sexta-feira, 17 de junho de 2016

E se Cunha cair?


E agora, se Cunha cair, será que ele faz delação premiada e entrega os “parça”? Quem serão os deputados federais que estão no bolso do Caranguejo? Será que o Presídio Central de Cuiabá receberá novos e ilustres visitantes? 




Por Vilson Nery 


O tipo de política e arranjos de “governabilidade” que pratica o deputado federal Eduardo Cosentino Cunha (PMDB/RJ) não é novidade para quem acompanha os movimentos da gestão pública com um pouco mais de cuidado, e com alguma visão crítica.

Sempre existiram “consórcios” que dominam a administração, e a atuação desses grupos de interesse começa no processo eleitoral, com a farta distribuição de dinheiro e estrutura de campanha para alguns partidos políticos e candidatos que se propõe a fazer o jogo do “clube” ou consórcio criminoso.

Esses grupos de interesse são formados por empreiteiros, fornecedores de produtos e serviços à administração pública, bancos, empresas de comunicação e dirigentes que “se adonam” de partidos políticos. São a parte podre da Democracia, e que se utilizam desses valores tão caros à sociedade para defender privilégios e interesses muitas vezes espúrios.

O deputado Eduardo Cunha não “se fez sozinho”, ele é um produto que foi construído durante quase três décadas, foi fortemente influenciado por empresas de comunicação, sua esposa era funcionária da Rede Globo, foi beneficiado com o processo de privatização que transferiu quase de graça o patrimônio do povo a empresas predadoras. Cunha foi patrocinado por bancos, planos de saúde e empresas montadoras de carros em toda a sua carreira.

A fortuna que foi apreendida em suas contas correntes no Brasil e no exterior por decisão da justiça federal mostra um homem poderoso, com gostos finos, e que usou até mesmo a Igreja Assembleia de Deus para receber propina. O abuso foi tanto que registrou em seu nome o domínio “jesus ponto com”, de modo que até Jesus Cristo e da fé dos evangélicos foi por ele corrompida.

A bancada federal de Mato Grosso é fã de carteirinha do deputado Cunha, salvo raras e honrosas exceções, tudo o que o “Caranguejo” manda “o povo do baixo clero” obedece sem sequer pestanejar.

Diz-se que Cunha “patrocinou” 150 deputados federais, neologismo para os termos corrupção, tráfico de influência e crime comum. Com tanto poder em torno de si ele conseguiu paralisar o país desde o mês de janeiro de 2015, e cumpriu com os acordos com a classe dominante para dar andamento ao Golpe contra a Democracia.

E agora, se Cunha cair, será que ele faz delação premiada e entrega os “parça”? Quem serão os deputados federais que estão no bolso do Caranguejo? Será que o Presídio Central de Cuiabá receberá novos e ilustres visitantes?

Vilson Pedro Nery é advogado em Cuiabá.






Visite a pagina do MCCE-MT