Os ilustres tucanos passaram a apoiar o golpe em nome da ideia de que o “mercado não quer mais a Dilma”. Mas quem é o mercado? Os Andrés Esteves da vida? O BTG Pactual? O Marcelo Odebrecht? A Tim, que derruba as ligações dos clientes para que estes tenham que ligar novamente? As empresas sonegadoras investigadas pela operação Zelotes? Os bancos que extorquem seus clientes? A Samarco? As empresas estrangeiras que não pagam impostos sobre remessas de lucros?
"O momento não é para omissões, pois o impeachment, tal como está posto,
é um golpe e a defesa da democracia não comporta neutralidades. O
impeachment carece de um fundamento jurídico e desta forma, esse
instrumento constitucional, que deveria servir apenas para superar
crises derivadas de crimes de responsabilidade do mandatário supremo da
nação, está sendo degradado à condição de mero instrumento de luta pelo
poder. Abre-se um procedente perigoso para o futuro da democracia, pois
qualquer oposição pode lançar mão desse instrumento para instruir lutas
políticas menores", escreve Aldo Fornazieri, professor da Escola de Sociologia e Política de São Paulo, em artigo publicado por Jornal GGN, 07-12-2015.
Eis o artigo.
Desencadeado o impeachment por Eduardo Cunha, um
exército de analistas políticos e jurídicos se pôs a campo para tentar
desvincular as motivações do presidente da Câmara dos processos e
procedimentos que a tramitação terá nos próximos meses. Cavaleiros da
falsa ciência, esses analistas, ou são idiotas da objetividade, o que é
improvável, ou são manipuladores paratucanos que, em nome de uma
suposta neutralidade, têm a tarefa de construir uma aparência de
legitimidade do futuro governo peemedebista-tucano se o golpe triunfar.
Esses analistas querem esconder que as interpretações que veiculam ou
vendem também são ingredientes da luta política que está em curso. As
suas opiniões não são neutras, assim como não pode desvincular o
impeachment dos sentimentos, dos desejos, das intenções, das ambições e
dos interesses de Eduardo Cunha, do PSDB e de setores do PMDB.
O momento não é para omissões, pois o impeachment, tal como está
posto, é um golpe e a defesa da democracia não comporta neutralidades. O
impeachment carece de um fundamento jurídico e desta forma, esse
instrumento constitucional, que deveria servir apenas para superar
crises derivadas de crimes de responsabilidade do mandatário supremo da
nação, está sendo degradado à condição de mero instrumento de luta pelo
poder. Abre-se um procedente perigoso para o futuro da democracia, pois
qualquer oposição pode lançar mão desse instrumento para instruir lutas
políticas menores.
Presidencialismo não é parlamentarismo. Em que pese todos os erros do governo e de Dilma,
o fato é que ela tem o respaldo das urnas. As avaliações positivas e
negativas da opinião pública e a maior ou menor capacidade de governar
são ingredientes que variam segundo as circunstâncias e as conjunturas. E
se não há ato doloso de Dilma ninguém tem o direito legítimo e constitucional de tirá-la do cargo.
Cunha foi movido por um ato de vingança e por uma
chantagem consumada. Mas a principal responsabilidade pelo golpe
político posto em movimento por ele deve ser debitada ao PSDB que,
inconformado com o resultado do ato soberano das urnas, não aceita a
derrota e vem mantendo a espada de Dâmocles sobre o
pescoço de Dilma desde o início do segunda mandato. Se é verdade que a
atual crise tem falhas do governo como causas, é inequívoco que ela foi
artificializada e agravada pela ameaça permanente de abertura do
processo de impeachment alimentada por Cunha e pelo PSDB. Essa ameaça
foi a fonte de todas as incertezas e essas incertezas espalharam as
chamas da crise e bloquearam a viabilidade do governo e possíveis
soluções para a crise econômica.
Não há como a historiografia não registrar essa conduta golpista de Cunha e do PSDB.
A biografia de muitos ilustres líderes tucanos começou a ser reescrita
desde a semana passada na medida em que passaram de uma posição contra o
impeachment a uma posição a favor do golpe. Começaram a se desfazer do
lustre democrático que ostentavam para assumir a desfaçatez do
oportunismo político. Como se diz, “a ocasião faz o ladrão”.
O PSDB não pode ser isentado também da atitude
anti-povo e contra o Brasil que vem adotando. Sim, porque essa crise
política artificial, que agrava a crise econômica, joga suas
consequências negativas maiores sobre os ombros do povo, gerando
desemprego e outros males, assim como prejudica a economia brasileira
como um todo.
Os ilustres tucanos passaram a apoiar o golpe em nome da ideia de que o “mercado não quer mais a Dilma”. Mas quem é o mercado? Os Andrés Esteves da vida? O BTG Pactual? O Marcelo Odebrecht? A Tim, que derruba as ligações dos clientes para que estes tenham que ligar novamente? As empresas sonegadoras investigadas pela operação Zelotes? Os bancos que extorquem seus clientes? A Samarco?
As empresas estrangeiras que não pagam impostos sobre remessas de
lucros? A elite brasileira que recebe isenções, incentivos e benefícios
fazendo com a carga tributária recaia de forma violenta sobre os mais
pobres? As empresas subsidiadas pelo BNDES? São os
especuladores que ganham dinheiro com a crise? Terá o mercado o
monopólio da soberania popular? Francamente, o Brasil do próximo período
terá que ser o país da radicalização do conflito social, pois a
hipocrisia é despudorada, a enganação tornou-se a regra do jogo e o
sacrifício dos mais pobres chegou aos limites da suportabilidade.
Michel Temer Aderiu ao Golpe?
De fato, o silêncio de Temer sobre o impeachment é
ensurdecedor. Emite sons e alaridos dos desejos da ambição. Emergirá da
figura polida do vice-presidente a fisionomia de Joaquim Silvério dos Reis? A imprensa dá conta de que ele foi afiar os punhais nas pedras de amolar de Aécio Neves, de José Serra e de outras figuras que querem chegar ao poder por atalhos antidemocráticos.
Os idiotas da objetividade e os manipuladores de opinião vendem a ideia de que Temer
organizará um “governo de união nacional”. Será um governo de união
nacional um governo que nasce da conjura de corruptos, de inconformados,
de ambiciosos, de vingativos e de irresponsáveis?
Um possível governo Temer, tudo indica, será de instabilidade provavelmente maior do que um governo de continuidade de Dilma.
Pesará sobre ele a acusação de ilegitimidade. Com o agravamento da
crise econômica e do desemprego, os movimentos sociais afluirão às ruas.
O PT e Lula passarão para a oposição
visando um resgate de sua desgraça. Sendo o PMDB um ator competitivo em
2018, o PSDB guardará uma distância regulamentar e passará para uma
oposição mais acirrada se a crise se agravar. Um governo Temer não conseguirá escapar também das injunções das investigações da Lava Jato.
Os idiotas da objetividade e os manipuladores de opinião acreditam que o programa peemedebista “Uma Ponte para o Futuro”
será a salvação da lavoura. No Brasil a insensatez e a esperteza
políticas difundem a ideia de que programas feitos em gabinetes de
especialistas possam valer alguma coisa. Se valessem, a solução dos
problemas brasileiros seria fácil. Nenhum programa será eficaz se não
tiver enraizamento social, se não tiver fundamento nas forças vivas e
reais da economia, da sociedade, dos movimentos populares, da
intelectualidade, das universidades, das entidades da sociedade civil.
Por onde quer que se olhe, a crise, agravada pelo processo de
impeachment, não terá uma solução fácil e nem tranquila. Esse processo,
tal como foi posto, precisa resvalar para as ruas e reclama o
protagonismo da sociedade civil e dos movimentos sociais. Caso
contrário, se o golpe triunfar, a onda conservadora agredirá as
conquistas sociais e o peso do ajuste será jogado de forma mais
virulenta sobre os ombros dos trabalhadores. Para além disso, é preciso
lutar contra esse processo de ruptura democrática. Usar atalhos não
fundados na soberania popular para chegar ao poder é inaceitável. Usar o
impeachment porque ele está inscrito na Constituição para tirar a presidente Dilma
não lhe garante a legitimidade e nem a justiça. Usar uma lei para punir
um inocente, além de ser um ato injusto, é um ato criminoso.
OS COXINHAS FASCISTAS DO IMPITIMISMO GOLPISTA, JÁ ESTÃO CONVOCANDO OS
SEUS MILITONTOS ACÉFALOS PARA NO DIA 13 DE DEZEMBRO SAÍREM ÀS RUAS PEDINDO
UM GOLPE CONTRA A DEMOCRACIA. MAS ONDE ESTAVAM OS FALSOS MORALISTAS QUANDO
OS GOVERNOS TUCANOS DO PARANÁ E SÃO PAULO BATIAM EM PROFESSORES E
ESTUDANTES? POR ONDE ANDAVAM OS TRESLOUCADOS QUANDO ACONTECEU O MAIOR CRIME AMBIENTAL DA HISTÓRIA, QUE NÃO DERAM UM PIO?
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