Não é possível ter um diálogo em plano racional com gente que achar
que o problema de 1964 tenha sido o de não matar todos os esquerdistas,
como com os que acham que o problema de Hitler foi não ter exterminado
todos os judeus.
Por Fernando Brito
Nas conversas com amigos, tenho, muitas vezes, tentado reduzir a
irritação com as manifestações protofascistas que se espalham na
internet em memes, posts, videos, com gente estúpida falando coisas que
ofendem a mais primária inteligência humana.
Desde como vão “acabar com o comunismo” que “o PT vai implantar no
Brasil” – é preciso, claro, avisar aos bancos, aos industriais e aos
financistas que estão todo ano, batendo recordes de lucro, para que
parem de aproveitar as vantagens que o país lhe dá – até orações em
porta de quartel pedindo que se retire deles próprios o direito de
votar, há de tudo, para todos os desgostos pátrios.
Ah, sim, tem também a “restauração da moralidade” com Eduardo Cunha, o homem que registrou como sua propriedade domínios de Jesus Cristo na internet, naturalmente precedidos de um shopping, talvez á moda do que pretende fazer na Câmara.
A verdade é que estas pessoas, que sempre existiram em sua
imbecilidade, em geral pacatas e mansas, não são as responsáveis pelo
surto de insanidade que grassa no Brasil.
Há outros, muito mais responsáveis por isso: na mídia, nas
televisões, nas organizações religiosas e, infelizmente, em parte da
própria esquerda, que nunca entendeu que a intolerância com os
intolerantes só nos conduz adiante na louca agressividade que de tudo
toma conta.
Quando se pede ação a um governo de esquerda contra esta situação não
se pede, claro, que se reaja na mesma moeda, nem que ceda diante da
selvageria.
Não é possível ter um diálogo em plano racional com gente que achar
que o problema de 1964 tenha sido o de não matar todos os esquerdistas,
como com os que acham que o problema de Hitler foi não ter exterminado
todos os judeus.
O que acontece de diferente é que a rolha que prendia esta
maldade nas almas em ódio, já há algum tempo se soltou, com a ajuda de
muita gente boa que acha, por outros motivos, que “a rua” é sempre fonte
de sabedoria.
É olhar as faixas, o ódio, a loucura e se verá que não é assim.
O que tirou o gênio mau da garrafa é o que deve ser combatido e isso,
certamente, não ser fará com bravatas, mas com ações de política e de
governo.
Nem mesmo com a necessária exposição das insanidades que tomaram conta destes movimentos.
E da que, provocando e sendo provocada pela loucura, a loucura da oposição que se afunda num radicalismo “impitimista”
O combate, para valer, se dá em dois outros campos: o da ação política e o da intervenção no processo econômico.
No da ação política, não apenas recobrar um mínimo de controle da
base aliada, mas de diálogo com a esquerda não-petista e os setores
progressistas da classe média, recurando a capacidade de, neste meio,
fazer contraponto à loucura geral.
No da ação econômica, produzir sinais – e verdadeiros – de que não se
está capitulando diante das “pressões de mercado”, de que, embora se
esteja disposto a fazer concessões e cortes, não se darão no essencial: a
defesa do patrimônio nacional, da renda do trabalho, dos programas
sociais prioritários.
E, como pensamento reitor de toda estratégia política um fato que há
muito já está evidente e, embora não deva ser encarado como simples
questão “utilitária” na gestão de governo, precisa estar presente em
todos os olhares e decisões estratégicas.
É o de que as eleições de 2018, de alguma forma, recordam as de 1950.
Para desespero dos intelectualóides que não conseguem entender que um
líder não domina um povo, mas encarna suas aspirações, Lula, como foi
Getúlio, é a única porta de saída da escuridão que se abateu sobre a
política nacional.
É sua volta ao poder que dá materialidade à esperança e confiança no futuro.
Fonte Tijolaço
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