sábado, 2 de julho de 2016

O TERROR COMO TÁTICA DE GESTÃO


A ideia de usar a polícia, as pressões, intimidações e o terror como ferramentas de gestão não deu certo na Alemanha, e nem daria em nenhum outro local do Planeta Terra porque o povo se revoltaria. Todavia, pelo que parece, Mato Grosso vem se transformando a passos largos numa espécie de laboratório para esta forma de gestão. 







Por Antonio Cavalcante Filho




Temos vivido dias instáveis por estas paragens pantaneiras. A sociedade ansiosa quer saber do desfecho final da luta pelo pagamento do RGA (Reajuste Geral Anual) - um direito já incorporado na esfera de benefício dos trabalhadores do serviço público, mas que está sendo sonegado pelo atual governo neoliberal do PSDB, que tenta, a todo custo, implantar por aqui a sua política de privatizações, arrocho e retiradas de direitos dos trabalhadores e, é claro, da população mais pobre.


Mas, o povo por aqui não é mais “bobó cheira-cheira”. Sabe-se até que os R$ 600 milhões no bolso dos servidores públicos irão direto para a roda da economia. Todavia, ainda há coisa pior  porvir: a punição de quem protesta legitimamente.


E isso me faz lembrar de Adolf Hitler, que usava a propaganda para convencer aos patrícios de sua superioridade, e se valia da violência e das ameaças como forma de governar e aterrorizar. De início, ele até gozava da simpatia da massa, que ainda sofria a derrota da guerra, a crise econômica e a humilhação imposta pelo Tratado de Versalhes.


No livro Mein Kampf (Minha luta), de Adolf Hitler, entre delírios, o ditador busca uma curiosa explicação para a origem da raça ariana. Hitler escreveu, por exemplo: “A raça que mais manifestou o caráter superior e arrogante dos Arianos de Lira foram os Maldequianos de nosso Sistema Solar, a raça que habitou o 5º planeta de nosso sistema, o chamado planeta amarelo por alguns ocultistas”.


Parece até coisa de esotéricos e hippies teosofistas, mas não é.


Era delírio de um insano que acreditava no que dizia, e convenceu muita gente de seu ponto de vista, tanto que, após a depressão de 1929 (crise mundial) e a humilhação do Tratado de Versalhes, o povo alemão permitiu que ele assumisse o poder e implantasse um reino de terror.


Em outra passagem do livro consta: “Mesmo nessa época, Hitler e Himmler não se conheciam, pertenciam a lugares diferentes e classes sociais distintas, porém, ambos estavam com ideias sobre como direcionar o povo ou parte das massas populares a um movimento radical contra a situação política e econômica dos países arianos”.


O tal Himmler tornou-se amigão de Hitler e viria a chefiar a SS, a temida polícia secreta nazista. Foi Comandante do Exército de Reserva e General Plenipotenciário para toda a administração do Reich e responsável pela tortura e morte de 14 milhões de almas.


A ideia de usar a polícia, as pressões, intimidações e o terror como ferramentas de gestão, não deu certo na Alemanha, e nem daria em nenhum outro local do Planeta Terra, porque o povo se revoltaria. Todavia, pelo que parece, Mato Grosso vem se transformando, a passos largos, numa espécie de laboratório para esta forma de gestão.


O governador Pedro Taques iniciou o mandato em janeiro de 2015, e trouxe consigo um coletivo respeitável de promotores de Justiça e delegados de Polícia para cargos de confiança. Porém, o único efeito conhecido foi o desfalque nas equipes da Delegacia Fazendária, braço operoso e qualificado da Polícia Civil de Mato Grosso.


Muitas mudanças foram feitas, mas no Detran foi para pior (a centralização do atendimento), na Secretaria de Meio Ambiente há um desarranjo respeitável. E o Intermat continua o “de sempre”. Com todo respeito, gerir as peças de um inquérito ou de uma ação penal é bem diferente que administrar um órgão prestador de serviço à sociedade.


Os “clientes” aqui são pessoas bem diferentes, que exigem, com toda razão ser tratados como cidadãos, e não como delinquentes, ou alguém que precisa ser admoestada. Lá na Alemanha Nazista de Hitler e de Himmler, já vimos no que deu essa prática. Aqui, no Brasil, no período da ditadura, vimos também os órgãos públicos serem “dirigidos” policialescamente por militares. Nem mesmo o Ministério da Educação, entre tantos outros, escapou dessa malfadada sina.


Confesso que essa tática “meganha” (policialesca) de gerir a coisa pública traz algumas preocupações. Quando vejo aquele caminhão da Polícia Civil monitorando grevistas em frente à Assembleia Legislativa nada de bom me vem à mente.


É desse modo que devem ser gastos os recursos da segurança pública? E olha que os “alvos” da política “meganha” são apenas trabalhadores e trabalhadoras em conflitos por salários. São pais e mães de família reivindicando seus direitos. Enfim, são pessoas de todas as idades exercendo a sua cidadania.


Esta semana recebi a informação de que dois servidores da gloriosa Polícia Militar passaram a responder a processos disciplinares pelo simples fato de exercerem o direito constitucional de crítica, pedindo o pagamento do RGA e condições decentes de trabalho. 

Triste.


E, ao que parece, mesmo que a forma “meganha” de fazer a gestão pública não conste em nenhum Manual de Administração, existem novos alvos em perspectiva. Vem mais PAD (Processo Administrativo Disciplinar) por aí. A história se repete, como tragédia e como farsa.


Antonio Cavalcante Filho, cidadão, escreve às sextas-feiras neste blog. E-mail: antoniocavalcantefilho@outlook.com

Fonte RD News


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