domingo, 10 de julho de 2016

A SOJA OU O FEIJÃO?


Já é passado o momento do governo de Mato Grosso tomar suas decisões e taxar o agronegócio, afastando os incentivos fiscais que drenam os recursos públicos e beneficiam poucos e privilegiados setores, em detrimento às necessidades da grande maioria da população. 




Por Antonio Cavalcante Filho 


Desde 1500, quando os “descobridores sanguessugas” do Brasil aportaram por aqui, fizeram uma única opção: a de que por todos os séculos e séculos prestigiariam com o poder a si mesmos. Para isso, não se importariam em escravizar e assassinar, levando quase ao extermínio os legítimos filhos dessa terra.

Após cinco séculos de dominação, seus descendentes, ainda esfomeados por poder e riquezas, controlam a tudo e a todos, como se o Brasil inteiro fosse sua propriedade particular. Enquanto nós, “cidadãos comuns”, meros escravos assalariados.

Isso se evidencia, quando, ainda hoje, percebe-se por parte dessa casta de vampiros, extremamente corrupta e egoísta, a total manipulação da política e de setores importantes da economia, na articulação e na aplicação de mecanismos de defesa e de proteção dos seus próprios interesses, que nada tem a ver com os interesses do universo social, tais como, a taxação ou exoneração de tributos, como forma de “alavancar o desenvolvimento de algumas regiões”, segundo eles.

O problema é que isso provoca reflexos, além do simples movimento da balança comercial, aumentando, por um lado, cada vez mais privilégios para uns poucos, e, por outro, ampliando vergonhosamente a injustiça social que, de golpe em golpe já se arrasta há centenas de anos.

Uma dessas decisões das oligarquias semifeudais do Brasil – que têm a ver com o agronegócio - vem trazendo preocupação às famílias e a tendência não é nada alentadora. Trata-se do aumento do preço dos produtos da cesta básica, puxada pelo aumento do feijão, e com outros alimentos que já apresentam tendência de variação de preço ao consumidor.

Afinal, a alta do feijão é culpa do clima? E o preço da soja, inclusive a isenção de tributos (federais e estaduais), beneficia a produção de alimentos do país e teria alguma relação com o aumento do custo dos alimentos básicos?

A pergunta é de difícil resposta, mas, vamos apresentar algumas informações que julgamos interessantes, inclusive para que os governos possam refletir sobre a taxação do agronegócio, que direcionam sua produção para fora do país, e planejar a isenção de tributos para o nosso arroz e feijão de cada dia, melhorando a vida das pessoas.

Segundo a Confederação Nacional da Agricultura (CNA), o efeito climático é o principal causador da queda na produção de feijão no Brasil, tendo impacto na formação dos preços. Segundo a entidade, o Brasil produz em média de 3,3 a 3,5 milhões de toneladas de feijão por ano, e os brasileiros consomem 3,3 milhões. O consumo está bem próximo ao limite da produção, sobrando pouca margem para as emergências. Qualquer desequilíbrio, como o agora visto, se revela devastador.

Uma outra causa, que pode justificar a alta do preço, vem de questões econômicas, já que o preço mínimo do feijão não foi reajustado em 2015 e os valores da soja e do milho estão mais atraentes e lucrativos aos grandes produtores.

A soja é, de longe, a mais importante de todas as oleaginosas produzidas no Brasil. Sua expansão se verifica a partir de 1951, com a primeira “Campanha da Soja”, e, desde então, apresenta crescimento constante em virtude da demanda crescente. Segundo os estudiosos da área, na medida em que o Brasil diminui a resistência ao uso de agrotóxicos (neologismo para venenos, pesticidas etc.), e permite livremente a utilização de sementes transgênicas, acaba se tornando um espaço importante para a expansão da cultura.

Historicamente, alguns fatores contribuíram para despertar a procura pela soja. O principal deles foi a mudança na política agrícola, que recebeu atenção do governo, principalmente com a concessão de subsídios.

Como, por exemplo, a Lei Kandir (Lei Complementar federal nº 87/1996). A citada norma teve como mote estimular os setores produtivos que se dedicam à exportação, de modo a favorecer o saldo da balança comercial, como resultado da desoneração fiscal, que pode ser contabilizada como redução nos custos de produção destes setores.

Isto quer dizer que se trata de uma medida para tornar os bens e serviços comercializados mais competitivos no mercado internacional. Defensores dessa política acreditam que a desoneração do ICMS das exportações de produtos primários (soja, por exemplo) e semielaborados, tende a resolver algumas distorções resultantes da tributação sobre segmentos produtivos.

Segundo a previsão da lei (LC 61/1991), entende-se por produtos semielaborados aqueles que resultem de matéria-prima de origem animal, vegetal ou mineral, sujeita ao imposto, quando exportada “in natura”; aquele, cuja matéria-prima de origem animal, vegetal ou mineral, não tenha sofrido qualquer processo que implique modificação da natureza química originária; e aquele, cujo custo da matéria-prima de origem animal, vegetal ou mineral represente mais de 60% do custo do correspondente produto apurado, segundo o nível tecnológico disponível no País.

O problema é que estamos numa encruzilhada: se o governo incentivar a produção de “commodities”, como a soja, acaba por desmotivar os agricultores a cultivar o feijão, por exemplo. E, sabe-se que os benefícios fiscais concedidos ao agronegócio beneficiam poucos agentes da cadeia produtiva, a começar pelas grandes multinacionais que comercializam sementes, venenos e máquinas e implementos agrícolas. Sem esquecer dos grandes fazendeiros e suas reluzentes camionetes importadas.

Já é passado o momento do governo de Mato Grosso tomar suas decisões e taxar o agronegócio, afastando os incentivos fiscais que drenam os recursos públicos e beneficiam poucos e privilegiados setores, em detrimento às necessidades da grande maioria da população.

Não é da natureza do capitalismo ser solidário, e sua atuação tem relação estreita com este assunto por nós aqui tratado. Lembremos que havia uma grande loja de móveis aqui em Mato Grosso, que, durante muitos anos, recebeu polpudos incentivos fiscais do governo, e, ao mesmo tempo, distribuía dinheiro em algumas campanhas eleitorais (semelhante ao que ocorre na Operação Lava a Jato). Na primeira oportunidade, já enriquecido, o empresário vende sua “lojinha” (agora uma grande rede) a uma corporação com sede fora do Estado de Mato Grosso.

Temos que fazer a opção: ou taxamos o agronegócio, ou deixaremos de ter feijão e outros alimentos básicos em nossa mesa. É bobagem pensar que o agronegócio mudará de local de atuação, emigrando para outras regiões.  As terras férteis e água em abundância (por enquanto) estão em Mato Grosso.

Não dá para fechar essa matéria sem tratar dos pequenos produtores, agricultura familiar e reforma agrária. Tema que ficará para uma próxima. Portanto, encerro por aqui com as seguintes interrogações: até quando vamos continuar engordando os bois estrangeiros, enquanto o arroz e o feijão se escasseiam na mesa dos brasileiros? Enfim, a soja ou o feijão?

Antonio Cavalcante Filho, cidadão, escreve às sextas-feiras neste blog. E-mail: antoniocavalcantefilho@outlook.com

Fonte RD News


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