros da região
Nordeste, tem capital cultural pra dar e vender. Diante da agressão
brutal que sofre de seres limítrofes que acham que nascer em uma região
geográfica é categoria de pensamento, capaz de dotá-los de privilégios e
poderes superiores em relação aos demais, responde com inteligência,
graça e mais cultura. Foi assim que fez Bráulio, no lindo vídeo postado hoje no blog e é assim que o administrador potiguar, nascido em Natal, Filipe Cunha resolveu responder aos preconceituosos que sem o talento de Filipe só podem espalhar ódio.
SOU NORDESTINO...
Sou nordestino e vi gente sofrer
Já ouvi histórias que são de doer
Já vi o gado morrendo de sede
E o seu dono sustentando numa rede
Já vi a água faltar na cacimba
E o feijão não brotar no roçado
Senti o solo bem quente, rachado
E a alegria com a chuva bem-vinda
Desculpe “amigo”, o do preconceito
Sou mesmo estúpido e tenho defeito
Mas, se não fosse a democracia
A minha palavra de nada valia
Assim espero que você entenda
Meu voto vale o mesmo que o seu
É uma pena que me repreenda
E que ache que o errado sou eu
Mas não me tire o direito de escolha
Nem quero que você me acolha
Só peço que respeite minha crença
E que vote sem indiferença
E quando vier ao Nordeste
Serás um cabra da peste
Iremos sim, te acolher
Porque esse é o nosso jeito de ser
Fonte: Revista Fórum
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O VIOLEIRO!
Nordeste Independente
Nordeste Independente
Letra:
Já que existe no sul esse conceito
Que o nordeste é ruim, seco e ingrato
Já que existe a separação de fato
É preciso torná-la de direito
Quando um dia qualquer isso for feito
Todos dois vão lucrar imensamente
Começando uma vida diferente
De que a gente até hoje tem vivido
Imagina o Brasil ser dividido
E o nordeste ficar independente
Dividindo a partir de Salvador
O nordeste seria outro país
Vigoroso, leal, rico e feliz
Sem dever a ninguém no exterior
Jangadeiro seria o senador
O cassaco de roça era o suplente
Cantador de viola, o presidente
O vaqueiro era o líder do partido
Imagina o Brasil ser dividido
E o nordeste ficar independente
Em Recife, o distrito industrial
O idioma ia ser nordestinense
A bandeira de renda cearense
"Asa Branca" era o hino nacional
O folheto era o símbolo oficial
A moeda, o tostão de antigamente
Conselheiro seria o inconfidente
Lampião, o herói inesquecido
Imagina o Brasil ser dividido
E o nordeste ficar independente
O Brasil ia ter de importar
Do nordeste algodão, cana, caju
Carnaúba, laranja, babaçu
Abacaxi e o sal de cozinhar
O arroz, o agave do lugar
O petróleo, a cebola, o aguardente
O nordeste é auto-suficiente
O seu lucro seria garantido
Imagina o Brasil ser dividido
E o nordeste ficar independente
Se isso aí se tornar realidade
E alguém do Brasil nos visitar
Nesse nosso país vai encontrar
Confiança, respeito e amizade
Tem o pão repartido na metade
Temo prato na mesa, a cama quente
Brasileiro será irmão da gente
Vai pra lá que será bem recebido
Imagina o Brasil ser dividido
E o nordeste ficar independente
Eu não quero, com isso, que vocês
Imaginem que eu tento ser grosseiro
Pois se lembrem que o povo brasileiro
É amigo do povo português
Se um dia a separação se fez
Todos os dois se respeitam no presente
Se isso aí já deu certo antigamente
Nesse exemplo concreto e conhecido
Imagina o Brasil ser dividido
E o nordeste ficar independente
Povo do meu Brasil
Políticos brasileiros
Não pensem que vocês nos enganam
Porque nosso povo não é besta
Leia mais
CARTA ABERTA DE UMA NORTISTA PARA OS SULISTAS
Publicado em 10 de outubro
Por Fabiana Agra*
Meus irmãos sulistas – sim, queiram vocês ou não, somos irmãos, somos
filhos de uma nação chamada Brasil, que vem sendo construída há 514
anos – como nortista de nascimento e por convicção, sinto-me obrigada a
escrever para vocês após os últimos acontecimentos, em que vimos
reacender a mais vil xenofobia endereçada a nós, do Norte e do Nordeste,
devido os resultados do primeiro turno das Eleições 2014.
Em primeiro lugar, meus irmãos, não somos nem melhores nem piores do
que vocês, somos fruto de um país continental, cheio de diferenças e de
contrastes e que, por circunstâncias históricas, nós daqui de cima fomos
explorados através de uma colonização vil e de uma política perversa,
que retiraram o melhor de nós, que foi usufruído por vocês; sem contar
que houve uma imigração planejada para os estados do Sul e Sudeste, onde
vocês tiveram a oportunidade de desenvolver-se de uma forma bem mais
organizada.
Sim, nós daqui de cima já passamos fome, já fomos muito ignorantes,
uma massa de milhões de analfabetos, que vivia das esmolas que os
governos anteriores vez por outra mandavam, governantes esses que nunca
se importaram em preparar o nosso povo para conviver com as intempéries
do clima e nem de diminuir o abismo social em que vivíamos.
Somente após 2002, meus irmãos, é que esse quadro começou a mudar e,
hoje em dia, o Norte/Nordeste é também uma terra de amplas
possibilidades: seu povo está melhorando de vida, a educação chegou
através de dezenas ou até mesmo de centenas de estabelecimentos
educacionais federais, obras estruturantes estão sendo erguidas e, se os
bons ventos continuarem favoráveis para nós, a geração nascida neste
novo século estará em pé de igualdade econômica com vocês, que tiveram a
“sorte” de receber a maior fatia do bolo até bem pouco tempo atrás.
Meus amigos sulistas, sinceramente eu não entendo o porquê de tanto ódio direcionado a nós.
Eu nasci e cresci ouvindo dizer que o Brasil era a terra da
gentileza, uma nação de povo amigo e hospitaleiro – quer dizer que tal
máxima só se aplica para os gringos que aqui chegam para usufruírem das
nossas belezas naturais, do nosso clima e, muitos deles, das nossas
mulheres e crianças?
Quer dizer que vocês se consideram uma “gente diferenciada” e se
acham no direito de tratarem a nós, daqui de cima, como uma “sub-raça”?
Eu gostaria muito de ter esses meus questionamentos respondidos de forma coerente.
Outra coisa: vocês estão alardeando, do Oiapoque ao Chuí, que nós, do Norte/Nordeste, não sabemos votar. Ah, é?
E o que vocês me dizem da votação esmagadora recebida por Tiririca,
Bolsonaro, Feliciano, Coronel Telhada e Delegado Olim? Como vocês
explicam esses votos tão conscientes e inteligentes?
Quem não sabe mesmo votar, hein? Nós daqui, votamos majoritariamente
em Dilma porque somente a partir dos governos de Lula e Dilma a classe
mais pobre desse imenso Brasil saiu da linha da miséria, são mais de 40
milhões de pessoas que hoje em dia tem a mesa farta, roupas compradas
com o seu próprio dinheiro, e milhares de pessoas que estão tendo a
oportunidade de estudar, de viajar, de trocar experiências…
Eu votei e votarei em Dilma, meus amigos sulistas, porque, entre
outros avanços, o Brasil não é mais devedor do FMI – pelo contrário,
nosso país agora empresta dinheiro –, e caso vocês ainda não saibam, o
Brasil saiu do mapa da fome, algo que somente 35 países do mundo foram
capazes de realizar.
Pois é, meus irmãos. Eu continuo sem entender o motivo de tanto ódio
da parte de vocês – será o stress dessa vida caótica? Pode ser.
Então, para acabarmos de vez com essa coisa horrível, chamada
“cultura do ódio”, da minha parte eu perdoo as ofensas gratuitas que
recebi nos últimos dias e convido-os a nos visitar.
Venham para cá passar uns dias, garanto a vocês que serão muito bem
recebidos! Venham para cá que nós daqui faremos questão de mostrar para
vocês o nosso lugar, a nossa gente, a nossa gastronomia. Vocês irão
perceber que o Norte/Nordeste é um lugar repleto de encantos e com um
povo que sempre foi receptivo – mas que, agora, além de receber bem,
também está tendo as mesmas oportunidades que vocês sempre tiveram.
Mas caso vocês não possam dar uma esticadinha até aqui, há outras
formas de conhecer a nós, nortistas: basta pegarem uma das milhares de
obras escritas por um de nós; vocês irão deliciar-se com os livros de
Jorge Amado, Rachel de Queiros, Ariano Suassuna, Graciliano Ramos, João
Cabral de Melo Neto, Ferreira Gullar…
E se não gostam muito de ler, que tal ouvir uma boa música daqui
dessas bandas? Temos de todos os estilos, de Zé Ramalho, Raul Seixas,
Alceu, Djavan, Gil, Caetano, Bethânia, Fagner, a Zeca Baleiro, Ivete,
Pitty, Herbert Viana, Chico César, Elba…
Finalmente, sem querer aprofundar-me na política, creio que já
justifiquei meu voto para vocês – apesar de desnecessário, faço questão.
Já vocês, meus irmãos, sintam-se à vontade para elegerem quem vocês
bem entenderem, o nome disso é democracia. Infelizmente, a escolha de
vocês, caso não seja a melhor, refletirá em todo o país que, até o
momento, está tomando um rumo certo e confiável.
Ah, ia esquecendo de uma coisa: nós daqui temos a maior admiração
pelos jumentos, animais inteligentes e que desde o início da
colonização, foram companhia de todos os desbravadores dessa terra.
Portanto, eu particularmente, não me sinto ofendida em ser chamada de
burra, de jumenta, de maneira alguma. Fiquem à vontade.
É isso, meus amigos do Sudeste/Sul. A nossa bandeira é uma só, e o
nosso pavilhão verde-e-amarelo não pode agasalhar esse tipo de ódio pela
sua própria gente nem por povo nenhum do planeta! Vamos deixar de
propagar essa raiva gratuita, que só faz diminuir moral e eticamente
quem a espalha. Vamos sim, ajudar a construir a grande nação que
merecemos! Quem se habilita?
* Fabiana Agra é advogada, jornalista, escritora e paraibana com muito orgulho.
Fonte Vi o Mundo
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