quinta-feira, 11 de junho de 2015

SÓ TU, RIVA?


Até pouco tempo Riva era amado e paparicado pelos colunistas sociais e jornalistas políticos. Muitos desses bajuladores eram pagos com recursos públicos da Assembleia, uma Casa que o “político preso” tinha como sua, e que agora – sob nova direção – repete os mesmos erros de dar as costas ao povo! Riva era amigo de políticos de diversas siglas, magistrados, defensores, advogados, dirigentes de entidades de classe, presidentes de partidos, empresários e – garante ele – até mesmo de alguns promotores de justiça. Agora amarga a solidão do cárcere. Mas não é justo Riva estar só! E quem o ajudou a desviar e gastar os recursos públicos? 




 SÓ TU, RIVA?


Por  Antonio Cavalcante Filho e Vilson Nery*

Conhecendo a falibilidade da natureza humana, as paixões e as dores de cada um, e ainda considerando a utilidade das penas de restrição de liberdade, estávamos em silêncio quanto ao caso. Mas quebramos o jejum, e vamos falar algo em relação ao senhor José Geraldo Riva, réu em centenas de processos nas justiças federal e estadual, por ora um dos presos provisórios do sistema penitenciário de Mato Grosso.

Se estiverem corretos os cálculos feitos pela Secretaria de Justiça e Direitos Humanos – SEJUDH, utilizados para a confecção do orçamento estadual, o preso famoso custa R$ 1.700,00 por mês ao erário.

Mas é injusto que o senhor Riva esteja só e isolado, pagando as dívidas para com a sociedade, ainda que aí o “rombo” causado nos cofres públicos seja somente de uns R$ 60,00 ao dia.

Lembremos que até pouco tempo o político era amado e paparicado pelos colunistas sociais e jornalistas políticos. Muitos desses bajuladores eram pagos com recursos públicos da Assembleia Legislativa de Mato Grosso, uma Casa que o “político preso” tinha como sua, e que agora – sob nova direção – repete os mesmos erros de dar as costas ao povo!

Riva era amigo de políticos de diversas siglas, magistrados, defensores públicos, advogados, dirigentes de entidades de classe, presidentes de partidos políticos, empresários e – garante ele – até mesmo de alguns promotores de justiça.

Agora amarga a solidão do cárcere.

Durante muito tempo nos posicionamos contra os atos do acusado em questão, divergimos da sua forma de gestão, da mordaça financeira que impôs na imprensa local, e da contaminação que o mesmo provocou na política local.

Fizemos a lavagem simbólica das calçadas do parlamento estadual, e idêntica assepsia na entrada da Justiça eleitoral, quando o advogado de Riva, no cargo de Juiz do TRE, fora indiciado pelo Superior Tribunal de Justiça sob a acusação de venda de sentença.

Como derradeira tentativa de manter o poder, antes de deixar a assembleia tentou forjar um concurso público para abrigar uma quantia variável de pessoas (de 400 a 1.200 amigos) mamando nas tetas públicas. Enfrentou resistência do MCCE. E desejou impor a sua “senhôra” no cargo de Conselheira do Tribunal de Contas, o que foi rechaçado por diversas entidades, pelo povo de Mato Grosso, e pelo MCCE.

Mas não é justo Riva estar só! E quem o ajudou a desviar e gastar os recursos públicos?

Por isso, o acusado também tem a chance de obter a sua “mega sena da virada”, assim como fez o doleiro Alberto Youssef, na Operação Lava Jato, e “seu” Mendonça, delator da Ararath, e que agora curte hotéis multi estrelas em Dubai.

Basta entender as previsões da Lei 9.807/1999, que trata da proteção a testemunhas de crimes que resolvem colaborar com a elucidação dos fatos, e a Lei 12.850/2013, que conceitua organização criminosa e traz a delação premiada (colaboração premiada), no inciso I do artigo 3.
Se bem inteligente, o acusado salva algum patrimônio, denuncia parceiros e contribui com a sociedade. Cumpre uma pena menor, depois curte uma vidinha simples, no anonimato, com a sensação de que tem alguma obra boa em seu currículo.

Depois de impor ao povo de Mato Grosso o tal do VLT, ao custo abusivo de um bilhão e meio de reais, obra que causa embaraço ao trânsito da Capital e Várzea Grande, às empresas e ao povo que por ali circula, há quase cinco anos (e que nunca será mais que um amontoado de ferro e cimento!), seria o mínimo que Riva poderia fazer para mitigar os danos que causou.

Pense bem Riva, não fique só!

*Antonio Cavalcante Filho e Vilson Nery são ativistas do Movimento de Combate a Corrupção Eleitoral - MCCE em Mato Grosso.


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