sábado, 18 de junho de 2016

A MALDIÇÃO DO GOLPE


Opiniões políticas podemos ter várias; opinião democrática é só uma: ou somos a favor da Democracia ou não! Aqui, em terras tapuias e paiaguás, o governador caixeiro-viajante do golpe já sente na pele as dores de ter apoiado o estupro à Constituição e ao Estado Democrático de Direito. 






Por Antonio Cavalcante Filho 



Desde o movimento vivenciado nas eleições de 2014, principalmente em decorrência do “vazio” de esperança que levou a uma abstenção popular altíssima, que estamos denunciando a trama de um atentado fascista contra o Estado Democrático de Direito.

Em 2013, as pessoas já haviam saído para as ruas pedindo mudanças no regime político. Porém, estas não vieram. Mas isso nada tinha a ver com toda essa violência que hoje é dirigida à presidenta Dilma, ou contra um partido político em especial. Esse golpe jurídico, parlamentar e midiático em curso é contra os avanços sociais no Brasil, é para entregarem a Petrobras, o Pré-Sal e o que ainda resta das nossas riquezas aos desenfreados interesses do imperialismo ladrão e, de sobra, ainda evitar que grupos de bandidos, eternos saqueadores dos cofres públicos, vendilhões lesa-pátria sejam presos. Esse golpe é, acima de tudo, contra a Democracia, e é justamente Ela que devemos defender.

Opiniões políticas podemos ter várias; opinião democrática é só uma: ou somos a favor da Democracia ou não!

Mas, o fato é que processos judiciais eleitorais espúrios foram propostos no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para cassar mandato legítimo, o Judiciário tomou partido político em definitivo (briga apenas por salário), a Polícia Federal não escondeu suas preferências, e o Congresso Nacional e as empresas de comunicação, sonegadoras de impostos, paralisaram a administração federal levando-lhe a asfixia.

Os efeitos nefastos do golpe em curso (porque falta o desfecho no Senado) já são visíveis no bolso das pessoas, nas gôndolas de supermercados (alimentos escassos e mais caros), na supressão de direitos, no fim dos concursos públicos, no sucateamento da administração, na reação das massas (manifestações todos os dias em todo o país), dá uma alarmante sensação de que vamos perder o controle de todas as coisas a qualquer momento.

Golpistas são hostilizados por toda parte, nos aeroportos, restaurantes e universidades. A deputada federal Tia Eron (PRB-BA) votou pelo golpe na Câmara e passou a ser hostilizada nas ruas. Quando votou pela cassação do mandato de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) na terça-feira, dia 14, a parlamentar baiana declarou que sentiu a reação negativa por parte da população ao golpismo.

Aqui, em terras tapuias, o governador caixeiro-viajante do golpe já sente na pele as dores de ter apoiado o estupro à Constituição e ao Estado Democrático de Direito. Desatento, não viu perecer a qualidade da prestação de serviços públicos, a sua equipe de “desgoverno” não conseguiu planejar o mínimo, há uma greve de servidores prestadores de serviços do Estado nunca antes vista, e existem movimentos cada vez mais consistentes que defendem seu impeachment.

Seria golpe?

Em Brasília, alguns capitães do mato desse golpismo, descaradamente comandado por “um complô de bandidos”, como Eduardo Cunha, Aécio Neves e diversos deputados que disseram “sim” (ao processo contra Dilma) já caíram na malha da Justiça, e podem ser “comidos” (desculpe a repetição do termo dito pelo delator) a qualquer momento.

O fato é que as pessoas são marcadas pelos seus atos e, às vezes, a própria descendência fica “carimbada” por aquilo que voluntariamente, e solitariamente, os pais praticaram. Filhos, parentes, serão cobrados por ações nossas, ainda que sejam inculpados.

Não sou “igrejeiro”, ainda que tenha vivido parte de minha vida próximo a religiosos ligados à Igreja Católica Apostólica Romana, principalmente ao lado dos defensores da Teologia da Libertação. Então, me socorro de texto bíblico atribuído ao Rei Salomão para buscar entender a existência de uma espécie de maldição 

contra descendência das pessoas que erram (e contra elas próprias).

Diz-se que Salomão estava descontente com um tal de Joabe, que era acusado de cometer malfeitos que desagradaram a Deus. O rei sentencia: “Assim recairá o sangue destes sobre a cabeça de Joabe e sobre a cabeça da sua descendência para sempre”, Reis 2:33.

Creio sinceramente que os defensores desse maldito golpe já começam a pagar pelo grave erro cometido contra a Democracia. Ainda que estejamos a meses de uma eleição municipal, não se vê nas pessoas o ânimo nem o fervor em participar do processo, que pode ser mais um “circo” ou “armação”. Afinal, de que adianta ao candidato eleger-se, quando não há mais a garantia de que permitirão que cumpra o seu mandato?

Tamanho desalento com o processo eleitoral é culpa dos próprios golpistas.

O escritor Joseph Campbell é um estudioso dos mitos e dos símbolos, e no livro “O Herói de Mil Faces” (Editora Cultrix/Pensamento, 1949) ele afirma que as pessoas têm por hábito entender as verdades por meios de simbolismos e imagens. E esta passagem do seu livro cai como luva aos golpistas: “A terra era fria e vazia. Não havia grama, arbustos nem árvores. Não havia animais. Mwuetsi chorou e disse a Maori: 'Como vou viver aqui?' Maori respondeu: 'Eu o avisei. Você iniciou uma jornada no fim da qual morrerá.”

Antonio Cavalcante Filho é cidadão, escreve às sextas-feiras neste blog. E-mail: antoniocavalcantefilho@oulook.com

Fonte RD News

MAS O PEDRO NÃO SABIA?



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