quinta-feira, 21 de maio de 2015

ENTREVISTA: Boff defende 'democracia que vem de baixo' e diz que impeachment é 'ameaça vazia'


No 'Seu Jornal', da TVT, escritor e teólogo reafirma necessidade de uma reforma política que limite o poder das 'forças dominantes' sobre o eleitorado 





Entrevista

São Paulo – Em entrevista exclusiva ao Seu Jornal, da TVT, transmitida ontem (20)  e reproduzida abaixo, o escritor e teólogo Leonardo Boff defende para o Brasil um modelo de "democracia que vem de baixo", para além dos limites da representatividade, "em que a população participe, discuta os projetos e ajude a formular uma visão do país". Para ele, frente às atuais desigualdades sociais, a democracia se apresenta mais como "farsa do que realidade". O teólogo diz que "é fundamental fazermos uma reforma política", que garanta a representação popular, já que as forças dominantes, "que nunca deixam de ser dominantes", ocupam todo o espaço do Estado.
 
Boff defendeu a criação de uma lei, aos moldes do que existe em outros países, que obrigue os parlamentares a prestarem contas de sua atuação às bases e que, caso não satisfizer as demandas delegadas pelo povo, possa ter o mandato revogado.

O teólogo diz ver com bons olhos o arranjo político-eleitoral italiano, em que o sistema de votação distrital é combinado com eleições diretas, e existe um corpo de "notáveis da nação", composto por filósofos, sociólogos, teólogos e outros especialistas, que têm assento no parlamento, para ajudar a pensar as grandes questões do país.

Sobre as insistentes ameaças de impeachment da presidenta Dilma por partidos e grupos da oposição, Boff diz se tratar de "mais uma ameaça vazia que os grupos mais radicalizados levantam", e que o ódio propalado por tais eles "tira o véu de uma luta de classes que existe, que eu diria que nem luta era, porque era a vitória total de uma classe contra a outra".


"Esses 36 milhões, uma Argentina inteira, que foram incluídos e saíram da miséria e da fome, estão ascendendo, ocupando os lugares. A empregada está usando o mesmo perfume que a patroa, o mesmo restaurante."

Boff defendeu, ainda, o princípio da igualdade de oportunidade. "Devemos nos respeitar e dar chances para que todo mundo suba."

A segunda parte da entrevista, em que Boff fala sobre o Papa Francisco e a Teologia da Libertação, além de temas ambientais, vai ao ar na edição de hoje (21) do Seu Jornal.

Confira a primeira parte da entrevista do Seu Jornal, da TVT:




Fonte: Rede Brasil Atual


SEGUNDA PARTE: 

Boff diz que 'Deus não quer a pobreza' e defende educação libertadora

No 'Seu Jornal', da TVT, escritor e teólogo diz que reduzir a maioridade penal é condenar as crianças as virarem bandidos e defende a libertação pela educação 

por Redação RBA

São Paulo – Na segunda parte da entrevista exclusiva do escritor e teólogo Leonardo Boff ao Seu Jornal, da TVT, ele diz que a Teologia da Libertação buscou romper com uma visão resignada da fé, que naturalizava as desigualdades sociais. "Nós tentamos fazer a virada, Deus não quer a pobreza."

Para ele, a Teologia da Libertação baseava-se na busca da liberdade pela ação, precedida de conscientização, engajamento e organização.

Sobre a proposta de redução da maioridade penal, que tramita no Congresso, Boff afirmou que significa condenar as crianças a virarem bandidos. "Lançá-los nas prisões é lança-los numa uma escola de bandidagem, onde aprendem tudo o que é possível de ruim."

O filósofo chama a atenção para a importância da educação para a tomada de consciência do povo. "O fundamental é que o governo faça imensas iniciativas para levar ao povo conhecimento, um conhecimento ligado à prática, que melhore a sua vida, sua forma de morar, sua forma de decidir." 

Ligado às questões ambientais, Boff alerta que o aquecimento global, a seca e a falta d'água que afeta o sudeste brasileiro são sinais de que a Terra está doente, como consequência de estratégias equivocadas e modos de produção predatórios. 

Boff destacou, ainda, a importância do Brasil para o equilíbrio do meio ambiente do planeta. "O futuro da Terra passa pelo Brasil porque aqui estão as grandes florestas úmidas, o Brasil é a potência de água doce, é o país que tem mais biodiversidade e tem 600 milhões de hectares de terras cultiváveis. O Brasil pode ser a mesa posta para as fomes do mundo inteiro."

Assista a segunda parte da entrevista de Leonardo Boff ao Seu Jornal, da TVT:





Fonte: Rede Brasil Atual


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