sexta-feira, 24 de junho de 2016

RÉU NA VARA DO CRIME ORGANIZADO GANHA CARGO DE CHEFIA NO GOVERNO


O MCCE pede ainda que o Ministério Público verifique se esta nomeação não está ferindo a Lei da Ficha Limpa estadual (Lei estadual nº 9.644, de 17 de novembro de 2011). 



Preocupado com a falta de divulgação de informações de interesse público, o Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE) apresentou nesta sexta-feira (24/06) uma representação contra o Gabinete de Transparência e Combate à Corrupção, órgão criado em 2015 pelo governo do estado, pedindo ao Ministério Público Estadual (MPE) a abertura de investigações. 


O MCCE identificou potenciais irregularidades, que vão desde a queda no ranking de transparência medido pela Procuradoria Geral da República (MPF), até a nomeação de servidor que responde a ações penais na vara do crime organizado, acusado de cometer o crime de corrupção. 


Na representação levada ao MPE pedindo investigações, consta que Gabinete da Transparência resolveu nomear um servidor que responde pelo suposto cometimento dos delitos de corrupção passiva (ação criminal nº 21461-02.2012.811.0042 - Código 339860) processo que tramita na 7ª Vara Criminal de Cuiabá, ação conduzida pela juíza Selma Rosane Santos Arruda a partir de denúncia da Promotoria Criminal Especializada na Defesa da Administração Pública e Ordem Tributária.


O MCCE descobriu que contra o mesmo servidor foi proposta também uma ação de improbidade administrativa (processo nº 20928-75.2014.811.0041 - Código: 886536) na Vara de Ação Popular e Ação Civil Pública. Ambos os processos, o civil e o penal, estão tramitando em sigilo, uma vez que a Delegacia Fazendária (DEFAZ) baseou suas investigações a partir de interceptações telefônicas (grampos).


O MCCE pede que o Ministério Público verifique se esta nomeação não está ferindo a Lei da Ficha Limpa estadual (Lei estadual nº 9.644, de 17 de novembro de 2011), criada pelo deputado Guilherme Maluf.


O acusado tentou “trancar” o processo no Tribunal de Justiça (Habeas Corpus nº 70741/2013) mas o TJ de Mato Grosso manteve a ação criminal na Vara Especializada Contra o Crime Organizado, Crimes contra a Administração Pública e Crimes de Lavagem de Dinheiro.


Há uma outra situação que o MCCE pediu investigação: em 2015 o Gabinete da Corrupção teria nomeado servidor que mantinha um contrato com a Secretaria de Cidades (SECID) para prestação de serviços de “Assessoramento, Consultoria e Treinamento de Políticas Públicas para o Desenvolvimento de Programas e Ações na Área de Desenvolvimento Regional e Urbano”, conforme publicação no diário oficial (contrato nº 021/2014, DOE nº 26339, p. 25).


Na mesma representação o MCCE pede para que seja instaurada investigação para saber as causas da queda no ranking de transparência. No ano de 2015 Mato Grosso obteve o 3º lugar no Ranking Nacional dos Portais da Transparência, e em 2016 houve uma queda considerável. A média nacional subiu de 3,92 para 5,21, mas nosso estado não acompanhou a evolução, perdendo posições no ranking nacional.