Quem governa? Será que a presidente só ouve os “conselhos”, ou leva em conta as indicações do ex-presidente que, segundo o próprio, nunca foi de esquerda.
Joaquim Levy, Nelson Barbosa e Alexandre
Tombini, respectivamente, as indicações para a Fazenda, Planejamento e a
permanência no BC. Os nomes teriam sido “vazados” por fontes do
Planalto. O Brasil votou na esquerda para ser governado por direita.
Por Bruno Rocha
Neste breve artigo, constato o estelionato
eleitoral de um governo que já recomeça contra as cordas e disposto a
ceder quase-tudo para fazer quase-nada. Mesclando notas que saíram na
Folha e na CartaCapital, a lógica da virada à direita na economia seria
inevitável. Vejam a natureza dos gastos, cuja intenção é permitir o
pagamento da dívida pública - maior gasto corrente do orçamento da União
Ao que parece agora saiu a equipe econômica, ao
menos os jornais de envergadura do país deram como certa. O trio de
ferro nas pastas da área econômica, já indicado e supostamente com o
aceite dos operadores é: Joaquim Levy (atualmente executivo do Bradesco,
mas um Chicago Boy de carteirinha e parceiro de trajetória de Armínio
Fraga); Nelson Barbosa (um desenvolvimentista, mas que, segundo os
próprios jornalões, gosta de apertar o cinto nas contas públicas), e,
concluindo, com a permanência de Alexandre Tombini (o mesmo que vem
comandando a alta dos juros da taxa Selic seguidamente) na presidência
do Banco Central.
Entre as medidas que estavam em processo de elaboração estão cortes de despesas com:
- seguro-desemprego
- pensões por morte
- abono salarial.
Tudo isso deve ser para adoçar a boca da indústria, já que a Confederação Nacional da Indústria (CNI) virou come e dorme da Presidência e da Casa Civil. A linha mestra, ainda citando a matéria da Folha (22/11/2014 – assinada por Valdo Cruz), é retomar o controle de gastos – de forma lenta e gradual – para retomar a economia de gastos (visando o superávit primário!) e, segundo o Planalto, evitar a recessão no país.
A manobra é simples. Diante de um emparedamento no front político (institucional), diante do castelo de cartas a ruir com os efeitos prolongados da CPI da Petrobrás – e o andamento da Operação Lava Jato – a meta seria ampliar as concessões. Tal análise é compartida no artigo de Carta Capital, assinado por André Barrocal (datada de 21/11/2014), e é (seria) a síntese do Bismarckismo em sua nova fase. Aumentam as concessões públicas – destravando a infra-estrutura em setores-chave – como em ferrovias, portos e mais aeroportos, o Estado entra com fundos garantidores e o crescimento tem como protagonista o setor privado. Isto é, caso a Polícia Federal (PF) não entre em ação novamente e danifique a imagem e a possibilidade de protagonismo dos setores envolvidos com a alienação de patrimônio mediante contrato (concessões).
Com a sinceridade política e analítica que é característica deste que escreve, fica o questionamento clássico. Quem está tomando estas decisões? Ou, sendo ainda mais direto, a quem a presidente reeleita escuta já que nem Aloizio Mercadante – seu grão vizir anunciado – estaria a favor destas indicações? Logo, o conceito de fundo é a questão clássica da politologia contemporânea: - Quem governa? Será que a presidente só ouve os “conselhos”, ou leva em conta as indicações do ex-presidente que, segundo o próprio, nunca foi de esquerda.
Ainda que não queira mesclar a posição normativa com um tom panfletário, vejo estas decisões como mais do mesmo, a já costumeira posição do PT no governo de fazer campanha por esquerda e governar por direita. Concordando com eleitores de ambos os lados – a quem este que escreve vem escutando regularmente – tal fato caracteriza estelionato eleitoral.
Fonte Estrtégia e Análise
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