Lula foi o primeiro cidadão brasileiro oriundo de uma região pobre do país e da classe baixa a alcançar o posto de Presidente da República. Em seu governo, Lula conduziu, segundo números da Unesco, mais de 40 milhões de pessoas para fora da linha de pobreza e terminou seu mandato com 80% de popularidade. A Rede Globo transmitiu a operação de sua condução coercitiva ao vivo.
O texto abaixo foi escrito por Filipe Galvon,
documentarista e escritor brasileiro radicado na França. Seus trabalhos,
todos gratuitos e disponíveis online, estão disponíveis
em http://vimeo.com/filipegalvon. Seu livro de poesia, Animau, está disponível no site da editora 7Letras.
Por Felipe Galvon
Em 1889, o Imperador Pedro II, monarca popular, foi deposto numa
operação secreta feita para evitar a resistência do povo. Os militares
ligados ao golpe republicano entraram na residência oficial durante a
madrugada e escoltaram à força o velho imperador e sua família
diretamente até o porto, onde um navio já os esperava para levá-los ao
exílio, expulsos do Brasil para sempre. A monarquia deu lugar ao regime
militar ditatorial conhecido como República da Espada, e em seguida ao
período conhecido como República do Café-com-Leite, em que oligarquias
se revezavam no poder sem voto democrático. Um ano antes da sua
deposição, o Imperador Pedro II havia sancionado a Lei Áurea, que abolia
a escravidão do Brasil, contando com forte resistência das oligarquias
brasileiras no Congresso, contrárias à abolição.
Em 1954, o presidente Getúlio Vargas suicidou-se com uma bala no
peito após resistir a pressões pela sua renúncia. Pesavam sobre o
presidente denúncias de corrupção que, embora jamais provadas na
Justiça, eram veiculadas diariamente na grande mídia da época,
notadamente pela voz do jornalista Carlos Lacerda. Um ano antes de sua
morte, Getúlio havia fundado a Petrobras, empresa que instituía o
controle nacional sob a exploração do petróleo e constituía passo
estratégico para a soberania do país. No dia da morte de Getúlio, uma
multidão tomou as ruas da capital, evitando um golpe militar que se
organizava nos quartéis.
Em 1964, o presidente João Goulart foi deposto por uma junta militar
com apoio de segmentos da classe média e de grandes veículos de
comunicação, notadamente do jornal O Globo. Dias antes de sua deposição,
no episódio conhecido como Comício da Central, Jango havia feito
discurso em que anunciava medidas de cunho popular, como a reforma
agrária e a reforma urbana. Em 1965, foi inaugurada a Rede Globo de
Televisão, organização que cresceu durante todo o período do regime
militar até alcançar mais de 95% do território nacional.
Em 2016, Luís Inácio Lula da Silva, presidente mais popular da
história do Brasil, é detido e levado à força para interrogatório, numa
operação realizada às 6 horas da manhã, com efetivo de 200 policiais.
Segundo a Polícia Federal, o objetivo da ação, chamada condução
coercitiva, foi o de evitar confrontos e agitações populares. Contra o
ex-presidente, pesam acusações de corrupção que, embora jamais provadas
na Justiça, são veiculadas diariamente pelos veículos de comunicação –
notadamente os que pertencem ao grupo Globo. Lula foi o primeiro cidadão
brasileiro oriundo de uma região pobre do país e da classe baixa a
alcançar o posto de Presidente da República. Em seu governo, Lula
conduziu, segundo números da Unesco, mais de 40 milhões de pessoas para
fora da linha de pobreza e terminou seu mandato com 80% de popularidade.
A Rede Globo transmitiu a operação de sua condução coercitiva ao vivo.
Fonte Diário do Centro do Mundo
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A partidarização de uma parte do judiciário, a obscena sintonia de véspera da mídia conservadora na lubrificação da opinião pública, bem como o desrespeito às urnas, condensados neste episódio, infestam o ar de qualquer democracia com a carniça inconfundível do velho golpe de Estado.
Contra ele --e contra os que os que o apoiam-- as forças democráticas da sociedade brasileira manifestam a sua indignação e o seu repúdio. E se colocam em vigília permanente para rechaça-lo.
Fórum 21 convoca a intelectualidade brasileira à defesa da democracia, contra o golpe
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