quinta-feira, 5 de março de 2015

“Preguiçoso”, PSDB quer chegar ao poder via impeachment


( PRIMEIRO ATO ) 

PARA OS COXINHAS MICRO-FASCISTAS QUE PEDEM UM NOVO GOLPE E QUE NÃO ESTUDARAM DIREITO A HISTORIA POLÍTICA DO NOSSO PAÍS, CONHECEREM UM POUCO SOBRE GOLPES E DITADURAS: 



Renato Janine: “Preguiçoso”, PSDB quer chegar ao poder via impeachment

O que o PSDB quer é assumir o poder antes da data constitucional. E a única forma que eles tem para isso é conturbando a vida social e isso é muito complicado até porque eu acredito que o empresariado não queira isso. O empresariado não gosta de Dilma. Há um ano aceitaria Lula de bom grado, hoje o empresariado não quer mais saber do PT. Contudo, não apoiaria a instabilidade.


A Tarde

Titular de ética e filosofia política da Universidade de São Paulo (USP), o professor Renato Janine, que fez palestra no Tribunal de Contas do Estado na ocasião do lançamento do Código de Ética do órgão fiscalizador, falou sobre a difícil situação política atravessada pelo País, com as dificuldades enfrentadas nesse início de segunda gestão pela presidente Dilma Rousseff. Por  outro lado, a oposição centra sua ação nos ataques ao governo sem apresentar um programa alternativo para o país. Janine prega renovação das lideranças políticas, que os governos dirijam  seus programas para o combate à corrupção e o fim da miséria do país. E sugere que Dilma começe a dialogar com a sociedade para superar as dificuldades.

Como a presidente Dilma Rousseff pode sair da crise política?

Estamos numa situação política muito complicada, pois é muito difícil saber o que efetivamente está acontecendo nos bastidores. No Brasil o discurso padrão sobre a política é o do ataque ao adversário como corrupto. O golpe de 64 foi fruto de vinte anos desse tipo de discurso, que é muito parecido ao de hoje contra o PT. Por outro lado, o PT também usou esse discurso na oposição. E uma das críticas que faço ao PT é que ele, uma vez no governo, ter deixado de lado o discurso ético. Ele entregou o discurso ético de bandeja para o PSDB. O slogan de Geraldo Alckmin em 2006, "por um Brasil descente, Alckmin para presidente" jamais poderia ser usado contra o PT antes disso. Então, houve uma inversão de posições pelo qual o PT, que é um partido ético por excelência (tão ético que as pessoas achavam que ele não tinha condições de governar, pois era um bando de lunáticos), se tornou um partido, na opinião de muitos, que se aproximou da corrupção e da desonestidade.

São muitos fatores negativos contra o governo.

Estamos num momento de duas grandes críticas ao governo federal. Uma política e outra policial. A política é: o governo levou a economia a uma situação não sei se crítica, mas complicada. Para fazer a própria política distribuitista do PT, tem que mudar a situação, o que não é uma tarefa fácil. Muita gente considera o governo incompetente pois não soube fazer escolhas e a presidente não dialoga nem delega, ou seja, concentrou demais as coisas nela. A crítica policial é a acusação de desonestidade, sendo que passados quatro meses da eleição, não tem nenhuma acusação precisa contra a presidente Dilma.

Que ela estaria envolvida com a corrupção...

Nada. Você só tem um monte de rumores que você não sabe o que são. Estamos na dependência do que o Procurador-Geral da República vai dizer. Espera-se que ele seja correto, que não faça manipulação de nada. Então, é um situação complicada até porque a oposição está escolhendo um caminho fácil, preguiçoso, que é fazer uma acusação policial. O difícil é a oposição fazer um projeto político, porque a oposição perdeu quatro eleições sucessivas (para presidente) por falta de um projeto político bom, não foi capaz de conquistar a maior parte da população brasileira, mesmo com um gigantesco apoio da mídia, uma campanha enorme de desconstrução do governo petista. Não ganhou as eleições, mas está se comportando como se tivesse vencido, como se não precisasse fazer uma auto-revisão. A preguiça significa "não vamos tentar mudar nada, vamos deixar tudo como esta que o poder vai cair na nossa mão".

Quer o vácuo de poder para entrar...

Hoje o Aécio Neves ganharia. Agora, se o Aécio tivesse vencido a eleição e houvesse novo pleito agora talvez Dilma ganhasse. Ou seja, quem tem o poder tem um desgaste no início do ano. O curioso é que o PSDB na campanha para tirar a Dilma quer tirar já. Ora, ela tem um mandato de quatro anos. É ela ou (Michel) Temer. Ou pior, o (deputado) Eduardo Cunha (presidente da Câmara dos Deputados, o terceiro na linha de sucessão). Há uma ordem constitucional, então não adiante gritar muito. Indo muito longe na denúncia policial, a oposição ao mesmo tempo se dispensa de fazer autocrítica, de fazer um projeto para o Brasil e coloca um risco muito grande, de lançar o Brasil numa aventura. Qual é a aventura? A meta é colocar Temer como uma espécie de Itamar (Franco) contra o PT? Mas o Itamar foi contra o Fernando Collor que não existia, era uma bolha de ar que tinha acusações séries de crimes. Será que o PSDB só chega ao poder pelo impeachment?

Qual deveria ser a linha de ação de Dilma?

A primeira coisa é conversar, tem que dialogar com muita gente. Em primeiro lugar com a sociedade. As medidas, todas, que ele adotou após a eleição foram duras, mas poderiam ser justificáveis. Ela deveria explicar. Por exemplo, "coloquei o Joaquim Levy (no Ministério da Fazenda) não para acabar com as políticas sociais, mas para dar a elas alguma solidez". Ela falou isso "en passant". Ela deveria repetir isso todo dia, dar entrevista a jornalistas, ouvir grosserias, o que fosse tudo isso. No período eleitoral ela cancelou uma entrevista para o Globo News vá lá, porque os caras barbarizaram, estavam passando dos limites, mas hoje ela tem dar entrevista a todo mundo. Tem usar o rádio, explicar. Não basta dizer "agora os ministros que defendam". Os ministros nem sabem o que podem dizer, porque ela desautoriza. Ela precisa ter presença junto ao eleitorado. A esquerda foi decisiva para a eleição dela. Note que nos últimos dias de campanha o discurso que ela mais usou foi o da esquerda, que não foi contemplada no Ministério. Ao contrário, esse ministério é uma lástima.

E além de falar para a sociedade?

Precisa conversar com dois nomes fundamentais o Temer e o Lula. Com esses dois a Dilma conseguiria ter um governo.

O senhor não colocou o Congresso ai...

O Eduardo Cunha é um personagem curioso. É do "baixo clero". Igual ao ex-presidente do Congresso Severino Cavalcanti há dez anos. Eles tem vários pontos em comum. Mas o Cunha é mais resistente. Não vai ser fácil tirar o Cunha. Então é uma situação delicada, mas se ela usar essas duas personagens o Lula, seu criador, e seu vice Temer para negociar em geral, vai conseguir um resultado final melhor que está tendo até agora.

Ao que o senhor atribui o resultado da pesquisa Datafolha sobre o primeiro mês do governo Dilma, em que a corrupção aparece como a segunda maior preocupação do brasileiro, coisa que não ocorreu na campanha presidencial?

Acho que tem a ver à baixa cultura política do brasileiro. Nossa cultura é fraca porque ela não consegue conceber uma razão para um mau governo que não a corrupção. Não concebe que pode ser pela incompetência. E tem muita incompetência, má gestão, escolhas erradas etc. Ou seja, a percepção da corrupção no governo é de um lado essa baixa cultura e de outro a campanha de uma oposição preguiçosa que prefere ficar batendo nessa tecla e terceiro um fato real: as pessoas pagam impostos e sentem pouco retorno.

Houve uma mudança grande nessa percepção da corrupção da campanha eleitoral pra cá?

Não creio. Dilma ganhou numa operação de guerra. Teve que mobilizar tudo para vencer a eleição.  Ocorre que a oposição continuou ofensiva e a Dilma parou de atacar, deixou o campo vazio. O PT tinha uma linha de combater a corrupção e acabar com a miséria. No poder ele parou. Hoje, o conceito de ética na sociedade brasileira é que ética é acabar com a corrupção e não mais acabar com a miséria. Hoje a hegemonia desse combate está com a direita, o PT abandonou isso e deixou todo o campo livre para os adversários.

Existe uma percepção, para alguns saudosistas do regime militar, que na ditadura não havia corrupção como agora. O que o senhor acha disso?

Claro que tinha muita corrupção na ditadura. Havia censura que impedia divulgação dos escândalos. Durante o regime militar ocorreram muitas construções no País, muito gasto de cimento, deve ter entrado muita comissão...Agora, aumentaram  a percepção, a insatisfação com a corrupção e a revolta. 

O senhor acha que o cenário de crise é propício para nova onda de manifestações de rua?

Em 2013 foi imprevisível. Marina (Silva, candidata do PSB à presidência) alega que ela tinha previsto acontecer. Claro que não é possível. Uma explosão desse tipo você não sabe se vai ocorrer. Um dos traços principais é justamente esse não saber o que ocorrer e as consequências. Então, é impossível prever. Ano passado disseram que era seguro e certo manifestações durante a Copa e não houve. Esse tipo de processo geralmente não se repete, mas que há um descontentamento muito grande e difuso há. E o PT se mostrou incapaz de capitanear esse descontentamento que está ai, órfão.

PSDB e outros partidos estão convocando manifestações de rua pró-impeachment. O senhor acha que eles tem capacidade de mobilização?

Pode até ser. Mas o que o PSDB quer é assumir o poder antes da data constitucional. E a única forma que eles tem para isso é conturbando a vida social e isso é muito complicado até porque eu acredito que o empresariado não queira isso. O empresariado não gosta de Dilma. Há um ano aceitaria Lula de bom grado, hoje o empresariado não quer mais saber do PT. Contudo, não apoiaria  a instabilidade. 

E o PSDB parou no tempo...

Vamos pegar o exemplo de São Paulo. Há vinte anos, você tem uma gangorra (José) Serra/ (Geraldo) Alckmin. Ano que vem teremos eleição de prefeito. Vai ser Serra? E em 2018, Alckmin não pode. Será Serra de novo? Eles não abriram espaço pra ninguém, para o Andréa Matarazzo, para José Aníbal que queriam ser prefeitos. O melhor para o PSDB para São Paulo ou para o Brasil era lançar outro nome, mesmo que perca. É preciso criar novas lideranças. Nacionalmente estão com essa brincadeira também de Aécio/Serra/Alckmin. O que pode sair de bom disso, num processo resolvido pelo "dedaço"? Lula apresenta Dilma, o PSDB um desses nomes já conhecidos.

A ética no Brasil só avança com o aparecimento de figuras como o juiz federal Sérgio Moro (da Operação Lava Jato)?

Não acredito que uma pessoa faça uma mudança ética. Acho que isso tem que ser uma coisa mais profunda. Agora, você veja como essa história da Operação Lava Jato está toda partidarizada. Não estou dizendo que é culpa de Sérgio Moro. Mas ele está sendo um herói da direita e uma nêmesis da esquerda. Nem sei quais são as ideias dele, mas Moro equivale um pouco ao Joaquim Barbosa. Tinha um histórico mais à esquerda, foi transformado no papel que atribuíram a Moro. Parece que Sérgio Moro é mais cauteloso, evita aceitar essa adulação da direita, mas é complicado e ai quando surge o caso do HSBC a esquerda salta de alegria: "agora a gente vai poder revidar". Quer dizer, tem os meus corruptos e os seus corruptos. Isso tá ridículo, é uma palhaçada. isso faz parte do desgaste profundo dos dois partidos.

Os tucanos também tem contas a prestar...

O PSDB como partido ético, do Mário Covas, do Franco Montoro acabou. O PSDB tem o Fernando Henrique Cardoso como um líder só de fachada, com  visibilidade, mas pouca efetividade. Fora isso, há a briga das velhas lideranças . Alckmin e Aécio são conservadores de origem e o Serra tornou-se conservador . O PSDB dos direitos humanos, do José Gregori, foi sendo passado pra trás. Na melhor das hipóteses você tem Serra falando de direitos humanos para os humanos direitos. Ou do Aécio que quer reduzir a idade penal.

Fonte A Tarde


(SEGUNDO ATO) - A VOLTA DOS MORTOS VIVOS!

O período conhecido como Ditadura Militar durou de 1964 a 1985. Neste intervalo, vários inquéritos e depoimentos apontaram a tortura física e psicológica como expediente utilizado por membros do governo e grupos militares com o objetivo de controlar a população