Como se vê, é colossal o abismo que separa a qualidade no trato das questões sociais empregado pelos governos de esquerda e o completo descaso verificado em gestões voltadas para a ideologia classista predominante na direita.
É exatamente esse o maior dos golpes que Michel Temer nos impôs. Obrigar um país que votou por um programa político de esquerda a amargar o que há de pior na direita.
Pedro Golpe e o conspirador e usurpador Michel Temer
Um programa de direita rechaçado nas urnas:
o pior dos golpes impostos por Temer.
Diário do Centro do Mundo
Por Carlos Fernandes
O golpe protagonizado por Michel Temer em conluio com a escória da
política nacional do Brasil não se limita à violação da legalidade do
processo democrático e do estrito cumprimento das normas
constitucionais.
Mais do que cassar 54 milhões de votos ao arrepio da lei, Temer, em
menos de uma semana de governo ilegítimo, deixou claro que não foi
simplesmente a presidenta Dilma Roussef que foi afastada do cargo, mas
também e principalmente, todo um programa de governo tipicamente de
esquerda que a maioria soberana dos brasileiros decidiu por bem
continuar.
Foram os extraordinários avanços sociais alcançados nos dois mandatos
de Lula que permitiram pela primeira vez na história a possibilidade de
alçarmos uma mulher ao mais alto cargo da República. Dilma foi eleita e
reeleita porque representava com justiça a continuidade das políticas
que deram vez e voz aos excluídos históricos dessa nação.
Não é à toa que a imagem da primeira presidente mulher deste país ser
retirada com tanta violência de seu cargo para que tomasse posse a
mais misógina equipe ministerial desde a Ditadura Militar se tornou, aos
olhos do mundo, a primeira grande investida da elite brasileira contra
essa revolução de sexo, raça e classe que esteve em curso nos últimos 13
anos.
A partir daí a direita deu as caras. A cada pronunciamento dado por
um de seus ministros uma conquista histórica é jogada no lixo. Uma a uma
as políticas de inclusão social, de democratização do ensino, de
segurança alimentar, de moradia própria, de saúde pública e de
fortalecimento das instituições democráticas estão sendo severamente
atacadas.
A primeira vítima, claro, foi o Bolsa Família. O ministro do
Planejamento, Romeiro Jucá (PMDB-RR), já informou que o programa de
distribuição de renda que virou um case de sucesso no mundo inteiro
sofrerá uma “grande auditoria”. Leia-se uma drástica diminuição no
número de famílias beneficiadas.
Por sua vez, o ministro da Educação, Mendonça Filho (DEM-PE), um
crítico ferrenho de programas como o PROUNI e o Ciências sem Fronteiras,
apóia agora a privatização dos cursos de extensão e pós-graduação nas
universidades públicas.
Já Ricardo Barros (PP-PR), ministro da Saúde, afirma categoricamente
que o tamanho do SUS precisa ser revisto. Uma frase sua em particular me
chamou a atenção. Disse ele: “Temos que chegar ao ponto de equilíbrio
entre o que o Estado pode pagar e o que o cidadão tem direito de
receber”. Fico imaginando o que seria, na cabeça do ilustre ministro, o
que o cidadão tem “direito a receber” em matéria de saúde pública uma
vez que ele é patrocinado por planos de saúde privados.
E para não ficar atrás, o ministro das Cidades, Bruno Araújo
(PSDB-PE), numa única canetada suspendeu a construção de mais de 11 mil
casas populares do programa Minha Casa, Minha Vida. Habitação para
famílias de baixa renda também não está contemplado nas velhas
diretrizes do governo interino.
Essas são apenas as primeiras medidas, e olha que a lista de absurdos
prossegue. Vão desde as flexibilizações dos direitos trabalhistas até o
retrocesso de incluir igrejas no debate sobre a legalização do aborto,
um tema que exige um Estado verdadeiramente laico.
Como se vê, é colossal o abismo que separa a qualidade no trato das
questões sociais empregado pelos governos de esquerda e o completo
descaso verificado em gestões voltadas para a ideologia classista
predominante na direita.
É exatamente esse o maior dos golpes que Michel Temer nos impôs.
Obrigar um país que votou por um programa político de esquerda a amargar
o que há de pior na direita.
Fonte Diário do Centro do Mundo
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