terça-feira, 18 de agosto de 2015

Um só coração: a falácia de que ultradireitistas são “exceções” nos protestos.

 
 
 
 
 
 
Assim como ocorreu em abril, ele estava lá, com sua gravata borboleta e sua aparência de vovô bacana.

Carlinhos Metralha, apelido carinhoso do delegado Carlos Alberto Augusto, deu autógrafos, posou para selfies e distribuiu beijinhos no protesto de 16 de agosto na Paulista.

Ex-membro da, vamos dizer, equipe de Sérgio Paranhos Fleury, ele é réu numa ação do Ministério Público Federal, acusado do sequestro qualificado de Edgar de Aquino Duarte, preso em 1971 e “desaparecido” em 1973.

“Quero defender as crianças que ainda não foram doutrinadas”, afirmou ao Valor. Carlinhos aguarda uma intervenção militar.

Não está sozinho, evidentemente. Cartazes pedindo socorro às Forças Armadas havia às dezenas em todo o Brasil. Um vídeo de um repórter chileno em Copacabana dá uma amostra do sanatório geral.

Extremistas não são uma exceção. Aliás, muito pelo contrário. E, no entanto, porta-vozes dos movimentos golpistas ficam — ou fingem que ficam — indignados quando esses monstros são flagrados nas manifestações.

“Pegam meia dúzia de malucos para nos sacanear”, escreveu o líder — todo o mundo é líder, reparou? — de um dos grupos nas redes sociais. É bem mais de meia dúzia e eles sabem disso perfeitamente. A tal pauta única do impeachment, que agora estaria mais clara, é uma balela.

Não havia apenas uma senhora solitária lamentando num cartazete que Dilma não tenha sido assassinada na ditadura.

Não havia apenas um carro de som conclamando a ação do exército. Não havia apenas uma ou duas pessoas sugerindo que Dilma optasse pela renúncia (Jânio) ou o suicídio (Getúlio).

Se estavam lá, foi com a anuência dos sedizentes “esclarecidos”. Se eles não fazem parte da coisa, bastava, primeiro, desconvidá-los ou, em segundo lugar, pedir que se retirassem.

Seria perfeitamente aceitável. Em janeiro, um ato foi convocado em Paris em homenagem aos cartunistas do Charlie Hebdo. A Frente Nacional, de ultradireita, foi dispensada.

Marine Le Pen, presidente da FN, queixou-se de ter sido excluída. Depois, ainda tentou a vitimização.  “Eu não vou aonde não me querem”, declarou. Seu partido organizou uma outra marcha numa cidade a 700 quilômetros da capital.

Não há justificativa lógica para essa conversa fiada da “infiltração” de radicais. Estão todos, espiritualmente, no mesmo caminhão. “Um idiota instruído é mais idiota que um idiota ignorante”, dizia Molière.




Fonte Diário do Centro do Mundo

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