sexta-feira, 3 de junho de 2016

Um trem que não anda


A realidade atual, com sujeira se acumulando nas vidas públicas sem nenhum controle, pondo em risco diário a integridade física de pessoas, milhares de metros de vias interditadas, algumas decisões políticas precisam ser tomadas de imediato, sem medo, e com responsabilidade.



Por Vilson Nery


Já dissemos isso algumas vezes, inclusive defendendo a ideia por meio de artigo divulgado em jornais, blogs e redes sociais, com razoável fundamentação, sobre uma proposta para o VLT. Mas nossas autoridades com poder de decisão e de veto ainda não se pronunciaram sobre qualquer solução e em decorrência dessa inércia o prejuízo experimentado pelo povo de Mato Grosso se avoluma exponencialmente e não há indícios de reversão.

O VLT (Veículo leve sobre Trilhos) é o mico do século. Entendemos que a “operação” VLT deva ser “abortada”, para o bem de todos.

Cremos que o tempo decorrido nos últimos cinco ou seis anos já permitiu que a sociedade se convença de que o projeto original era megalomaníaco, inaplicável para nossa realidade econômica, um exagero em face do percurso planejado, por não atender às grandes demandas dos usuários e impraticável sob o aspecto do custo para os usuários.

É certo que a ideia original do VLT atenderia a dois interesses distintos, mas não antagônicos: de políticos malandros e de empreiteiros matreiros, que sumiram como num passe de mágica (ou seria “Mággico”) e não se pronunciam sobre o caso.

Com essas credenciais era perfeitamente previsível que o projeto não daria certo e não se sustentaria ao longo do tempo, as questões técnicas nunca foram resolvidas a contento, as entidades de fiscalização da sociedade civil, inclusive aquelas com prerrogativas especiais como o CREA (Conselho Regional de Engenharia), não tiveram acesso amplo ao processo de planejamento e execução a ponto de realizar uma fiscalização eficaz.

Assim, um projeto que envolve um custo tão grande, seja em razão do tamanho e do público alcançado, seja no que tange ao custo para os cofres públicos não poderia dar certo.

A realidade atual, com sujeira se acumulando nas vidas públicas sem nenhum controle, pondo em risco diário a integridade física de pessoas, milhares de metros de vias interditadas, algumas decisões políticas precisam ser tomadas de imediato, sem medo, e com responsabilidade.

Já sugerimos que fosse concluído o trecho entre o Aeroporto Marechal Rondon e o Bairro do Porto em Cuiabá servindo de desafogamento do trânsito neste percurso, liberando as demais vias que estão há anos interditadas, inclusive aquelas desapropriações que ainda não se aperfeiçoaram juridicamente (não foram pagas).

Parece que não há no projeto de orçamento estadual para 2017 a previsão para o aporte de novos recursos financeiros para a conclusão do VLT e as despesas por ele geradas, como as desapropriações, por exemplo.

Tudo com um grande pedido de desculpas ao público pagante.

Vilson Pedro Nery, advogado Especialista em Direito Público e Mestrando em Educação pela UFMT.



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