Jorge Paulo Lemann é quem
financia o golpismo?
Homem mais rico do Brasil, com US$ 29 bilhões, o empresário Jorge Paulo
Lemann, dono da Ambev, ainda mantém, sob a Fundação Estudar, o domínio
vemprarua.org.br; o responsável pelo movimento, Fábio Tran, continua
como diretor-executivo da mesma Fundação; em dezembro do ano passado,
Lemann falou ao 247, garantiu ser 'apolítico' e disse que tomaria
providências em relação ao caso; texto que viraliza na internet associa
Lemann não só ao 'vemprarua', como também ao recente locaute dos
caminhoneiros; coincidência ou não, o vemprarua, que pretende reunir 100
mil pessoas no próximo domingo pelo impeachment da presidente Dilma
Rousseff, divulgou posts patrocinados no Facebook – por quem??? – em
solidariedade aos 'amigos caminhoneiros'; procurado por 247, desta vez
Lemann não se pronunciou, mas a Fundação Estudar entrou em contato para
informar que Fábio Tran está se desligando nesta semana, apenas três
meses depois que o caso veio a público, e que o domínio está sendo
cancelado; demora em agir causou danos à imagem do bilionário
247 - O executivo
Rodrigo Telles, diretor da Fundação Estudar, que pertence ao trio de
bilionários da Ambev liderado por Jorge Paulo Lemann, e mantém o
registro do domínio vemprarua.org.br, acaba de entrar em contato com o
247. Ele esclarece que o executivo Fábio Tran, responsável pelo
movimento 'vemprarua', que tenta promover o impeachment da presidente
Dilma Rousseff, está se desligando da Fundação. "Esta é a sua última
semana", diz ele.
Em tese, Tran poderia ter sido
afastado três meses atrás, quando o caso veio a público e Jorge Paulo
Lemann se disse indignado com o uso político de sua fundação (leia mais
em "Ao 247, Lemann nega apoio ao impeachment").
O responsável pelo 'vemprarua' permaneceu na fundação mesmo depois da
descoberta de que registrou por lá o domínio porque, segundo Telles,
vinha fazendo um ótimo trabalho. "Ele cometeu um erro, mas não pode ser
crucificado por esse erro", afirmou. Segundo Telles, Tran está se
mudando para Londres.
Telles informa, ainda, que o domínio
está sendo cancelado. "O trâmite é lento e está demorando porque houve
uma mudança no estatuto da fundação", diz ele. Segundo o Registro.br,
órgão responsável pelo registro de domínios no País, um domínio pode ser
cancelado em dois dias úteis.
Lemann garante que jamais permitiria
que sua fundação fosse contaminada por interesses políticos. Mas a
demora em afastar Fábio Tran – que, aparentemente, decidiu se afastar
voluntariamente – e a lentidão para cancelar o domínio causaram danos à
sua imagem pública.
Leia, abaixo, reportagem anterior do 247, publicada, nesta segunda-feira, às 10h:
247 - Em dezembro
do ano passado, pouco depois da derrota nas eleições presidenciais, o
senador Aécio Neves (PSDB-MG) convocou um protesto – ao qual não
compareceu – contra o governo Dilma. Era um ato organizado pelo
movimento 'vemprarua', liderado pelo executivo Fábio Tran, que espalha
mensagens contra o PT e a presidente Dilma Rousseff produzidas até por
personagens com a célebre Rachel Sheherazade (confira aqui a página do movimento no Facebook).
Ainda em dezembro, o site Vermelho,
do PCdoB, realizou uma pesquisa e descobriu que o domínio
vemprarua.org.br estava registrado em nome da Fundação Estudar, do
bilionário Jorge Paulo Lemann, homem mais rico do País, com uma fortuna
de US$ 29 bilhões, em parceria com seus sócios Marcel Telles e Beto
Sicupira, além do BTG Pactual, de André Esteves.
Procurado por 247, Lemann reagiu
prontamente. "Eu não me meto em politica e a Fundação Estudar também tem
que ser totalmente apolitica", disse ele, prometendo apuração rigorosa
sobre o caso (leia mais em "Ao 247, Lemann nega apoio ao impeachment").
Lemann, no entanto, admitiu que "o
Fábio Tran realmente existe na Fundação". Embora tenha prometido
providências, Lemann, aparentemente, nada fez. Em seu perfil na rede
social Linkedin, Fábio Tran informa que sua ocupação atual continua
sendo a Fundação Estudar (leia aqui).
Além disso, uma simples pesquisa no Registro.br, responsável pelo
registro de domínios no País, informa que o domínio vemprarua.org.br
continua em poder da Fundação Estudar.
Foi este domínio, por sinal, que deu
origem à página no Facebook do movimento. Uma página em que diversos
posts de convocação aos protestos vêm sendo patrocinados – ou seja,
pagos à rede social de Mark Zuckerberg para atingir o maior número
possível de pessoas.
A única mudança realizada de
dezembro até agora foi a criação do domínio vemprarua.net, no exterior,
sem identificação de quem é o responsável. É ele, agora, que direciona
para a página do movimento, enquanto o vemprarua.org.br, embora ainda
ativo, e em nome da fundação de Lemann, foi colocado fora do ar.
O apoio ao locaute dos caminhoneiros
Além do registro do vemprarua.org em
nome da fundação que lhe pertence, Lemann também vem sendo acusado, num
texto que começa a viralizar na internet, de ter apoiado o recente
locaute dos caminhoneiros, que provocou desabatecimento e alta de preços
em diversas regiões do País. Trata-se do post "Quem financia campanha do Impeachment e protesto de Caminhoneiros?", escrito por Marcos Lemos (confira aqui).
Lemos lembra, em seu texto, que
empresas controladas por Lemann, como Ambev, Lojas Americanas, ALL e B2W
(antigo Submarino), possuem imenso poder sobre a logística nacional.
Coincidência ou não, em diversos posts, o movimento vemprarua pediu
solidariedade aos 'amigos caminhoneiros' (leia, aqui, o texto de José Augusto Valente, especialista em logística, sobre o movimento político nas estradas).
No texto de Marcos Lemos, ele também
posta um vídeo dos Revoltados Online, em que eles acusam o 'vemprarua'
de ser um 'movimento de empresários'.
Procurado por 247, desta vez, Lemann decidiu não se pronunciar.
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